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Madrugada do dia da viagem...

P.O.V Noah

Acordo sobressaltado pelo barulho de algo a partir. Uma jarra? Olho o relógio em cima da minha mesinha de noite e marca as 4:24 da manhã. Ainda é muito cedo para alguém ter acordado então suponho que tenha sido a minha irmã Any que não consegue dormir e acabou derrobando algo. Enfim, só espero que os meus pais não tenham ouvido este barulho todo, não aguento mais vê-la sofrer, apesar de ter plena consciência que eu sou um dos motivos do seu sofrimento.

Volto a fechar os olhos sem fazer barulho algum torcendo para que maia ninguém tenha acordado com o barulho. Mas, passado algum tempo, vejo que alguém de um dos quartos acendeu a luz, já que uma luz fraquinha invadia o meu quarto pela frecha da porta. Mantenho-me em silêncio e me levanto sem fazer barulho algum indo espreitar pela fechadura da porta. Era o quarto de Anyelly que tinha a luz acesa, que estranho, ela nunca foi de ficar acordada até tão tarde, e quando não conseguia dormir, ela sempre apagava o máximo de luz possível para adormecer.... Bom... Isto quando eramos mais novos e ela ainda vinha me pedir um abraço de boa noite quando não estava conseguindo dormir. Sinto falta disso, mas não posso pedir dela mais que um sentimento de odio, sei que errei e sei o quanto a faço sofrer, mas eu simplesmente não consigo.

Volto a caminhar em passos lentos até á cama e fico apenas encarando o teto ouvindo os barulhos, por mais silenciosos que sejam, vindos do quarto da minha irmã.

Passado pouco tempo ouço um barulho de mala de viagem em direção às escadas. O que ela está tramando? Agora já está pedindo uma bronca dos nossos pais. Ai meu deus, espero que eles estejam em um sono profundo...

Deixei de ouvir qualquer barulho dentro de casa e confesso que me supreendi porque se ela desceu as escadas, ela tem que voltar a subir, certo?

Que estranho.

Assim que volto a fechar os olhos, ouço um barulho baixinho de conversa vindo do lado de fora da casa. Corro até á janela na esperança de ainda ver algo e deslizo um pouco das cortinas. Era Gabrielly

Any estava colocando as suas malas junto com uma outra menina loira um pouco mais baixa que ela na bagageira de um carro. O que ela está tentando fazer?

Sem nem tempo de eu processar o que acabei de ver, as portas do carro se fecham com pelo menos quatro pessoas lá dentro pelo que contei. A noite estava muito escura e a iluminação da rua não é muito boa mas tenho quase a certeza que eram quatro pessoas. Any e a menina loira iam na parte de trás, e á frente estavam duas pessoas que pela sombra não pude ver qualquer características mas acredito que sejam homens pelos ombros, pelo menos eu acho.

Fiquei olhando fixamente qualquer movimento da rua, quando do nada ouço o som dos motores e o carro arranca. O meu coração partiu na hora, ela irá me deixar? Ela está bem? Ela vai ficar bem? Eu irei ficar bem? Para onde ela foi? Ela volta... Certo?

Vejo a figura de Any na janela do carro olhando a casa á medida que o carro se afasta e fecho um pouco mais a cortina para ela não me ver. Neste momento já não sei o que fazer. Ela está sendo sequestrada? Não, não é isso porque ela levava malas. Quem leva malas num sequestro? Tem que ter uma explicação mais lógica... Só tenho que a encontrar.

Fiquei olhando aquela mesma janela pelo menos 30 minutos fixamente. Não tem como a fazer voltar, eu a deixei ir...

Fraco e muito cansado vou cambaleando até á cama e me deito. Sei que se a minha mãe me visse agora, não me reconheceria. Estou deitado na cama, em posição fetal, deixando as lágrimas escorrerem pelo meu rosto, soluçando, com medo, com medo por ela, e por mim. Eu a amo tanto, será que ela sabe? Digam-me que ela sabe. Não posso viver sem ter essa certeza. Suspiro.

Quando me acalmo um pouco vou até ao interropetor ligar a luz. Claramente eu não conseguirei dormir mais hoje, não enquanto não tiver certeza que ela está bem.

Olho a porta de relance, continua fechada, e agora nenhuma luz está acesa sem ser a do meu quarto. Todos estam dormindo.... Tenho medo de ir chamar os meus pais, porque caso ela tenha pretenção de voltar antes de eles acordarem, ela iria levar uma bronca enorme, e eu não quero isso. Então apenas fico encarando o vazio por mais algum tempo até que vejo algo no chão.

Um papel? Ele já estava ali?

Me aproximo da porta e pego o papel, o meu coração gelou quando vi a caligrafia impecável da Any... Era uma carta dela...  Suspiro e começo a ler...

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Carta para o meu maninho:

Roi, Noah, se estás a ler isto,  chegou o grande dia, o dia que me livrarei de todos os males e tentarei ser feliz. Eu te amo muito maninho e acredita que me custará muito partir, mas sei que será forte e não desistirá como eu. Eu juro que tentei de tudo, mas não sou mais capaz, as minhas forças de esgotaram e agora o mundo é apenas cinza e preto. A alegria que eu sempre via no meio da tempestade passou a ser um vente gelado que me derrubava. Eu queria tanto poder estar nos seus braços, me sentir protegida e receber um "vai ficar tudo bem" mas sei que isso não será possível, e não é sua culpa, sei que no fundo é um irmão incrível... Mas sei também que não seria capaz de fazer isso por mim, não agora.... Eu espero de coração que consiga mudar e deixar os jogos de lado um pouco... Você faria isso por mim?
Esta pergunta sempre veio na minha cabeça e eu preciso de a fazer... Sei que já não estarei aqui para ouvir a sua resposta, mas apenas olhe em direção da lua, e me responda... Pode ter certeza que eu estarei a olhando também e te ouvirei de alguma forma...

Você me ama? Você ainda me ama?

Não sei a resposta .... Mas só te queria dizer... Eu te amo Noah, foste e sempre serás o meu irmãozinho, e nunca te deixarei de amar incondicionalmente.
Agora terei que dizer Adeus... Mas me custa bastante o fazer então apenas deirei um...
Até já Noah...

Com amor, Any Gabrielly  ✌🏻😚

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Quando acabei de ler a carta, as lágrimas já rolavam pelos meus olhos. Ela iria-se matar? Por minha causa? Eu não posso deixar isso acontecer, o meu dever era protegela, não a maxucar ainda mais. Sento na cama pois não tinha mais forças para me sustentar em pé. Ela se foi? Não tem o que fazer... E eu estou perdido... Perdido porque nunca lhe disse como eu a amo tanto....

Arranquei todas as minhas últimas forças que tinha no momento e me dirigi até á janela, afastei a cortina e olhei em direção á lua.

- Te amo maninha... Te amo Any... Não me deixes, só te peço isso... Mas sei que não o posso pedir... Por isso... Espero que me perdoes... Eu... Eu te amo irmã...

Fico encarando a lua processando tudo o que está passando e apenas repetindo as mesmas palavras para mim mesmo.

Eu não a consegui proteger.
Não a amei como a amo.
Porque sim, eu a amo, e não acredito que a perdi...

Desculpa Any..... Eu te amo.... Para sempre....

Confusion / Beauany [COMPLETA] (Now United)Onde histórias criam vida. Descubra agora