Capítulo 12 - Acabou (Parte 2)

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Theodoro

- COMA???? Dr, pelo amor de Deus, isso é sério?

- Infelizmente sim, vamos mantê-la em coma na UTI até seu corpo se recuperar de todos os traumas.

- Podemos vê-la? - Chris pergunta

- Pelo lado de fora do vidro sim. Um de cada vez, e só 5 minutos cada.

E assim o fizemos, primeiro foi o Chris, voltou cabisbaixo, mas sem chorar, depois foi a Fabi, voltou desolada, Chris a acalmou em seus braços e depois eu entrei. Vi minha pequena como se dormisse calmamente (Minha pequena? Sim, era minha, mas estava se perdendo), a expressão de dor não havia mais em seu rosto suave, eles haviam limpado todo o sangue, mas ainda se via as marcas da tortura. Só se ouvia o som daqueles aparelhos e eu daria tudo pra poder pegar na mão dela de novo. 

- Senhor, tem que sair daqui, uma enfermeira me disse, eu a olhei derrotado. - Ela é forte senhor, vai sobreviver. Dei um sorriso murcho pra ela e saí. 

- Theo, vamos pra casa, tomamos um banho, tiramos um cochilo e voltamos mais tarde.- Chris me disse.

- Não, eu fico aqui com ela. Fabi foi taxativa. - Vão vocês.

- Tá, eu volto mais tarde. - Eu não queria sair de perto dela mas precisava mesmo de um banho.

No caminho Chris me contou sobre os pais de Mary, de como ela sofreu e despois se reergueu. Explicou muito sobre a amizade dela e da Fabi e de como confiava nela na empresa, em todos os momentos que Chris se ausenta Mary toma seu lugar, ele pensava até em promover ela como sócia, mas tinha medo de mim e do papai não aceitarmos, já dei meu aval.

Tomei meu banho mas não dormi, fui direto pra delegacia me informar do andamento do caso. Já sabíamos quem era os dois irmãos e estávamos investigando o paradeiro deles nos últimos meses para tentarmos encontrá-los. Fiquei na delegacia o dia todo, estava quebrado, mas não poderia parar de investigar. As 5 da tarde Fabi me liga. 

- Theo, eles vão tirar ela do coma e colocar no quarto, ela tá melhorando. - Sua voz chorosa de felicidade me fez sorrir. Corri pro hospital. - Theo, esse é o Dr Sanches, tá cuidando da Mary. - Fabi, me apresentou.

- Como vai doutor? Tem novidades?

- Sim, Marina não tem febre, sua oxigenação tá boa e respondeu bem aos medicamentos, vamos leva-la pro quarto, ainda ficará sedada mas poderá ter acompanhante.

Nem deixei Fabi falar.

- Fico com ela essa noite Fabi. 

- Tem certeza, sei que não dormiu nada.

- Eu durmo aqui, vamos revezando, sei que você também não dormiu.

- Ok, vou pra casa e volto amanhã de manhã.

- Ela já está no quarto, pode me acompanhar.- Segui o doutor.

Finalmente pude pelo menos ficar perto da minha pequena. Me encostei no sofá que havia perto de sua cama e dormi segurando suas mãos, eu estava quebrado.

(...)

2:00 da manhã

- Mãe, não vai, amo você, pai fica, por favor, não me abandona.... Amo vocês.. Pai, mãe!!!

Marina se agitou, acordei assustado, ela falava entre os dentes, chorava muito, os aparelhos apitavam sem parar. Uma enfermeira entrou correndo, chamou o doutor, disse que ela estava em algum tipo de choque, entraram, me tiraram de lá, fiquei olhando pelo vidro. O que houve? Porque ela piorou? Ela estava bem...

Se passaram uns 15 minutos e me deixaram entrar, estava somente o médico e uma enfermeira anotando umas coisas.

- Diminuímos o medicamento, mas ela não reagiu bem, voltamos a dopá-la, sinto muito!

- Mas e agora, ela acordou, não foi?

- Não, a febre aumentou muito, ela delirou, tivemos que aumentar a medicação. Ela tá estável, mas ainda é cedo pra saber quando e como ela vai acordar.

(...)

Já fazia dois dias que Mary estava inconsciente naquele hospital. Eu, Fabi e Chris revezávamos para ficar com ela. Nesses dias tenho aprendido a admirar minha cunhada. Sempre achei ela meio patricinha, mas na atual situação ela tem sido como uma irmã de Mary, cuida dela, limpa seu rosto diariamente, faz suas higienes sem ter nojo, Mary com certeza estava muito bem amparada. Geralmente Chris ficava de manhã, Fabi a tarde e eu a noite. 

Cheguei por volta de 18h pra trocar de lugar com Fabi.

- Amiga, eu te amo, não abandona a gente. Luke tá com saudade de você.

- Oi, eu lhe disse baixo. Ela se levantou, seu rosto estava molhado pelas lágrimas, coloquei minha mão no seu ombro para confortá-la. 

- Então, quem tem cuidado do Luke? 

- O porteiro do prédio, tem até levado ele pra passear, sabia que arrumou uma namorada pra ele? É, ele anda tendo encontros amorosos, Mary não vai gostar nada disso, morre de ciúmes dele, ela riu um pouco limpando as lágrimas do seu rosto.

Conversamos um pouco mais sobre assuntos bobos e Fabi foi embora as 19, deu um beijo na testa de Mari, um em minha bochecha, nessa hora meu irmão chega na porta para  pega-la. Ela o abraça forte e os dois vão. 

Minhas noites tem sido dormir sentado, segurando a mão de Mari, e no dia tentando prender os desgraçados que a machucaram.

(...)

Acordei com Chris me chamando, geralmente quando ele chega já estou de pé esperando por ele, mas hoje eu estava tão cansado, já estávamos há 4 dias nesse ritmo. Ele na verdade veio me dizer que precisava participar de uma reunião agora de manhã e que Fabi não estava se sentindo muito bem, ele achava que era o stress, então eu fiquei com Mary na parte da manhã também.

Um enfermeiro entrou no quarto, penteou os cabelos de Mary, passou as mãos suavemente em seus rosto, é assim mesmo que eles fazem? Estremeci de ódio.. Ciúmes?? Não sei, esse sentimento eu não conhecia. Abriu a janela, disse para deixar entrar o sol um pouco no quarto, o sol da janela batia nas pernas de Mary, e refletia levemente nos seus cabelos agora sem brilho, olhei bem pra ela naquela cama, percebi que tinha emagrecido, sua pele estava opaca, mas mesmo assim eu ainda queria ela comigo.

Chris chegou por volta de 3 da tarde, disse que Fabi realmente estava muito abatida. Ele iria ficar a tarde. 

- Pequena, volta pra mim, por favor, não pode me deixar aqui assim... - Encostei meus lábios levemente nos seus me despedindo e fui pra casa. Não tinha condições de ir pra delegacia hoje.

Tomei um banho e apaguei, não sei bem quanto tempo dormi, mas acordei desesperado. Senti falta de Mary, levantei e corri pro hospital,  já era 10 da noite, eu não poderia trocar de lugar com Chris, a troca era até as 19 somente, mas eu fui mesmo assim.

O médico me deixou entrar, sabia dos nossos sacrifícios, então nem questionou. Chris se despediu de mim e foi pra casa, ele também estava preocupado com Fabi.


Um amor de DelegadoOnde histórias criam vida. Descubra agora