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P.O.V Any Gabrielly

Acordei, ainda deve ser muito cedo pois a luz do sol não invadia o meu quarto, como sempre faz todos os dias quando me desperto. Levanto da cama e vou até ao banheiro, será que tudo o que aconteceu ontem não passou de um sonho? Olho para a prateleira para confirmar e vejo o cofrinho vazio. Ok, não, não foi um sonho, nem pesadelo... Foi real, demasiado real. Ainda não acredito que isto está a acontecer... Não sei como os vou encarar hoje...

Ao pensar nos acontecimentos de ontem vêem-me lágrimas aos olhos, apresso-me a limpa-las e vou até ao closet escolher uma roupa para usar hoje. Entro e visto um blusinha de folhos branca com uns shorts jeans, me sento na cama esperando que o tempo passe pois não poderia andar pela casa a estas horas, eram 5:00 da manha, e sei perfeitamente que se eu os acordar, eles não iram ficar muito contentes, coisa que já não estam.

Quando dão 6:30, desço as escadas de casa bem devagarinho para não fazer nenhum barulho e não ter perigo de acordar a minha "familia" e me encaminho até á cozinha.

Talvez seja melhor lhes preparar um café da manhã... Sei que não irá servir de muito, mas talvez eles fiquem um pouco menos bravos comigo...

Eu acho melhor não, mas você que sabe, depois não venha chorar para o meu colo.

Serio isso? Você de novo? De que serve ter uma voz interna se ela nem te apoia nem te ajuda?

Querida? Eu ajudo sim, você que não me ouve.

Tá tá... Então o que eu faço?

E eu é que sei? Faz o que você acha o correto...

Ajudou muito vozinha interior, agora eu sei perfeitamente o que devo fazer.

Reviro os olhos e começo a preparar um café da manhã para eles.

Faço café para os meus pais, um leitinho com chocolate para o meu irmão e corto umas frutas que tinha na geladeira. Faço umas tostas e decoro a mesa com umas flores azuis lindas que encontrei no jardim.

Depois de deixar tudo bem bonitinho e de eu ter comido, me sento no sofá da sala esperando eles acordarem. Enquanto espero vejo um filme qualquer que passava na televisão naquela hora. Quem vê fimes ás 6:30 da manhã? Riu para mim mesma e volto a assistir o filme. Afinal tem quem veja. Eu! Kkkkk

Passado uma hora, sim, uma hora, ouço passos na escada e me viro rapidamente para ver quem tinha acordado. Era a minha mãe, e não estava com a melhor cara do mundo.

- Bom dia mamãe- digo esforçando um sorriso apesar de estar muito magoada pelas suas palavras ainda.

Ela não responde, simplesmente me encara por breves segundos e se encaminha para a cozinha.

Desligo a televisão não vá o barulho a irritar ainda mais e fico só encarando a parede branca.

Passado um pouco ouço um grito da cozinha. Era a minha mãe. Saí apressada para ver se algo tinha acontecido e ao chegar á cozinha não vi nada, apenas a minha mãe com uma cara ainda mais irritada me olhando com um olhar mortal.

- ANY GABRIELLY SOARES, NA VERDADE ESQUEÇA A PARTE DO "SOARES" , ISSO VOCÊ NÃO MERECE- sinceramente mais magoada do que eu estou com ela eu não consigo ficar...- QUEM VOCÊ PENSA QUE É PARA PEGAR AS FLORES IMPORTADAS DA TAILÂNDIA QUE EU TINHA NO JARDIM- ok ok... Eu tinha feito porcaria... Na verdade... Quando eu não faço porcaria?

Eu avisei, não avisei?

Serio? Você outra vez? Tá tá, já entendi,  vou começar a ouvir o que você quer me dizer... Enfim... Agora tenho coisa mais importante para resolver..

- Desculpa mãe... Eu não..- ia continuar mas ela me interrompeu.

- Não me chame mais assim- ela revira os olhos e volta a pegar no meu braço com força. Serio? O que está mulher tem com o meu braço- você não volta a pegar nada da MINHA CASA sem autorização... E nem vale a pena pedir porque a resposta será NÃO- ela solta o meu braço quando repara que eu já estou chorando de dor- e não fale disto com ninguém- ela se refere á marca que deixou... Na verdade a marca que ela e o meu irmão deixaram porque os dois lembraram-se de fazer telepatia e agarrar na mesma zona, do mesmo braço, enfim.. só assenti e ela ficou me encarando ainda por mais alguns segundos até se voltar a sentar na mesa da cozinha.

Passado uns segundos ouço barulho das escadas outras vez e em algum tempo está o meu pai na porta da cozinha nos encarando. Eu apenas olho para os dois com alguma distância de "segurança", eu não os reconheço... Na verdade talvez eles sempre foram assim.... Pelo menos a minha mãe sempre foi, mas é difícil para uma filha admitir tal coisa... Eu não acredito que queria ser igual a ela quando era mais pequena..

- Eu ouvi gritos, o que você fez Any?- ele diz impaciente se sentando ao lado da minha mãe na mesa.

- ELA ARRANCOU AS MINHAS FLORES IMPORTADAS- ela grita e depois bebe um golo do café que eu fiz. Ai ai, isto vai correr mal, eu coloquei uma colher e o pote de açúcar ao lado para eles colocarem a gosto mas acho que ela não viu.

E lá vamos nós de novo...

Minha mãe faz uma cara de nojo e cospe o café todo em cima de mim. Poderia ficar chateada por ter estragado a minha roupa linda branca que eu tanto amava, mas não é momento para isso agora, pelo menos não agora.

- Foi você que fez isto- ela se referia ao café da manhã, eu assenti- você quer me matar? Isto está horrivel diz deitando uns biscoitos que eu tinha feito com tanto carinho para o chão sem nem sequer provar. Eu nao aguentei, na verdade. EU NÃO AGUENTO MAIS. Lágrimas corriam pelo meu rosto, eu precisava de um abraço, de um abrigo, de algo que me protegesse, eu quero uma família.... Porque não posso ter? Eu os amo tanto.... O que eu fiz de mal? O que eu lhes fiz para que não gostassem de mim? Porque não posso ser feliz... Eu tento, eu juro que tento... Tentei ver o lado positivo de tudo isto.... Mas... Qual é? Pensei que fosse o facto de eu poder tentar os fazer gostar de mim de novo ou... Espera? Será que eles nunca me amaram... Isso doia... Doia muito... Acho que sei qual o lado positivo... Tem que ser...

Simon Fuller...

- Porque está toda vermelha no braço?- pergunta meu pai ainda muito bravo mas com uma leve preocupação.. ele era no fundo boa pessoas, quer dizer... Sinceramente eu já não sei de nada... Enfim- RESPONDA- agora ele grita impacientemente e a preocupação que tinha no rosto já tinha sumido.

- Nada pai, isto não é nada- digo depois da minha mãe me olhar mortalmente. Como uma mulher tão linda consegue ser tão assustadora? Expirei e inspirei para me acalmar mas nada resultava... Ultimamente nada me acalmava e ninguém parecia preocupado, na verdade, parecia que faziam de tudo para me deixar assim.

- EU DISSE PARA NÃO SAIR DO QUARTO, VOLTE PARA LÁ- meu pai diz e minha mãe sorri aprovando a sua atitude.

- Desculpa pai... E espero que gostem do café da manhã- digo com lágrimas nos olhos e subo a correr as escadas para me fechar no quarto.

Isto é um pesadelo, isto têm que ser um pesadelo...

Confusion / Beauany [COMPLETA] (Now United)Onde histórias criam vida. Descubra agora