2 semanas depois....
P.O.V Any
Já passaram duas semanas desde que Joalin veio aqui a cima pela primeira vez para que eu lhe empresta-se algo para vestir já que tinha sujado a roupa toda caindo nos arbustos. Até hoje faço um grande sacrifício para não rir ao lembrar a cena, não me julguem, mas até á propria Joalin ri desse episódio... Desde esse dia ela tem me vizitando aqui em cima no meu quarto com muita mais frequência, trocamos os nossos números de celular e passamos horas falando em videochamada ou em mensagem nos dias que eu aviso para ela não subir porque pode ser perigoso... Isso acontece principalmente quando os meus país têm folga e ficam em casa ou quando eles decidem entrar no meu quarto a toda a hora só para gritar comigo e sem nem bater á porta.
Neste tempo tenho saído mais do meu quarto, o meu irmão, Noah, tem me ajudado bastante, ele voltou a ser mais presente na minha vida e eu agradesso isso de coração. Obviamente continua viciado nos jogos, com as suas constantes mudanças de humor e gritos por coisas que eu nem tenho culpa, mas noto que ele está tentando me ajudar á sua maneira. Ontem quando a minha mãe foi trabalhar e o meu pai aproveitou para ir por o carro na oficina, Noah foi buscar a chave no quarto dos nossos pais e abriu a minha porta, me abraçou e disse "te amo pequena", tentei evitar as lágrimas mas foi em vão, me emociona ouvir isso de uma pessoa que eu tanto amo, apesar de ela me magoar bastante, fico feliz com essas simples palavras.
Depois fomos os dois até ao seu quarto e nos deitamos juntos na cama abraçados vendo um filme. Estava tudo tão perfeito, se eu podesse congelar um momento, com certeza seria este. Ele beijou o topo da minha cabeça e me pediu desculpa. Eu só assenti, disse que não tinha pelo que ele se desculpar e voltei a aninhar-me nos seus braços.
Ficamos lá até ao filme acabar e depois Noah insestiu em colocar outro e volto-me a abraçar e acareciar os meus cabelos.
- Any? Porque você não me odeia? - a voz de Noah me faz voltar á realidade do momento e deixar o filme de lado. Ele falava com uma voz triste e de culpa, eu não o conseguia ver assim.
- Noah. Eu não te odeio... Porque eu te amo- disse simples e ele assentiu e me abraçou.
Mais uma hora se passou e depois do filme ficamos conversando sobre coisas aleatórias. Eu estava amando esse dia, já não sorria tanto e me sentia tão feliz e amada á muito tempo.
Já estava quase adormecendo nos seus braços quando um barulho de celular me despertou, era o celular de Noah. Olhei para o mesmo que tinha os olhos fechados e um sorriso no rosto com a mão pousado nas minhas costas onde antes fazia carinho em mim.
Me levantei fazendo o mínimo de movimentos e barulho para não o acordar e fui ver do que se tratava. Era uma notificação de atualização de jogo, ou uma coisa assim. Enfim, deslizei o dedo na tela para apagar e voltei para os braços de Noah adormecendo.
[.......]
Acordei com um barulho de chave na porta, e olhei para o lado onde tinha Noah adormecido me abraçando. Sorri vendo a cena e me mantive ali. Tinha acabado de acordar e sinceramente ainda estava com demasiada preguiça para perceber o que o barulho na porta significava.
Passado uns dois minutos vejo a porta do quarto sendo aberta. Era minha mãe e logo me levantei fazendo o Noah dar um sobressalto assustado por o terem acordado desta maneira. Ele primeiro refilou um pouco mas depois ao ver a figura da minha mãe na porta com o semblante carregado logo entendeu o que se passava e se manteve calado.
- O que você está fazendo fora do seu quarto sua vagabunda?- minha mãe diz com um voz calma que eu bem conheço e significa que está muito irritada e mais um passo em falso estará segurando com força em meus braços.
- Eu... Desculpa mãe...- falo triste já com a lágrima no rosto por aquele momento maravilhoso passado á uns minutos atrás tenha acabado.
- Eu já não falei para não me chamar de mãe? Não? Você não entende? Quer um desenho?- agora ela fala gritando e cuspindo as palavras na minha cara, já me arrastando para longe de Noah e me segurando com força, cravando as unhas grandes e afiadas na minha pele.
- Desculpa senhora Soares- me limito a murmurar pois não aguentava mais estas brigas.
