Capítulo 7 - O Motorista - Parte 2

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Marina

- Vai com calma, ninguém precisa saber que você está nervosa - Bruno vai me dizendo o que fazer e eu só balanço a cabeça. A única coisa que consigo pensar é o que ele quer comigo.

Respiro fundo e vou tirando o carro devagar pelo estacionamento, o vidro está aberto e sinto o suor escorrer pela minha testa. Alguém coloca a mão no vidro do carro. Dou um pulo de susto. Olho pra cima e vejo Theodoro na minha frente. Olho fundo nos olhos dele tentando pedir ajuda, mas o cafajeste quer mesmo é me cantar. Bruno está no banco de trás do carro, e sinto sua respiração ficar cada vez mais rápida.

- Me dá uma carona pequena? - Theodoro pede e parece não perceber a presença de Bruno no banco de trás.

Olho no fundo dos olhos dele de novo e balanço suavemente minha cabeça dizendo não, mas ele não se dá por vencido.

- Para de bobeira, vamos pro mesmo lado. Ele dá a volta e senta no banco da frente, e só agora percebe Bruno no banco de trás e diz, oi, grosso e forte. Bruno só assente com a cabeça.

Eu aperto forte minhas mãos contra o volante, até dói, penso comigo mesmo, agora que vai dar merda de verdade, se acalma Bruno, não machuca o Theodoro. Eu estava lá, sendo sequestrada ou algo assim, e to preocupada com o mauricinho do Theodoro, perdi o juízo mesmo.

Saio com o carro e Bruno me diz pra seguir reto.

Theodoro

Vejo a pequena saindo com o carro e aproveito a deixa. Quando Marina olha fundo nos meus olhos eu vejo que ela quer falar algo pra mim mas não consigo decifrar. Ela nega minha carona, mas uma força maior me diz que tenho que entrar naquele carro com ela. Entro no carro da pequena com um sorriso feliz, vou conseguir o que eu quero sim senhora, e quero você de 4 pra mim, hoje ainda se possível! Haha... não tinha percebido aquele escroto no banco de trás, não acredito que dei essa mancada, ela tava saindo com o cara, que lerdeza a minha, nunca comi uma bola assim não. Pior, to de vela num silêncio de doer. Vejo a pequena apertando sua mão no volante do carro, ela está desconcertada e pela primeira vez também estou, olho para fora do carro pelo vidro e penso que estou fazendo papel de bobo, quer saber, dessa vez eu perdi, pra um magrelo sem sal nem açúcar, vou descer, to passando vergonha.

- Policial Marshal, poderia me entregar sua arma por favor? - Saio dos meus pensamentos e escuto aquele escroto falando comigo. Ele tá ficando louco, me viro pra ele com um sorriso de vontade de matar e já ia responder quando vejo ele com uma arma na nuca da Marina.

- Mas que porra tá acontecendo aqui? Eu meio que grito.

- É só um sequestro senhor, mas por favor, me entregue a arma.

Olho pra Marina com cara de espanto, ela tá envolvida nisso? Mas vejo uma lágrima escorrer do seu olho e ela limpa com a mão antes mesmo de alcançar sua bochecha, só aí entendo. Ele estava sequestrando ela e eu me intrometi, por isso ela não queria que eu entrasse no carro, estava me protegendo? Como assim?

- Calma cara, vamos resolver isso, primeiro tira a arma da cabeça dela, ninguém tem que se machucar.

- Por favor policial, faça o que eu mando, e engatilha a arma que está em sua mão. Marina dá um pequeno pulo, assustada.

- Ok, vou tirar a arma da cintura bem devagar.

Entrego a arma pra ele e olho pra Marina que me devolve o olhar, agora consigo entender, era um olhar de ajuda, burro, tá pensando tanto em ter essa mulher na cama que ignorou todos os sinais de perigo. Marina olha pra frente de novo e aperta sua mão mais uma vez no volante do carro. Dessa vez dá pra ver as marcas amarelas e roxas do sangue que para a circulação em sua mão de tanta força que ela faz. Então, sem pensar eu repouso minha mão sobre a dela no volante:

- Calma, vai ficar tudo bem. Sinto minhas palavras saindo sem nenhuma confiança, mas precisava tentar. Fico olhando minha mão enorme perto da mãozinha minúscula de Marina, consigo cobrir a mão toda dela. Tenho que proteger essa garota. Ela tbm olha pra minha mão e sinto ela aliviar a força que faz contra o volante.

Levo uma pancada tão forte na nuca que minha cabeça dói instantaneamente, e o escroto parecendo louco. Bateu com o cabo da arma na minha cabeça, sinto um fio de sangue descendo.

- Tira sua pata da minha princesa.

O negócio vai dar ruim. Marina dá um soluço de quem segura o choro.

Faz uns 5 minutos que estamos andando, todos em silêncio, eu mais tentando pensar em um jeito de tirar Mary daquela situação, penso em tentar acelerar o carro de uma vez e frear bruscamente, poderia conseguir dominar ele, mas olho pro lado e vejo que Marina está sem o cinto de segurança, porque Deus?

Na mesma hora resolvo esse problema, ela não pode ficar sem o cinto, ainda mais nas condições em que está dirigindo, ela estava visivelmente nervosa e um acidente estava fácil de acontecer, também pensava que puxar conversa com ela seria uma maneira de tentar acalma-la.

- Mary, coloca o cinto, por favor, eu digo pra ela. Ela resolve olhar pra mim, ela olhava tão fixamente pra frente que não dava pra saber o que se passava na cabeça dela. Sem me dizer nada ela puxa o cinto mas não consegue prendê-lo, sua mão treme demais.

- Só vou ajudá-la com o cinto, digo a ele pegando o cinto em sua mão e encaixando com cuidado. Na hora que tiro minha mãos toco levemente na cintura dela e depois coloco minhas mãos sobre minhas pernas, por ordem dele, queria sempre ver minhas mãos.

Percebo como Marina dá leves suspiradas quando encosto nela, como se buscasse alivio pra sua tensão, estávamos numa situação mais que maluca, e eu só me preocupava com ela.

Depois de 10 minutos ele ordena que ela pare o carro.

Marina frea o carro bruscamente.

Um amor de DelegadoOnde histórias criam vida. Descubra agora