Vida Submissa

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Ravnos (Yuri)

Demoramos alguns dias para chegar, vendo que não podíamos viajar durante o dia. Nos alimentamos muito bem quando Drácula disse que estávamos próximos, já no meio do nada. Era uma floresta úmida, em algum lugar da Índia, segundo Rebeka me informou. Até passamos por um ou dois casebres que deram a impressão de estarem abandonados. Só haviam árvores e mais árvores ali. Não se ouvia nenhuma coruja ou outro bicho noturno. Sentia apenas um odor desagradável.

Levei um pequeno susto quando de trás de uma rocha saiu um homem nu. Ele encarava Drácula com um sorriso maldoso.

-- Então você voltou!?! E trouxe amigos para brincar?!? - O homem nu falava sem pestanejar com meu criador.

-- Ah querido irmão! Não achou que eu voltaria sem mudar nada em nossas batalhas? -Drácula o questionou.

-- Aprendeu como é inútil lutarmos um contra o outro? Então trouxe mais gente para me distrair?

-- Ora Lucius! Depois da sua traição não há mais nada que eu deseje que não seja sua morte.

-- Já te disse inúmeras vezes que aquela bruxa enganou a nós dois. Não tive nada a ver com isso.

Aquilo pareceu deixar meu Rei mais nervoso. Penso que ele tinha raiva por ter se tornado algo ruim para a humanidade enquanto seu irmão era apenas um lobo. Automaticamente suas presas apareceram e seus olhos de tornaram inteiramente negros.

Nós sete já estávamos rosnando, prontos para atacá-lo, só aguardando o consentimento de Drácula. Seria uma presa fácil para todos nós. Foi quando sentimos a presença de mais seres por perto.

-- Você não pensou que eu também estaria sozinho, irmão? Também tenho a minha... alcateia! - Informou Lucius com um sorriso irônico.

Neste momento, nove lobos surgiram de trás da mesma pedra. Eram enormes. Drácula havia nos passado tudo o que sabia daquela espécie, mas nunca imaginei que seriam tão grandes. Chegavam a bater no peito daquele homem que conversava com Drácula.

Uma grande quantidade de pelos começaram a surgir no corpo de Lucius, ao mesmo tempo que ele se curvava, suas mãos se tornavam patas e seu rosto afinava, esticando para frente. Em questão de segundos, onde antes havia um homem, agora tinha um lobo negro gigante.

O lobo negro saltou tentando atingir o pescoço de Drácula que deu um passo para o lado para escapar. Sorrindo, ele agarrou o irmão por trás da cabeça e o arremessou em uma árvore. De repente haviam dois lobos em cima de mim. Eu os segurei no ar, um em cada mão e bati suas cabeças uma contra a outra e os jogando de volta ao chão com força, na tentativa de deixá-los inconscientes. Fez um alto barulho, mas eles só cambalearam e voltaram até mim.

Dei uma rápida olhada em meus companheiros. Elizabeth também lutava com dois lobos. Os dominando bem. Alek parecia encurralado mas o lobo com quem ele lutava se distraiu vendo Higor virar morcego como se fosse mágica. Higor estava enlouquecendo seu oponente, desaparecendo e aparecendo de novo por trás dele. Rebeka e Mirian lutavam juntas com outros dois lobos e Henry era tão rápido que não o vi naquela hora. Os dois mais antigos também estavam ferrados na luta.

Fui arrancado de meus devaneios quando um lobo pulou em meu pescoço. Eu não podia mais me distrair. Ele arrancou um pedaço de carne e cuspiu meu sangue. O outro tentou me jogar no chão mas eu quebrei a pata dele. Ele pareceu não sentir e saltou de novo em mim. Dessa vez eu o agarrei pelo pescoço segurando como todo meu braço e puxei sua cabeça para trás. Ele estava ficando sem ar quando seu amigo me jogou ao chão e eu o deixei escapar.

Tudo acontecia muito rápido e o silêncio que reinava naquele lugar minutos antes, foi substituído por altos rosnados, uivos agudos e ossos se partindo. Havia cheiro de sangue também, mas naquele momento eu não diferenciei se era dos nossos ou deles.

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