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P.O.V Any Gabrielly

Já tinha passado mais ou menos uma hora que eu tinha acabado de falar com Simon, mas as suas palavras escritas em forma de mensagem, ainda rondavam a minha cabeça num vai e vem de pensamentos que não parecia querer cesar.

Estava deitada na cama, olhando o teto e me perguntando o porquê de eu ter sido escolhida para esta vida. Eu sempre penso, seja como você está, sempre terá alguém pior que você, então agradeça por estar assim, Mas neste momento eu não consigo pensar assim, como eu posso agradecer os meus pais não me amarem? Como eu posso agradecer o meu irmão, aquele que eu mais amo no mundo, me ter maxucado e gritado comigo?

Não... Eu não posso pensar assim, pois tem que haver algo bom em tudo isto, tenho que arranjar algo que me faça sorrir, eu só.... Eu só preciso me sentir amada... Isto soa tão mal, mas é assim que me sinto, será que é errado? Eu estou sempre errada, até nos meus sentimentos eu erro...

Acabo por fechar os olhos, fazendo com que algumas lágrimas que se tinham acumulado aí, escorregassem pelas minhas bochechas molhando a coberta da cama. Passado algum tempo, mais ou menos uma meia hora eu acho, acordo, eu tinha fome. Já estou trancada neste quarto desde o café da manhã e ainda não saí uma única vez para comer, nem vieram aqui deixar algo como o meu pai ás vezes fazia por pena quando a minha mãe me colocava de castigo por horas a fio. Mas desta vez era diferente, ele estava diferente, quem me colocou de castigo foi ele, não ela. Bolas, eu estava a chorar, como eu queria poder sorrir neste momento, mas dos meus olhos apenas saiam lágrimas cheias de tristeza.

Provavelmente não irei comer até amanhã de manhã, ou então até hoje de madrugada quando eles adormecerem e eu poder sair do quarto e ir á cozinha. Estava pensando em um plano de como descer as escadas sem fazer barulho quando ouço um barulho estranho, deteto de onde veio o som e acabo reparando numa pedrinha caida no chão do meu quarto. Ela sempre esteve ali?

Ouço um som estranho, como "pssseee", parecia alguém tentando chamar á atenção de um gato. Logo corro até á enorme janela do meu quarto e olho para o meu jardim, quer dizer, para o jardim da família Soares.... Enfim... Não vi nada, mas logo sinto uma pedrinha atingir o meu pé. A janela estava semi aberta, olhei de novo para o jardim e vi uma menina, não muito velha mas também não muito jovem escondida atrás de um dos arbustos. Ela voltou a chamar-me «ppsssee». Quando viu que eu a tinha visto, saiu de dentro dos arbustos, fez sinal para que abrisse mais a janela, assim o fiz e logo me atirou uma corda. Segurei a corda ainda sem entender o que se estava a passar e ela tirou um cestinho de dentro dos arbustos o amarrando na corda. O que seria aquilo? Provavelmente ela está aqui a comando do Simon mas? Pensei que apenas me iram vigiar... Bem, sinceramente estou fechada no meu quarto já faz umas horas consideradas, então talvez apenas esteja a ter alucinações.

Começei a puxar a corda até ter o cestinho em minhas mãos, ela fez sinal para que lhe dê-se a corda então desamarrei do cestinho e atirei para o jardim, ela pegou e voltou a esconder-se no arbusto, maa não sem antes sorrir para mim, e eu sorri agradecida mesmo sem saber quem era ou o que estava dentro da cesta. Agora estava curiosa para saber quem era, e o que estava dentro da cestinha, pelo menos uma das minhas curiosidades eu vou conseguir esclarecer.

Encarei a cestinha por algum tempo e depois a levei até á minha cama para poder ver o que tinha dentro. Primeiro reparei num papelinho que estava colocado em cima do lugar onde se abria e desdobrei para poder ler.

« Olá, então, você não deve estar entendendo o que está acontecendo, acredite eu também não entendia quando fui escolhida, mas tudo ficará bem. Eu vim a mando do Simon te vigiar mas reparei que não saiu do quarto uma única vez e deduzi que tivesse fome, então dentro da cesta tem algumas comidas que eu adoro, espero que você também adore, beijinhos Joalin»

Joalin? Quem é joalin? Bem, quem quer que seja tenho que lhe agradecer porque realmente eu estou cheia de fome e neste momento só consigo pensar em comida.

