O quê???

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Anthony

Eu não podia acreditar naquilo...

Tentei reanimar Bethy, mas acabei fazendo ela perder mais sangue. Infelizmente não tinha o que fazer. O ferimento foi profundo demais.

July pegou o carro de Bethy e junto com Thris enfiou nós três lá dentro: eu, Luna ainda pelada e Bethy. Já estava todo sujo de sangue. Luna parecia em choque e não dizia nada. Tentando me acalmar, mas ainda sofrendo, tento entender o que estava acontecendo.

-- Jully o que houve, onde está nos levando? Temos que ir à polícia? Quem a atacou? Como sabia onde ela estava? Luna fala alguma coisa, você viu quem fez isso? De onde você surgiu? Eu só posso estar enlouquecendo! - Desabafo quase gritando.

-- Entendo que é enlouquecedor mas não podíamos ficar ali... O que faremos, Trixie? -Jully questiona a amiga também nervosa...

-- Primeiro vamos a lobinha... Luna, né? Foi sua primeira vez, certo? Não tenha medo, nada de mal vai te acontecer, vamos te ajudar. -Thris tenta ser carinhosa com Luna para a acalmar.

Ela assentiu com a cabeça mas continuou calada.

-- Tudo bem. Você está entre amigos. Só preciso que mantenha a calma e tente afastar qualquer coisa que esteja sentindo. Pelo menos até resolvermos o que fazer com Bethy. -Thris tentava ser racional e consolar a loba.

Vejo que elas começam a conversar, e sem dar atenção às respostas de minhas perguntas, minha mente vagueia de novo. Não conseguia entender nada, por conta de tantas emoções. Só pensava que minha nova irmãzinha estava morta em meus braços. A dor era como uma faca cravada em meu peito. Era Bethy quem me dava forças para correr atrás dos meus sonhos e seguir em frente. As lágrimas escorriam pelo meu rosto sem nenhuma permissão ou controle. Meu desejo era encontrar e acabar com quem tinha feito aquilo.

July parou o carro,cerca de três minutos depois, no meio de um amontoado de árvores. Eu nem sabia que existia qualquer mata ali no meio da cidade.

-- Acho que aqui podemos criar um motivo plausível! - July exclamou

Thris achou um sobretudo no carro e entregou a Luna para se cobrir.

-- Ótimo! Ataque de animal... Enquanto arrumo a cena, você volta a festa e altera a memória dos que estiveram com os dois e limpe a bagunça. Não demore para poder me ajudar. -Thris parecia bem séria.

-- Consegue cuidar dos dois? -Questionou July.

-- Espero que sim.

July sai correndo em alta velocidade. Fiquei atordoado mas consigui ir até Thris.

-- Pode me dizer o que está acontecendo? Já estou começando a ter alucinações...

-- Meu amor... Por onde começar... Você não é apenas humano. Você tem um grande poder. O mundo que você conheceu até hoje, não é seu mundo. Existem muitas criaturas diferentes, sempre à espreita à sombra da humanidade. Não devemos nos revelar para os humanos pois seríamos caçados. Por favor, tenham calma, e não julgue nada antes de nos compreender melhor.

Não acredito e nem compreendo muito as palavras dela, mas depois do que vi, e também senti por aquela garota, resolvi escutar o que tinha a me dizer. Sentia que devia confiar naquela moça que me fez perder os sentidos e cair de amores. Eu não ligava, se fosse esse o mundo dela, teria que ser o meu também de qualquer maneira. Não poderia mais me afastar de Trixie.

E Trixie continua...

-- Luna é um licantropo, ou lobisomem, se preferir. Ela também acabou de descobrir, pelo visto, e sem perceber atacou Bethy em sua primeira transformação.

Eu olhei bravo e assustado para Luna. Thris pegou em minhas mãos me fazendo sentir de novo aqueles choquinhos... Sem dar importância pra essa sensação eu volto o olhar pra ela que continua...

