Troca de Favores

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-- CARLOTAAAAA!!! - Junto ao grito de Eva se ouviu um estrondoso trovão. -- CARLOOOOOOTAA!

No primeiro milésimo de segundo eu assustei, mas sorri em seguida. Meu plano estava dando certo. Corri pelo corredor em direção aos aposentos da anciã. Uma tempestade se formava no horizonte.

-- Está tudo bem, senhora? - Questionei Mestra do lado de fora de seu quarto.

-- Aquela maldita me paga! Fui roubada! Ele desapareceu! Onde está você CARLOTAAAA!

Dava para ouvir objetos sendo lançados pelo quarto e se partindo.

-- Senhora, posso entrar? O que houve?

-- Espectro de merda! Onde se meteu?

-- Ela não está por perto, Mestra.

-- Explique! - Eva finalmente abriu a porta.

-- Lembra que me disse que Carlota deveria responder a qualquer pedido meu? Eu a pedi para verificar se a senhorita Clarke estava bem. Ela não deve demorar a retornar.

-- Pois ela permitiu que algum infeliz me roubasse e agora ela também sumiu? Como isso aconteceu? - Enquanto procurava e falava ela jogava pilhas de roupas ao chão com um pequeno estalar de dedos.

-- Não vi ninguém por aqui, mas posso lhe devolver o favor a ajudando a procurar o responsável pelo furto. A senhora já tentou algum feitiço de localização?

-- Mesmo sendo inútil, é claro que já tentei. Meu Grimório não permite ser localizado por feitiço algum, justamente para evitar que me roubem.

Eva ainda procurava em outros cantos do quarto e jogava tudo pelo chão no processo.

-- Voarei por toda área atrás de qualquer suspeito, caso queira. Conte comigo!

-- Que seja, vá logo! Ninguém afana meus bens e sai ileso! NINGUÉM!

Ela estava tão transtornada que não percebeu quando eu mencionei "devolver o favor". Só assim eu quitaria minha dívida. Tive medo de como ela reagiria ao descobrir que eu devolvera o favor, mas era necessário arriscar.

Fui até a janela e virei fumaça. Me misturei as nuvens da tempestade e num instante já cobria centenas de quilômetros no céu. Eu procurava por algum suspeito que eu sabia que não existia. Mesmo assim eu queria levar alguém até lá para parecer mais convincente.

Tentei ficar em pessoas que estivessem mais próximas a fazenda por isso reduzi minha abrangência para cerca de dez quilômetros. Percebi um senhor bêbado num beco da cidade. Estava pensando uma poção de sobriedade o ajudaria a parecer com um suspeito... Foi aí que senti uma bruxa por perto. Parecia não ser muito forte e acabou sendo uma suspeita ideal.

Me materializei na frente dela.

-- Pela Deusa Mãe! Um Djinn! Achei que nunca veria um! O que quer comigo? Sei de muitas histórias de trapaceiros da sua laia.

-- Você terá que vir comigo prestar esclarecimentos.

-- Quê? Nem vem. Eu só coloquei aquela merdinha dormir porque ela queria me cobrar pelo rabo de tatu! Uma bruxa como eu precisa adquirir os ingredientes direto da natureza. Desaforo ter que pagar por algo que é de graça!

Percebi que havia mesmo algum outro bruxo por ali, mas só aquela já serviria. E ela não parava de falar, tive que a interromper.

-- Não sei do que está falando, mas mexeu com gente grande. Se quiser continuar viva terá que vir comigo.

Consegui induzir um motorista que estava por perto a nos levar de carro até a fazenda. O coloquei em um estado de transe quando fez contato visual comigo.

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