Capítulo 24 - O pesadelo voltou (Parte 2)

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Theodoro

Ódio me definia naquele momento.

As roupas de Mary estavam todas rasgadas em cima da sua cama, seu colchão estava destroçado, provavelmente feito por uma faca. Na parede estava escrito "Não devia ter transado com ele". Escrito em batom vermelho, o mesmo que ela usou de manhã. Mas foi quando entrei no closet que o terror se apossou de mim. 

Luke estava no chão, sem vida, com um tiro no corpo e uma poça de sangue havia em seu redor. Na sua boca havia muito sangue, sinal que lutou com quem entrou no apartamento. Me virei pra trás pensando em como Marina ia reagir a tudo, quando a vejo parada na porta do quarto. Ela estava com as mãos na boca tentando esconder o horror que estava sentindo com tudo que estava vendo. Quando ela me olhou parece que entendeu o que eu tinha visto no closet. Marina veio correndo e eu a segurei com todas as minhas forças.. Ela se debatia e gritava tentando escapar de mim e entrar e eu aguentei cada arranhão e murro que ela me dava, sabia que aquilo não era ódio, era desespero.

- Eu quero ver ele, Luke.. Luke.... - Marina gritava chorando desesperadamente.

- Não pequena, não vai lá. - Eu falei deixando as lágrimas descerem pelo meu rosto.

Gilson também veio em meu encontro e tentou segurar Mary.. Depois que ela parou de me bater e só chorou nos meus braços com as mãos em seu rosto tentando esconder seu desespero, Gilson entrou no closet e chorou alto. Num golpe rápido Marina se soltou de mim e foi até o Luke. Que dor meu Deus, de novo Mary sofrendo, eu não conseguia consolar ela.

Marina se deitou sobre o corpo sem vida de Luke e chorava desesperadamente e gritava tentando aliviar a dor que estava sentindo. 

- Não... Deus.... Isso não!!! - Marina estava descontrolada e eu tinha uma fúria em mim que nunca imaginei sentir por ninguém. 

Passei o telefone de Chris e Allan e pedi para Gilson ligar pros dois, para Allan pedi pra trazer reforço.

Em 10 minutos estavam todos lá. Gilson subiu com eles. Mary estava deitada em meu colo como um bebê frágil e desamparado. Eles entraram na casa e Chris ficou atônito quando viu Luke. Ele também chorou.

- Chris, leva Mary pra sua casa, ela precisa de um banho e um calmante. (Mary parecia um zumbi, não se mexia e nem falava, só chorava baixo, estava toda cheia de sangue de Luke, uma cena difícil de ver, pra mim que a amo tanto).

- Tá bem irmão, precisa de algo mais? 

- Não, me viro aqui. - Olhei para Mary. - Pequena, vai com Chris, te encontro mais tarde.

Mary balança a cabeça negativamente, ela não parou de chorar nenhum minuto. Eu suspirei derrotado por ver minha mulher daquele jeito, mas mesmo assim a levantei nos braços e a coloquei no colo de Chris.

- Cuida dela, por favor.

Chris me olhou com olhos de cumplicidade entre irmãos, e levou Mary no colo até o carro.

Agora sim eu poderia soltar minha raiva. Quebrei  o pouco dos móveis que haviam ficado intactos pelo apartamento. Parece que entendendo meu momento, Allan me esperou passar pelo estado de fúria e depois fomos pensar no que havia acontecido.

- Primeiro precisamos saber como ele entrou  Marshall. - Allan foi conduzindo, eu não estava em condições. - Gilson, autorizou a entrada de alguém?

- Não senhor.

- Tem câmera de segurança no corredor neh! Vamos olhar.

Quando ele disse isso eu me acalmei por um minuto. Tinha que estar lúcido para conseguir investigar. Fomos olhar as imagens. Um homem entrou no apartamento, ele forçou a porta, mas não havia passado pela portaria. Gilson olhou fixo na câmera.

- É o morador do 501. - Olhei imediatamente para Allan e subimos para o apartamento 501 acompanhado com mais policiais.

Arrombamos e entramos, cada um vasculhando um cômodo. De repente Allan me chama de um dos quartos.

- Cara, olha, se controla, o que vai ver agora pode ser assustador.

Só assenti com a cabeça. Quando entrei no cômodo quase caí de costa. Era um quarto, toda a extensão da parede tinha fotos da Mary.. De todas as formas, em todos os lugares, entrando na empresa, entrando na minha casa, entrando no apartamento, passeando com o Luke, fotos minhas com ela, ela a vigia 24 horas. Quanto mais eu olhava mais horror eu tinha. Havia uma cômoda com uma TV em cima, as gavetas estavam vazias, mas uma tinha algumas roupas, quando eu olhei, eram só peças íntimas de Mary, havia calcinhas, sutiã. Muitas peças. Quando liguei a TV fiquei ainda mais perplexo, se isso era possível. A imagem transmitida era do quarto da Mary, pelo local onde a câmera estava se via todo o quarto dela, ele nos viu fazendo amor o tempo todo... Era isso que tinha despertado o ódio dele. Eu tinha que matar aquele filho da puta.

(...)

Estava inconformado. Ele estava ali, praticamente do nosso lado o tempo todo. E eu não vi. Voltamos para o apartamento de Mary e a perícia começou a olhar tudo, pedi pra arrumarem um jeito descente de enrolarem Luke, ia enterrar ele no jardim de casa. Eu só conseguia sentir ódio, culpa e uma dor imensa por saber que agora sim, ele havia machucado Mary de verdade. Olhei para Allan.

- Não quero esse filho da puta preso.

- Nem eu cara, vamos matar ele.

Montamos uma equipe com os melhores policiais e agora sim, os dias desse escroto estavam contados. Fiquei mais umas 2 horas olhando os dois apartamentos em busca de qualquer pista que pudesse ajudar quando Allan me chamou.

- Cara, vai pra casa cuidar de Marina, terminamos aqui, amanhã cedo juntamos tudo o que descobrimos.

Liguei para o Chris.

Ligação On

- Como ela está irmão?

- Dormindo, com uma dose cavalar de calmante que Fabi a deu.

- Tá, vou pra delegacia, temos algumas pistas que ele deixou pra investigar.

- Falô mano.

- Falô. 

Ligação OFF

Me virei pro Allan. - Vamos pra delegacia, ela tá dormindo, quando acordar quero ter algo de concreto para dizer pra ela.

- Você manda Marshall.

E seguimos para a delegacia com tudo que conseguimos juntar nos dois apartamentos.

Um amor de DelegadoOnde histórias criam vida. Descubra agora