Quando eu achei que ela me deixaria em paz e iria para o seu quarto. A mulher se afasta um pouco de mim e dá um chute na minha barriga, depois dois... E a seguir mais um. Eu já nem sentia as pancadas tamanha a dor que ela me estava proporcionando.
Noah já estava longe o suficiente para não ver a cena. Nos encontravamos no corredor e ela se divertia dando chutes em todo o meu corpo sensivel e frágil.
- Isso! Isso é para você entender que deve me obedecer. Entendeu?- assinto com a cabeça levemente- RESPONDAAA- agora ela grita me assustando ainda mais.
- sim senhora Soares- digo olhando para baixo já soluçando de tanto chorar.
Ela me solta e rapidamente corro até ao meu quarto fechando a porta atrás de mim e que não demora muito até ser trancada do lado de fora pela minha mãe.
- APRENDA A SE COMPORTAR E TE DEIXAREI SAIR, ATÉ LÁ FICARÁ AÍ REFLETINDO. QUERO VER QUANTO TEMPO AGUENTA A PRINCESINHA- ela diz em tom de sarcasmo e ri. Mas não um risada fraca, ela ri com vontade como se estivesse assistindo um filme de comédia francesa e eu fosse o protagonista palhaço.
Me encolho na cama rodeando os joelhos com os meus braços tentando ao máximo me sentir protegida. Mas eu nunca me sentirei assim... Não aqui...
[....]
Já passaram duas horas desde a grande discussão com a minha mãe. Meu irmão me mandou mensagem dizendo que sentia muito por mim e me pedindo desculpa por ela e por não ter feito nada. Eu o desculpei e ficamos falando por uns dez minutos.
Agora estava olhando o teto perdida em pensamento. Medo de estar fazendo tudo errado e uma sensação de culpa... Eu não sei de onde esta sensação vem, mas a verdade é que ela me consome dia após dia e me acompanha durante toda a minha vida desde que eu me lembro.
Eu sou a verdadeira culpada pela forma que a minha mãe reage.... Pelo meu irmão.... Pelo meu pai.... Eu estrago a família... Dia após dia...
Estou ansiosa para sair de casa, ir com Joalin e.... Bom... Não sei... Mas não quero deixar o meu irmão, Noah tem se mostrado preocupado... Do seu jeito.. porém sinto que é verdadeiro quando fala comigo... Hoje ainda não falei com Joalin, mas também, acho melhor não falar, não quero que ela fique sabendo com eu estou me sentindo mal, e sei que ela perceberia facilmente isso, pois, apesar de não nos conhecermos á muito tempo, Joalin e eu nos tornamos muito próximas... Algo como irmãs.. uma conexão especial que eu não consigo nem descrever...
[.....]
Já passaram três horas desde que saí do quarto do meu irmão arrastada pelas mãos fortes da minha mãe entre gritos e chutes.
Estava cantando para me acalmar quando ouço uma conversa do outro lado da parede do meu quarto. Era Noah conversando com aquele seu amigo.
- você viu a nova atualização do jogo? Saiu á algumas horas atrás , estranhei você não estar na estreia, estavam lá todos os maiores gamers, você perdeu uma grande oportunidade de jogar com eles, eu amei- o amigo dele fala entusiasmado.
- atualização? - ele fala supreso- eu não recebi notificação...
-todo o mundo recebeu, você deve ter delizado o dedo sem querer, enfim, você também só perdeu A MELHOR EXPERIÊNCIA DA SUA VIDA, NA MAIS...- ele fala rindo do meu irmão que permanece em silêncio por mais algum tempo até decidir voltar a falar.
- GABRIELLY, EU TE ODEIO , COMO FOI CAPAZ? NUNCA MAIS QUERO VER SUA CARA NA SUA VIDA...
Depois desse grito que me partiu o coração ele volta a falar com o amigo...
- foi a minha irmã idiota, aquela VAGABUNDA deve ter eliminado a notificação só para ter atenção. MIMADA AQUELA VADIA. não faz nada certo, Enfim, vamos jogar?
- Certo, vamos jogar..
....
Depois disso desliguei, não queria ouvir mais nada, o meu coração estava destruido e eu não aguentava mais aquela dor...
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Confusion / Beauany [COMPLETA] (Now United)
FanfictionAny tem 17 anos e vive com os pais e o irmão Noah numa casa no Brasil. Infelizmente nunca foi bem tratada no ambiente em que vivia sofrendo agressões da própria mãe e do próprio irmão que acabava por ser influenciado pelos modos como a mãe a tratava...