Abro a cestinha e fico encarando o conteúdo por alguns breves segundos. Depois tiro para fora para ver do que se trata. Tinha tomates cereja? Enfim.... Uma bolas de pão? Uma fatia de melancia e um bolinho de amendoa. Bem, eu estou morrendo de fome então acho que tudo o que eu comer vai ser bom.

Comecei por tirar uma das bolinhas de pão e dei uma mordida, ok, aquilo era muito bom, não sei o que era, mas parecia ter queijo, não conheço Joalin mas ela parece ter um bom gosto.

Continuei comendo um dos tomatinhos e viajei em pensamentos, talvez isto de sair desta vida e ir com Simon não fosse assim tão mau.... Não sei.... Enfim, tenho medo, mas aqui em casa, fechada neste quarto consigo ter mais medo ainda.

Ouço barulho vindo das escadas, avisando que alguém estava subindo por elas, provavelmente a minha mãe pelo barulho alto que parecia ser de saltos altos finos sobre o chão de madeira.

Rapidamente a porta se abre e é minha mãe, me apresso a mastigar tudo o que tinha na minha boca e ela fica me encarando com uma expressão integrada e intimidante.

- De onde veio isso Tudo? - pergunta minha mãe encarando a cestinha que eu tinha colocado no chão e as comidas em cima da cama.

- Eu sabia que teria fome então trouxe um pouco de comida da cozinha, Desculpa mãe- disse em um sussurro a última parte já com medo e reparado que a tinha chamado de mãe outra vez o que só a deixaria mais irritada.

- Já disse para não me chamar assim, você não é minha filha e desculpas não se pedem, evitam-se.- diz minha mãe, melhor, senhora Soares, enquanto continua me encarando.

- tudo bem, senhora Clarke, precisa de algo?- me levanto arrumando a postura e sacodindo um pouco de migalhas da minha roupa.

- de onde veio isto?- ela insiste em perguntar mesmo eu já tendo respondido á sua pergunta.

- Como eu lhe tinha dito, senhora Soares, eu trouxe um pouco de comida da cozinha antes de subir para o quarto, desculpe o incomudo- respondi da maneira mais educada que consegui neste momento.

- VOCÊ ACHA QUE EU SOU BURRA - ela me agarrou com força no braço. O que ela tinha contra o meu braço?, agora já é perseguição. Ela aperta com mais força fazendo eu soltar um gemido de dor- Onde arranjou isto?- ela aponta para as bolinhas de pão- Isto não tinha na nossa cozinha, na verdade, isto não tinha na MINHA cozinha. Apartir de agora terá que me pedir sempre que quiser tirar algo de lá, ouviu?? - assento com a cabeça e ela larga o meu braço mas quando eu surpiro aliviada ela volta a agarrar- ESTÁ CONVERSA AINDA NÃO ACABOU, DE ONDE VOCÊ TIROU ISTO?- ela grita comigo e eu a olho com medo.

- eu....- tento dizer algo mas as palavras somem

- não vai falar nada? Tudo bem... Então também não irá comer...- ela pega tudo e vai até á saida do quarto, me lançando um olhar mortal.

- Desculpe senhora Soares- digo em meio de soluços pelo choro que já corria pela minha face palida e vermelha.

- Não fale comigo- ela se vira e bate a porta atrás dela me deixando naquele quarto escuro apenas imuminado pela luz do sol refletido pela lua e ouço um barulho de chaves indicando que ela tinha trancado a porta do quarto. E agora? Nem á noite quando eles dormirem eu poderei sair daqui?

Vou até ao interropetor e acendo á luz, fecho as cortinas e vejo um sorriso triste de joalin no meio dos arbustos me dizendo "eu sinto muito" pelo olhar, sorri triste a olhando e termino de fechar as cortinas para me deitar na cama e domir.

Antes de adormecer ainda consigo ouvir um grito da minha mãe da sala:

« AQUELA VADIA LEVOU ALGUÉM PARA O QUARTO E ESTAVA COMENDO ÁS ESCONDIDAS , O QUE ELA ACHA QUE É»

Depois disso ficou tudo em silêncio, só ouvi uma ou outra resposta do meu pai apenas concordando. Isso era tão triste... Fechei os olhos e me esforcei para tentar dormir, era o melhor a fazer neste momento. Antes de dormir disse:

« obrigada Joalin»

Num sussurro, não sei quem ela é, mas parece ter um bom coração, e qualquer demonstração de carinho neste momento para mim vale mais que todo o dinheiro do mundo... Por isso, obrigada Joalin....

Suspiro e acabo adormecendo....

Confusion / Beauany [COMPLETA] (Now United)Onde histórias criam vida. Descubra agora