Recordando o Passado

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Anthony

Eu já estava escondido há mais de um mês na casa de Godrick. Ele era bom anfitrião, mas era hora de me descobrir. Não sabia bem o motivo, mas eu sentia falta de Trixie. Engraçado que alguém totalmente estranha para mim me fizesse falta. Mais falta que Bethy. Pobre Bethy.... Teve um fim que não merecia. Mas eu também resolvi não ficar preso aos meus dias como humano. Eu queria mais. Precisava de mais informações de mim mesmo, de minha família e de minha raça. Sabia que quanto mais poderoso eu me tornasse mais rápida seria minha vingança a quem causou tanta desgraça aos meus. Já tinha aprendido o que podia com os livros que Godrick e os conhecidos possuíam e até consegui desenvolver certas técnicas de batalha.

Eu não tinha ideia de onde mais procurar a respeito de minha história ou de meus antepassados. Tinha esperança de, quem sabe, encontrar qualquer coisa se eu fosse até o lugar onde vivi com minha família por poucos meses.

Com ajuda de uma espécie de biblioteca virtual de jornais antigos descobrimos a cidade que meus pais moravam quando morreram e resolvi viajar até lá na tentativa de recuperar algo deles. Viviam em uma cidadezinha ao sul da Alemanha. Era uma viagem de pouco mais de quatro horas de carro. Godrick me acompanhou.

Liguei, dias antes, em uma delegacia local para saber detalhes do caso, alegando ser para um trabalho escolar.

-- Bem senhor, a professora de história disse que para complementar minha nota eu deveria apresentar alguma história da cidade... Daí pensei no caso daquela família morta há 19 anos...

-- Claro! O caso da velha rua Strasse... Os moradores do bairro Clayton acreditam que o lugar é amaldiçoado! Muitos abandonaram suas casas na região por medo depois de um crime tão brutal e sem solução!

-- Será que poderia me dar mais informações, senhor?

-- Se vier até aqui te empresto o arquivo para copiar o que quiser. Só não pode retirá-lo.

Pelo menos consegui parte do endereço. Já era um começo.

O GPS nos levou a um bairro que parecia estar todo abandonado. Logo encontramos um imenso terreno cheio de destroços e mato. Eu podia sentir algum poder enterrado e tive a certeza de que foi ali mesmo que eu nasci. Sem ouvir o que meu amigo bruxo me dizia, eu desci do carro em direção ao meu antigo lar. O lugar ainda continha fitas desgastadas de isolamento da polícia, a maioria já estava apodrecida e partida mas os pedaços restantes eram abanados pelo vento.

Instintivamente, segui até uma pilha de madeira que deveria ter sido um armário algum dia. Remexi na madeira podre retirando pedras e lodo. Era como se soubesse exatamente onde eu tinha guardado um pertence tempos atrás. Em o que parecia ser uma gaveta eu encontrei uma pequena caixa plástica que continha um livro ou talvez fosse um diário e mais alguns papéis. O livro parecia ser antigo e só permaneceu intacto por tanto tempo pois havia muito entulho por cima. Senti que ele estava à minha espera. Ainda dei uma caminhada pelo terreno. Vi garrafas quebradas, seringas e camisinhas usadas, além de outros lixos que indicavam que passaram por lá, ao longo dos anos, muitos jovens delinquentes. Percebi que não tinha mais o que ser encontrado. No fundo do terreno dava para enxergar uma piscina. Estava tão nojenta que parecia mais ser um brejo.

Sai um pouco decepcionado comigo mesmo pois imaginei que descobriria mais coisas retornando ao lugar onde um dia poderia ter sido feliz...

Ainda passamos na delegacia, o policial foi um pouco mais amigável dessa vez. Emprestou os arquivos para que eu desse uma rápida lida. Suspeitavam de sequestradores de crianças, pois os familiares dos funcionários informaram em depoimento que a patroa estava grávida e outros diziam que o casal tinha 3 filhos. Me espantei ao descobrir que só havia um corpo de criança (uma menina), quando deveriam haver dois. Me alegrei por imaginar que meu irmão pudesse ter escapado do ataque como eu.

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