Festa Arrepiante

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Minha semana foi produtiva. Tinha feito novas amizades, diversas entrevistas para trabalhar, até conseguir reaver a matrícula que havia perdido há quase um ano. Dali menos de dois meses eu começaria a realizar meu sonho.

Sexta-feira chegou e com ela uma festa da turma de uma de minhas vizinhas. Mesmo eu não gostando de festas, eu estava disposto a recomeçar minha vida. Então por que não me divertir um pouco e talvez pegar alguém? Bethy iria se encontrar lá com um carinha que ela estava afim.

Mesmo em um apartamento pequeno, nossa convivência era ótima. Tínhamos entrado em um acordo para dividir os afazeres domésticos e as despesas. Fiz mais uns dois jantares para outros vizinhos (todos colegas da faculdade de Bethy) para me enturmar. Bethy não queria me deixar sozinho, por isso toda noite tínhamos algum programa com os amigos. E muitos achavam que realmente éramos irmãos. Eu até estava me divertindo.

Bethy ficou umas 2 horas no AP das vizinhas escolhendo o "visual ideal", como ela me disse. Eu estava de jeans preto e uma polo verde musgo. Era a roupa que eu tinha que achava mais bonita...

-- Você precisa renovar seu guarda roupa... -Disse Beth sorrindo quando entrava em casa.

-- Se você continuar me carregando assim para tantas festas eu vou ter que ocupar metade do seu armário! -Respondi a cutucando.

-- Vamos? Estou ansiosa para chegar na festa!

-- A senhorita está muito gata! Vou ter que te proteger de algum metido a besta? -Digo tentando ser cordial e já pegando minha carteira e as minhas chaves.

Ela deu um sorriso e agradeceu.

-- Espero que você se divirta com alguém, já está na hora de, quem sabe, arrumar uma namorada...!!!

-- Ainda não encontrei a pessoa certa pra mim. Talvez um dia...

-- Mas até lá você me promete que vai continuar se esforçando para se divertir comigo? -Bethy me suplica.

-- Tudo bem. Vou tentar.

Eu decidi ser o "motorista da rodada" já que não bebo quase nada. Bethy já tinha bebido algumas doses com as amigas. No carro conosco estava Jully, como sempre me rodeando, e sua nova colega de quarto.

A festa já estava animada quando chegamos. Era em uma casa grande, com uma piscina gigante no quintal. Bethy logo encontrou seu "amigo" e saíram de perto para ter mais privacidade. Eu peguei um copo e me servi de refri.

-- Oi, gato! Você é o irmão da Bethy? Ela me pediu para ver como você estava...

-- Sou sim. E você? Digo, são amigas da faculdade?

Eu precisava treinar melhor para ter uma conversa decente se quisesse pegar alguma garota...

-- Sim. Temos umas 3 aulas na mesma classe. Você quer dançar?

Afirmando com a cabeça, eu já saí a puxando pro lugar onde uns casais dançavam.

Mal começamos a dança e ela já me lascou um beijo. Chupando e mordendo de leve meus lábios e travando uma briga com minha língua. Eu só me deixei levar sem sentir nada em especial. E nem sabia o nome dela ainda...

Quando o beijo da uma pausa eu pergunto:

-- Perdão! Não me apresentei devidamente. Sou Anthony!

-- Meu nome é Cássia, prazer. Você pode não me conhecer, mas metade das garotas do campus já conhece o gato do irmão da Bethy.

Eu não sabia que era tão popular. Depois de trocarmos mais pelo menos uma dúzia de beijos e outras carícias, mais da parte dela, Cássia foi ao banheiro com uma amiga. De repente chega outra garota se jogando em cima de mim. Me agarrando pelo pescoço e tentando alcançar minha boca. Percebi que ela já estava muito embriagada e não quis ser rude.

Estava olhando em volta pra ver se alguém poderia me ajudar quando eu cruzei meu olhar com uma princesa e meu coração parou de bater por um instante.

Seria uma miragem? Todos meus sentidos me alertaram para aquela beldade, eu estava vendo a coisa mais perfeita do mundo. Uma linda mulher alta, morena, de cabelos cacheados e compridos e de olhos verdes acinzentados.

Tentei me soltar rápido da garota que não tirava as mãos de meu pescoço quando percebi que a princesa caminhava em minha direção. Parecia estar desfilando de tão suave que ela andava. Meu coração sofreu outra parada quando ela me livrou da garota dizendo algo que nem quis entender para a garota, mas com os olhos fixados aos meus

Jully a puxou para tentar a tirar de perto de mim mas eu não podia deixar. Nunca ninguém tinha me feito sentir daquela forma. Segurei as duas pelo braço. Ainda sem conseguir desfazer a conexão de nossos olhares eu perguntei:

-- Não vai me apresentar sua amiga, Jully?

Mas sou ignorado por minha vizinha. Foi como se um fogo se acendesse em meu corpo e derretesse meus sentidos. Uma alegria imensa surgiu. Até aquela bendita raiva que sempre me acompanhava sumiu, como eu tivesse simplesmente a pego dentro de mim e jogado para longe. Ainda segurando no braço dela e : percebendo que ela compartilhava daquele estranho sentimento que eu tinha, eu a digo:

-- Espera! Não se vá ainda! Eu... Eu sinto que te conheço...

Nem pude acreditar quando aquela gata mais uma vez me olhou nos olhos e exclamou:

-- Você e eu seremos pra sempre um do outro!

Para minha surpresa, mais uma vez naquela noite, uma garota desconhecida me beijou. Diferente dos outros, este era o beijo mais quente e sedutor que alguém poderia dar... Nossos lábios se encaixando, nossa pele se roçando, dava impressão de sentir pequenos choques estimulantes. Isso fez esquentar minhas partes baixas rapidamente. Eu não conseguia nem raciocinar mais. Só desejava retribuir aquelas sensações com mais carícias, da melhor forma que eu sabia.

Tínhamos algo especial, uma forte ligação. Eu a beijava com a certeza de ser a coisa mais correta do universo. Feitos um pro outro, minha alma gêmea. Sentia que a conhecia a milênios. Como podia? Mesmo assim, tive a certeza de jamais ter a visto antes, e tínhamos uma química tão perfeita, que era impossível de desfazer essa ligação.

Fomos bruscamente interrompidos por alguém me dando um puxão. Era July dizendo que Bethy precisava de mim. Eu não queria me soltar daquela minha beldade. Bethy tinha muita gente para a ajudar ali. Mas Jully começou a falar um monte de coisas e por fim me puxou com uma força que não imaginava que aquela baixinha teria.

-- Acho melhor irmos até Bethy! -Minha princesa sussurrou em meu ouvido.

Eu e minha gata fomos praticamente carregados até a porta por Jully. Eu queria mais daquele beijo e não deveria ter ninguém ali. Até que olhei para a rua e vi aquela cena! Fiquei sem reação por um momento. Um peso saiu de mim, mas menos de um segundo ele retornou bem pior.

-- Luna!?!?! Onde estava?? O que houve??? Por que está nua???

Havia uma pessoa caída aos pés de Luna e ambas estavam sujas de sangue. Quando me aproximo percebo que aquele corpo estirado em meio a uma poça de sangue no chão, era o corpo de Bethy.






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