Capítulo 10 - Noite sem fim (Parte 3)

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Marina

Eu estava totalmente derrotada, essa era a palavra certa pra definir meu estado de espírito naquele momento. Até agora eu sentia dor, frio, fome, medo. Mas não iria ceder, nunca roubaria o Chris. Todas as vezes que meus olhos cruzavam com os de Theodoro eu sentia confiança. Aquele olhar safado, de homem vagabundo não havia mais nele. Tinha um olhar cuidadoso, protetor e se não fosse por ele, acho que eu já teria desistido de lutar contra eles.

Vejo quando o homem enorme e feio vai em direção a Theodoro e aponta uma arma pra ele. Uso o restinho das forças que eu nem sabia que tinha, me levanto correndo somente de lingerie e entro na frente de Theodoro num pulo.

- NÃO! Não vou deixar você matar ele.

- Sai da minha frente loirinha, ele diz já irritado.

- O que você está fazendo? Theodoro me olha espantado, olho pra ele e volto meu olhar para o feioso.

- Se matar ele tem que me matar também! Olho para Bruno ou Sérgio, sei lá o nome dele.

- Irmão, por favor, Bruno-Sérgio pede. Sei que facilmente ele me empurraria e mataria Theo, mas acho que o irmão não queria, vai saber. - Se matar ele a polícia vai cair matando em cima da gente, deixa quieto, vamos embora, já estamos com o dinheiro.

Ele me fita mais uma vez e olha Theodoro.

- Pega suas coisas, to te esperando no carro.

- Tá bom.

Ele me olha, com ódio e desprezo, me dá mais um murro no rosto! Deus, como isso dói, dessa vez bato forte contra a parede, sinto que quebrei algo de tanto que dói, caio no chão, ele me dá um chute na barriga... dor, dor, dor!! - Theo. Consigo ouvir seus gritos, sussurro o nome dele, fica tudo escuro.

Theodoro

- SEU DESGRAÇADO, VOU TE MATAR, VOU TE MATAR!

- Hoje não policial, e sai.

Sérgio vem andando devagar, eu estou me debatendo na cadeira em vão, meu pulso está todo cortado, mas nada se compara a dor de ver Marina daquele jeito. Ele está com um pano, se aproxima dela, sente sua respiração, pega o pano, limpa um pouco do sangue do seu rosto.

- Tira suas patas dela, vou matar vocês dois, eu só dava conta de gritar isso.

Ele dá um beijo no rosto dela...

- Não encosta nela, não toca nela. Ele me olha, vejo tristeza no seu olhar pelo que o irmão acabou de fazer. Ele deixa o pano do lado dela, tira uma chave e um celular do bolso, é a chave das algemas, meu celular, coloca na mesa onde antes tinha o notebook. 

- Quando ela acordar, ela te solta e você chama alguém pra ajudar ela.

Ele não queria que ela morresse ali. E sai. O desespero toma conta de mim. Marina tem que conseguir acordar...

(...)

Marina

- Marina, Marina, acorda, abre os olhos. Por favor, acorda. 

Mal consigo abrir os olhos, meu corpo dói todo, não consigo respirar meu Deus!!! Meu ombro dói muito, eu grito de dor!!! 

- Ahhhhhhh, não consigo respirar, meu ombro, que dor... eu chorava descompassada. Quanto mais chorava mais doía.

- Marina, olha pra mim... Ergo a cabeça, Theo continua do mesmo jeito. - Meu bem, precisa levantar, precisa pegar a chave da algema pra eu me soltar e tirar a gente daqui, por favor Mary.

_ hum..... Eu não tinha forças pra nada, estava com sono, vou voltar a dormir. Uma voz no fundo fala comigo.

- Mary, por favor, não dorme, você aguentou até aqui, vamos linda! Me ajuda.

Mesmo sem conseguir entender muito bem o que estava acontecendo, olhei pro lado e vi a mesa.

- Isso Mari, tenta ir até ela, pega a chave que está lá, por favor! Me arrasto até a mesa, que dor é essa meu Deus, vou morrer aqui... Ergo meu corpo escorando na mesa, vejo a chave, pego e continuo escorando na mesa. - Mari, isso, vem aqui com a chave meu bem, você consegue, vem até mim... Busco de novo minhas forças e me viro pra Theodoro. Vou devagar até ele, nem evito mais de chorar, ficar segurando o choro não é fácil com tanta dor, olhei pra minha perna, escorria um sangue grosso, eu estava ficando tonta de novo, consegui chegar perto de Theodoro, passei por ele e coloquei as chaves na sua mão. Me escorreguei pelo chão encostada na cadeira, não tinha mais forças.

Theodoro abriu suas algemas, desamarrou seus pés e me apoiou no seu colo. Eu chorava baixo, até minhas forças pra chorar se foram. Ele cochichou algo que eu não entendi. Me deixou lá, levantou e foi até a mesa, depois voltou e se sentou comigo.

- Alan? Sim, sim, estou bem, vou deixar meu celular ligado, rastreia.. Vem com uma ambulância, Marina precisa de um hospital urgente.

Eu olho pra ele, ele senta no chão, tira a farda, me coloca no seu colo, cobre meu corpo. 

- A ajuda já vem pequena, você foi muito forte, sinto muito que tenha passado por isso, fica comigo, já acabou... - O sono vem, quero dormir... - Não pequena, não dorme, fica comigo, não dorme.. E tudo escuro.


Um amor de DelegadoOnde histórias criam vida. Descubra agora