Se Deus é por nós, quem será contra nós?

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- Sabe, vocês deviam fazer isso mais vezes. Só vão da escola para casa, da casa para o culto... Faz bem tomar um pouco de Vitamina D, respirar a maresia...

Aquela fala good vibes de Jennie Kim combinava perfeitamente com o cenário que compartilhava com as duas amigas, sentadas em um banquinho de madeira do jardim da orla da praia, com vista direta para o mar. O sol se punha às montanhas, na direção oposta, atrás daquele mar de prédios, a brisa fresca que soprava do oceano, o areão escuro, quase vazio de pessoas, as ondas quebrando no horizonte, um ruído bastante agradável... Não tinha outra sensação a não ser a de paz. Ainda mais podendo aproveitar de um picolé geladinho, no calor que ainda fazia em pleno fim de abril.

- Só tô sentindo cheiro do canal ali do lado, na real. – Irene deu de ombros, tirando o seu sorvete de morango da boca para tal.

- Caralho, mas tu consegue acabar com o clima de tudo também, viu? – Yeri reclamou, fazendo o mesmo com o picolezinho de uva dela.

- Já disse para não ficar falando palavrão porque, além de ser feio, vira vício de linguagem. – A Bae rebateu para a Kim mais nova e Jennie, que se sentava na ponta oposta, riu da interação rotineira entre as duas.

- Gente, relaxa... Imagina que tem umas gaivotas cantando ou sei lá, não um monte de pombo procurando resto de pastel na areia... – Jennie propôs o seu exercício de meditação e paz ao fechar os olhos. Foi a única, porém. Yeri estava mais ocupada dando uma mordida grande em seu sorvete, para verificar se tivera a sorte de conseguir um palito premiado, enquanto Irene torcia o nariz para a quantidade nada ideal de pombos a voar sobre as cabeças das pessoas. Pelo menos o céu estava bonito.

É, dava para entender aquele momento paz e amor da Kim e apreciar o som das ondas um tempinho, se não fosse por...

- KANG SEULGAY!

Se não fosse por gente sem noção gritando sabe-se lá o que lá na areia. E se, de repente, o "sabe-se lá" o quê não tivesse começado a fazer sentido aos ouvidos da Bae, que olhou em direção aos dois serem humanos que estavam a uns metros à frente e forçou os olhos ao tentar identificá-los. Havia a que estava sentada em baixo do guarda sol, sobre os chinelos, trajando camiseta e shorts pretos - tipo, quem vai todo de preto para a praia? -, com os cabelinhos curtos revirados pelo vento. Outra em pé, logo ao lado, shorts jeans, a parte de cima de um biquíni e um coque. Ambas de costas, mas a que estava em pé acenava com os braços e gritava em direção à água.

- VAMO EMBORA, OH, PINTO MOLHADO!

Só podia ser brincadeira...

Mas não era. Era Seulgi mesmo quem saía do mar e vinha correndo em direção às amigas, com um camisetão branco molhado, como se não pudesse ter esperado tirá-lo para poder entrar no mar; encharcada como se tivesse acabado de levar o maior caldo, dum jeito que muito provavelmente até os cabelos pingavam.

Irene esperava que a classe inteira não tivesse decidido ir à praia no sábado, ou seria o fim do retiro espiritual de Jennie Kim.

- Oxe, aquelas ali não são as amigas novas da Irene? – E não demorou para a própria Jennie perceber, pelo barulho, e logo apontar na direção do trio que então desmontava o guarda-sol. Bem, Joyce pegou as roupas que estavam penduradas nas arestas e Seulgi o tirou da areia. Wendy só continuou sentada, mesmo.

Irene preferiu permanecer calada após aquele comentário.

- São, mesmo. – Yeri arregalou ligeiramente os olhos após encontrá-las, ao olhar na direção em que a outra Kim apontava. Logo a caçula franziu a testa, porém. – É impressão minha ou a Seulgi tá ameaçando a Joyce com o guarda-sol como se fosse o cajado do Avatar?

Livrai-nos do mal, amém!Onde histórias criam vida. Descubra agora