- A menina é de Rio Branco? Tipo São Vicente, né?
O questionamento de Joyce veio logo após o anúncio da atividade em grupo proposta pelo professor de Biologia: um extenso questionário sobre biologia das plantas, que tinha como base uma unidade inteira da apostila. Sim, teriam cinquenta minutos para encontrar respostas para vinte perguntas, respostas que estariam distribuídas entre sabe-se lá quantas páginas. Professor meio sem-noção? Meio sem-noção. O triozinho parecia ter pressa de entregar a atividade a tempo? Não parecia.
- Foi o que eu tava pensando, porque, tipo, foi a primeira coisa que eu pensei. – Wendy concordou com a cabeça. Só não parecia animada. – Aí, né, fui chamar pra gente sair qualquer dia, pra gente poder se conhecer e tal, e adivinha? Ela é sim, de Rio Branco, mas do fucking Acre!
- Que? – As sobrancelhas de Seulgi se ergueram na mesma hora em que Joyce jogou o corpo para trás, quase morrendo de rir. – Mas, como assim, faz quanto tempo que cê conversa com a menina e não sabia que ela era de outro estado? E o DDD?
- A gente tava se falando só por dm! Na verdade, ela tinha dito que era do Acre uma vez, mas eu pensei que fosse zoeira, por ser do Rio Branco e tal! – Wendy tentou se defender, mas não que tivesse adiantado de muita coisa. Joyce riu ainda mais de sua cara e Seulgi a olhava, provavelmente a julgando em silêncio, mas parecia um pouquinho comovida com a sua história. – Eu tô quase desistindo da minha vida amorosa, sério, acho que nesse mundo não há mulher pra mim...
- Ai, miga, sério que cê vai sofrer por web paquera? – Joyce falou ao ver a outra toda brocoxô, apoiando as bochechas salientes em uma das mãos. – Por isso que eu não entendo sapatão, cês sofrem por tudo. Mano, mulher no mundo não falta, e outra, vai que era tribufu por trás de foto de personagem de série? Tu pode estar não perdendo nada!
- Mas eu já disse que não ligo pra aparência, e sim pra um bom coração. – Wendy argumentou, muito que séria, erguendo as sobrancelhas e arregalando os olhos para reforçar seu ponto.
- Ah, tá bom, cardiologista. – Joyce fingiu concordar com a cabeça e Seulgi nem fingiu não rir da Son, para ajudar a destruir o orgulho próprio da coitada. – Sabe do que tu tá precisando? Novos ares. Fica caçando no mesmo lugar, de lixão só sai chorume.
- Oh, falando nisso, sabe quem eu encontrei faz um tempinho, dizendo que tava com saudade de marcar uns rolês? – Seulgi emendou um assunto, o que, por sorte, livrou Wendy de mais humilhações. Só por isso a Son não ligou de ter seu momento de desabafo interrompido. – Luana, ela perguntou de ti.
- Luana eu recomendo, Luana só me marca em festa top. – Joyce até fez um joinha, o que junto com top e marcar, muito provavelmente em Facebook, transformava a Park na personalização da heterossexualidade todinha. – Pois chame ela sim, aproveita e arrasta a Seulgi junto. Cês duas tão soltando mais teia do que o Homem-Aranha.
- Eu vou fingir que não ouvi isso. – Wendy, de fato, não ria nem um pouquinho, junto com as outras duas. Tipo, Seulgi tinha noção de que Joyce havia tirado sarro dela também, não tinha? – Tirando a parte de chamar a Lu e arrastar a Seul, talvez eu faça isso.
- Eu passo. – Seulgi negou com a cabeça em resposta, fazendo Wendy franzir a testa para o que a Kang dissera logo em seguida. – Não tô em clima pra festa, não.
- Por que não? Melhor jeito de superar pé na bunda é enchendo a cara. – Joyce deu de ombros. Wendy ficou sem saber se deveria rir desacreditada ou fazer um facepalm. Meio que ficou com as duas opções.
- Que pé na bunda? – Seulgi franziu a testa ao entreolhar as amigas, que juraram de pé junto que aquilo se tratava de Seulgi se fazendo de desentendida outra vez.
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Livrai-nos do mal, amém!
FanfictionIrene Bae fazia um esforço real para ser a cria perfeita que todos os fiéis de sua igreja desejavam ter. Filha única de uma mãe divorciada, Irene fazia de tudo para sair por cima dos maus olhares que ambas recebiam. Tinha seus valores e normas morai...