Capítulo 27 - Amizade (Parte 2)

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Theodoro

Fiquei esperando Marina dormir mas eu não dormi. Sua respiração ainda estava ofegante depois do que fizemos, mas o sono veio bem rápido. No início achei que não era hora nem lugar pra fazer aquilo, mas eu precisava tanto de Marina que quando ela me permitiu te tocar acendeu um fogo em mim que eu sabia que só ela poderia apagar. Foi intenso, como eu sempre sinto ela comigo.

Assim que ela dormiu fui atrás de Fabi, tinha que entender o que tinha acontecido. Fabi estava deitada no colo de Chris que acariciava seus cabelos enquanto ela estava distante, quieta.

- Fabiane.

- Estava te esperando, sabia que não ia conseguir dormir.

- O que foi aquilo lá em cima? 

- Mary teve uma crise de pânico. 

- E isso acontece com que frequência?

- Essa é a terceira vez que eu vejo. Gostaria que meus tios estivessem vivos para eu perguntar se eles já tinham visto ela assim. Acho que você também presenciou um dia mas diferente, elas são sempre diferentes.

- Nunca vi Mary assim- Meio que retruquei com Fabi.

- A primeira noite dela no hospital, quando ela teve pesadelos horríveis que os médicos só conseguiram acalmar com remédios, acho que foi uma crise. Eu não estava perto pra confirmar, mas ela sua frio, começa a tremer. Perde a noção da realidade.

Nessa hora lembrei daquela noite, Mary passou por tudo isso mesmo.

- E das outras vezes?

- Eu só vi acontecer quando os tios morreram. Foram dias de sofrimento. Até que eu a obriguei a ir num psicólogo e descobrimos. E depois.. Bem.... - Fabi procurou palavras para falar.

- Quando foi a outra vez? - Eu sabia que não ia gostar do que iria ouvir, escutei eles falando do tal de Israel.

- E depois quando ela catou o Israel transando na cama dele com uma menina. Nesse dia a crise não foi tão forte, mas ela ficou abalada.

Meus nervos foram ao nível máster, raiva, ciúmes. Cara vagabundo.

- Sempre que algo de ruim acontece desencadeia isso nela. O psicólogo nos encaminhou pra outro profissional que é especialista. Ele disse que sempre que isso acontece temos que encontrar o gatilho e tentar acalmá-la. O remédio só faz ela dormir, mas não apaga o medo dela.

- Medo?

- Ele acha que Mary tem medo de ficar sozinha no mundo. Não sabemos se nasceu com esse medo, se desenvolveu na infância ou se foi quando os tios morreram. Eu sinceramente acho que foi a perda deles. E ela perdeu o Luke e você não voltou pra casa. Ela sentiu que perdeu os dois, entende? - Nessa hora Fabi chorou. Chris me olhou e me senti culpado com seu olhar. Como se eu realmente fosse culpado por ter deixado Mary sozinha.

- Eu nunca vou abandona-la. Vou cuidar dela pra sempre, eu a amo Fabi. 

- Minha amiga só finge que é forte, mas ela precisa muito de nós.

- E sempre nos terá. - Fiquei um pouco perdido nos meus pensamentos quando o sono começou a vir devagar, estava meio cochilando no sofá, Chris me chamou. 

- Ei mano, vai dormir com Mary.

Subi pro quarto e me deitei do lado dela, quando ela acordasse eu estaria lá pra ela.

(...)

Dois dias se passaram. Assim que as coisas foram acalmando eu levei Mary em definitivo pra minha casa, fizemos a mudança, pedi até pra reformar meu quarto, Fabi que cuidou disso. Deixei com mais cara de casal e menos cara de quarto de homem. Mary chegou meio em dúvida, mas foi aceitando o lugar. Os dias foram passando devagar e Mary só ia trabalhar e voltava pra casa, não saía, quase não comia, dormia mal, tendo pesadelos todos os dias e chorava muito. Foi quase uma semana assim, eu via que ela escondia de Fabi que estava assim, então resolvi dar o passo. Era sábado, acordei e liguei pra Fabi.

Um amor de DelegadoOnde histórias criam vida. Descubra agora