Quanto Mais Melhor

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Yuri (Ravnos)

Também decidi assumir outro nome. Meu poder de persuasão não era tão grande quanto o de Drácula, mas servia para os humanos. Em compensação eu ganhei uma força imensa com meus treinamentos.

Ele hipnotizou alguns funcionários para que me servissem no castelo. Drácula estava em busca de outros filhos. Não haveria tempo para descobrir se eu teria tantos poderes como ele. E naquele Castelo havia muito trabalho a ser feito. Eu me servia de meus servos e de minhas amantes. Sangue fresco não faltava.

Drácula ainda me orientou a não transformar ninguém, pois não saberíamos se essa pessoa seria facilmente controlada ou não. Ainda precisávamos descobrir mais coisas a respeito dessa mutação.

Passado cerca de um ano ele retornou começando a levar seus outros filhos, um de cada vez, para o castelo. Os conheci separadamente, no dia em que chegaram. Drácula ordenou que eu os acomodasse cada um em uma ala separada. Éramos sete no total.

A primeira que conheci foi Rebekah, ela tinha aparência de ser indiana, morena, lindos cabelos lisos e pretos, usava diversos colares de ouro e muitas pedras. Ficou hospedada na ala Sudeste. Foi o máximo que conheci dela no primeiro momento.

Três dias depois, chegou ali Aleksander. O coloquei na ala Leste. Não fazia ideia de onde era. Apenas vi que ele falava em inglês. O próximo a chegar foi Higor. Já estava uma confusão pois cada um falava uma língua e os funcionários não compreendiam muito bem. Por isso todos aprendemos inglês. Eu já conhecia um pouco da língua, porque estava a um ano morando ali.

Coloquei Higor na ala Oeste. Elizabeth estava na ala sudoeste. Ela chegou e só sabia chorar. Mal consegui ver seu rosto. Mais alguns dias e vieram Henry, que ficou na ala Noroeste e por último a bela Mirian que ficou na ala Nordeste. Eu, Ravnos, estava na ala Sul e Drácula tinha a ala Norte para ele.

Drácula não queria que tivéssemos muito contato um com o outro. Cada dia da semana ele estava com um de seus recém-criados para orientá-los e treiná-los. Todos que não sabiam inglês possuíam um tutor. Estava proibido de se comunicar em outra língua e também de sugar o professor, que precisava ser constantemente hipnotizado por uma bruxa, a princípio.

Meu dia com meu Rei era aos domingos. Eu já sabia muita coisa, então passava menos tempo comigo. Pelo visto apenas Aleksander podia caminhar à luz do dia. Mas era péssimo em combate. Eu conseguia acompanhar o treino de cada um, assistia de uma das janelas do meu quarto.

Elizabeth era incrível. Ela tinha telepatia e fazia tudo ao seu redor voar. Cada um herdou um dos poderes de Drácula. Ele e Higor descobriram juntos que podiam se transformar em morcegos. Pra mim isso só servia para escapar do inimigo, mas Higor achava um máximo.

Todos nós éramos mais fortes, ágeis e possuíamos os sentidos mais aguçados que os humanos. Ainda tínhamos uma recuperação exageradamente acelerada. Mas eu me destacava na força e Henry se destacava na agilidade. Rebeka estava prestes a conseguir influenciar seu próprio criador. Só de a olhar você já tinha vontade de se matar para protegê-la. Foi graças a ela que descobrimos que todos tinham o poder de influenciar humanos, mas ela desenvolveu o poder melhor e mais rapidamente.

E Mirian, oh bela Mirian, viemos descobrir só mais tarde que ela conseguia ver o futuro, ou ao menos parte dele. Ela tinha imensos olhos azuis e cabelos amarelos como o sol. Passado alguns meses já éramos bem treinados e havíamos desenvolvido o suficiente de nossos poderes. Era chegada a hora de nos encontrarmos com o famoso lobisomem.

Enquanto Drácula viajava mais uma vez, tentando primeiro localizar seu irmão e quem sabe a bruxa, ele me deixou no comando. Me pediu para continuar o treino com meus irmãos, mas dessa vez com todos juntos, para descobrirmos o que cada um faria numa batalha. Mas também deixou claro que após os treinos deveríamos nos recolher aos nossos aposentos, sem muita conversa.

Nos primeiros dias todos estavam eufóricos para se conhecerem. Eu os repreendia pelas conversas durante os treinos e eles só queriam se conhecer melhor. No terceiro dia de treino os chamei para uma conversa em uma sala de estar em minha ala. Queria alertar sobre alguns perigos que enfrentaríamos caso trabalhássemos sozinhos.

Não saiu bem como planejei, conversaram demais e quase não fui ouvido. Mas no fim se conheceram um pouco e isso foi bom para os treinos. Pareciam mais unidos. Resolvi usar minha força para que eles sentissem que eu estava no comando e que me deviam respeito. Alek tentou uma piadinha e eu o agarrei puxando sua cabeça para trás até sentir rasgar um pouco sua pele. Parei antes de arrancar sua cabeça por completo. Eu não queria matar nenhum de meus irmãos. Isso serviu apenas para me darem o devido respeito.

Fiquei sabendo que todos já usavam nomes falsos e todos tínhamos alguma história triste de perda de entes queridos antes de chegarem ao Castelo. Resolvemos usar o sobrenome Heirsteeth para nos tornarmos uma família de verdade.

Depois de mais alguns treinos conjuntos percebi a falta de diálogo entre alguns. Descobri que já ficavam com uma ponta de raiva ou até ciúmes uns dos outros. Então deu uma festinha de sangue no salão comum. Vieram vários curiosos conhecer o castelo de todos se divertiram.

Higor e Alek foram além e torturam uns humanos por diversão, só pra ver até onde durariam. Rebekah tinha quase todos os homens da festa em seus pés, a exceção eram os homens da família. Mirian, como sempre, estava calada. Claro que também tomou muito sangue, mas nunca expressava sua opinião. Henry parecia embriagado em meio a tanta oferta de pescoços quentes. Elizabeth aproveitava tudo o que Rebekah não conseguia chupar. Eu me divertia, sem demonstrar, só de observar todos ali. Humanos eram tão deploráveis que já nem me lembrava de ter sido um.

Mesmo não sendo o que Drácula queria, a nossa festa trouxe união ao grupo e isso melhorou muito nossos treinos.

Quando Drácula retornou estávamos completamente prontos para arrancar qualquer cabeça. Ele ficou uma fera vendo que tínhamos nos conhecido bem e me lembrou de quem mandava ali. Torturou a todos nós com o sol, com falta de sangue ou com tormentos mentais. Ele sabia nossos pontos fracos e como nos fazer sofrer.

Mas nosso Mestre não podia perder tempo, por isso, após passar seu recado que devíamos seguir estritamente suas ordens, nos enviou até o lugar onde encontraríamos seu rival. E ele nos acompanhou.








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