P.O.V Noah
Já fazem algumas horas que Any saiu e ainda não voltou. Neste tempo, apenas fiquei olhando pela janela, na direção da lua e atento a qualquer movimentação na rua na esperança dela voltar. Mas isso não aconteceu, Anyelly não voltou, e o mais provável é que não volte.
Sem dar por mim, me encantro sentado no chão, olhando para a lua e apenas deixando as lágrimas rolarem sobre o meu rosto. A minha pequenina foi embora, e talvez tenha sido para sempre. Suspiro.
[....]
A lua está desaparecendo e o sol já nasceu. Sem nenhuma vontade, me levanto do chão e visto alguma peça de roupa que peguei no armário sem nem olhar antes. Levanto, vou ao banheiro fazer as minhas higienes pessoais e ouço barulho no quarto dos meus pais.
Eles tinham acordado.....
Me apresso a lavar os dentes e saiu para o corredor. Me deparo com uma cena que de certa forma torna tudo mais real. A minha mãe segurava um papel, com a mesma caligrafia impecável que a carta que eu recebia ontem tinha. Era a letra de Any, e provavelmente era uma carta de despedida também. Mas ao contrário de mim, a minha mãe não mostrava tristeza, raiva, dó, ou culpa, ela estava.... Sorrindo (?)
Me aproximo dela e passado um pouco chega o meu pai. Nos mantemos em silêncio enquanto o meu pai retira a carta das mãos da minha mãe e começa a ler. Nele eu não pude notar qualquer expressão, mas rapidamente essa face sem emoção transpareceu um sentimento de culpa.
- Mãe? O que vamos fazer?- falo preocupado contendo as lágrimas.
- Fazer? Nada, essa vagabunda quis sair de casa, problema dela, na verdade, melhor assim, já não aguentava aquele chorinho fingido dela todas as noites- ela faz uma cara de nojo e depois se vira para o meu pai- marque entrevista para empregada de casa para amanhã querido, sem aquela peste aqui em casa, não vou ser eu que vou limpar de certeza- ela faz mais uma cara de nojo e desce as escadas. Eu apenas fico olhando sem reação e ainda pasmado com a atitude da minha mãe.
- Pai?- falo baixo com uma voz fraca engolindo seco.
- Eu sinto muito filho- ele suspira- sua irmã neste momento já não deve estar entre nós- ele fala com uma voz fria porém no fundo sei que também sentiu algo de ruim por dentro.
- ela não pode pai, a minha pequena não pode ter.....-engolo seco- se matado, pai, ela é forte... Ela não pode....- engolo as lágrimas e ele me interrompe antes que eu possa continuar.
- Você tem que ver a realidade- ele fala agora com uma voz firme e fria- Any morreu, ela não existe mais. Amanha iremos reportar a morte dela ás autoridades explicando a situação do suicídio. E você tem que aceitar isso.
- Mas pai, ela não pode, eu sei que não seria capaz, não sem antes se despedir de mi....- ele volta a me interromper.
- Mas nada, ela já não está aqui. Siga a sua vida, e se vai continuar a falar desse assunto, pode ir para o quarto e ficar lá até esquecer esta história. Entendido?- faço que sim com a cabeça e volto para o quarto.
Eu não podia descer as escadas e tomar café da manhã com eles, não depois da forma como falaram da minha irmã.... Bom da minha irmã que já falece..... Nada... Ant não o faria... Certo?
Quando dou por mim já estou outra vez sentado no chão frio do quarto chorando e tentando acreditar numa coisa que nem eu sei se acredito. Any não o faria... Ela não pode.... Eu não consigo aguentar o peso que é, não ter impedido isso....
Volta maninha.... Desculpa-me por tudo.... Eu... Eu te amo.... E espero que estejas bem.... Onde quer que estejas.... Mesmo sendo ao lado dos anjinhos... Espero que eles cuidem de você... Da forma que eu nunca fui capaz de cuidar......
Te amo agora, e para sempre minha pequena.....
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Confusion / Beauany [COMPLETA] (Now United)
FanfictionAny tem 17 anos e vive com os pais e o irmão Noah numa casa no Brasil. Infelizmente nunca foi bem tratada no ambiente em que vivia sofrendo agressões da própria mãe e do próprio irmão que acabava por ser influenciado pelos modos como a mãe a tratava...