-- Você não deve acusar Luna sem entender o que está acontecendo com ela. Na primeira transformação de um lobisomem eles perdem o controle. Ainda desconhecem o poder que possuem e nem sabem como os sentidos ficam mais apurados. Acho que Luna nem percebeu que estava atacando Bethy, só viu quando já era tarde.

Eu tento me solidarizar com Luna e estendo a mão para ela. Ela, um pouco sem jeito, me abraça.

-- Me perdoa! Eu sei como ela era importante pra você. Vocês sempre estavam juntos. Eu não quis... Eu só queria dar um abraço... Eu nem sei como aconteceu... Nem sei como cheguei aqui.

Thris percebeu que Luna começava a ficar alterada de novo e mais uma vez a tranquilizou.

-- Luna, pare! Não será bom se você continuar a pensar assim. Pode se descontrolar de novo. Anthony irá te entender. Por favor, se acalme.

-- Eu também sou um lobo? -Questiono ainda sem entender nada.

-- Não. Você é um bruxo, como eu, eu acho, ou algo parecido... - Ela deu um pequeno sorriso.

Aquele sorriso me arrebata. Fico louco de vontade de beijar aqueles delicados lábios vermelhos. Porém me seguro devido a situação. Então faço outra pergunta.

-- E Jully, é deste mundo também?

-- Sim. Ela é uma vampira. E voltou a festa para usar seu poder de convencimento nas pessoas que estiveram com vocês na festa. Eles irão pensar que nós saímos da festa bem mais cedo.

-- Vai me dizer que ela só queria chupar meu sangue então?

-- Claro que não. É muito mais complexo o nosso mundo. E acho que nós duas estamos ferradas por ajudarmos vocês.

-- Como assim?

-- Prometo te contar tudo, mas depois. Primeiro temos que simular um ataque de animal a Bethy. July voltará em breve. Devemos estar prontos.

-- Não está pensando que eu vou a deixar aqui, né?

-- Tem outra ideia melhor? Uma que não inclua a lobinha ficar para sempre atrás das grades apenas por não controlar seus sentidos??

Eu não sabia de mais nada. Nem quem eu era. Como iria explicar isso a tia Kátia? Eu deveria a proteger. Talvez se eu tivesse escutado Jully a primeira vez que interrompeu meu beijo, Beth ainda estivesse viva. Ou talvez fosse eu quem estaria morto no lugar dela. O que eu ia preferir... Se eu pudesse voltar atrás... E tinha Luna... Não devia mesmo ser fácil lidar com os poderes recém descobertos. E os pais dela, b ou mal, haviam me criado, eu podia retribuir livrando Luna agora. Então, mesmo sendo um triste final para Beth, eu concordo com o plano de Thris.

Colocamos o corpo dela no meio da floresta, que percebi depois, era bem maior do que pensei. Fizemos, com ajuda de pedras, algumas pegadas de lobo. Tentamos apagar qualquer vestígio de que estivemos ali. Inclusive as marcas do pneu. Thris usou sua magia para isso. July chegou logo e disse que estava tudo certo na festa. Inclusive conseguiu deixar a frente da casa bem limpa sem ninguém perceber.

A história que contaram em seguida para a polícia foi que as meninas, já bastante embriagadas, quiseram conhecer a mata ali perto e Thony, que estava totalmente são, foi obrigado a levá-las até lá. Assim nenhuma delas precisaria dirigir naquele estado. E então, já na mata, um lobo atacou Bethy. Trixie ainda usou magia para limpar o sangue do carro e de mim. Deixamos Luna no apartamento primeiro para tomar um banho e tentar se acalmar. Não queria sair de perto da Tris, com medo de perde-la, mas ela insistiu que eu deveria acalmar Luna enquanto ela resolveria outros problemas dela com July.

Eu estava muito mal por ter perdido minha amada amiga. Mas nunca iria culpar Luna pela fatalidade. Eu nunca deveria ter a deixado sozinha. Deveria a proteger. Era eu quem tinha que ter morrido.







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