Capítulo 8 - Noite sem fim

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Theodoro

Percebo que Mary parou no meio da rua, vinha um carro atrás dela que desviou, buzinou forte e a xingou de algo que não conseguimos prestar atenção. O escroto tira um controle do seu bolso e abre um enorme galpão que estava do nosso lado e pede para Mary entrar.

Mary entra com o carro e bate forte em umas caixas que se encontravam na frente do galpão. Me pareceu caixas para que quem passasse em frente não conseguisse ver o que tinha lá dentro. Mary não bateu de propósito, ela fez isso porque estava sem controle nas pernas. Eu estava angustiado por ela. Como policial faz parte da nossa vida passar por vários momentos de perigo. Já enfrentei bandido, tiroteio, mas Mary não. Estava ali, imóvel, ainda segurando no volante, parecia que nem estava ali, que sua cabeça estava em outro lugar.

Meu segundo pensamento era que descendo do carro eu conseguiria pegar aquele escroto facilmente, ele era bem menor do que eu, só tinha que arrumar um jeito de não colocar Mary em perigo. Foi quando olhei pra frente e vinha um homem na nossa direção. Ele é tão grande quanto eu, tinha uma enorme cicatriz no rosto, e também uma arma em mãos. Droga, outra ideia pelo ralo.

Ele se aproxima da porta do motorista, abre e estica sua mão pra Mary:

- Pode descer loirinha.. Vontade de matar ele.

Mary desce do carro sem encostar nele, ele segura seu braço com força, a vira de costas pra ele e coloca a arma em sua cabeça. De novo essa arma na cabeça de Mary, até quando ela vai aguentar sem surtar caralho! Ele dá um sinal pro escroto dentro do carro, que desce e abre a minha porta.

Quando saio do carro percebo o olhar do "Cicatriz", como se dissesse, nossa, esse eu não derrubo fácil. E não mesmo meu irmão, tenta a sorte pra você ver.

Passo o olho rápido no galpão. Ele está vazio praticamente. Perto de nós havia uma mesa e uma cadeira, e do lado uma cadeira que estava fixa no chão com parafusos. Arrisquei que era onde eles deixariam Mary presa. No fundo tinha colchões e geladeira, acho que os dois dormiam ali.

O escroto tirou minhas algemas da farda, passou minhas mãos pra trás e me algemou. Apertado caralho!! Não conseguia mexer os punhos. Eu não desviei o olhar de Mary por nenhum minuto e ela também fixou seu olhar em mim. Ela buscava conforto em meu olhar, e era só isso que eu queria fazer, confortá-la.

Me sentou na cadeira que estava fixa no chão e amarrou minhas pernas nas pernas da cadeira, ok, ia ser difícil sair dali.

- O que vocês querem? - Eu precisava entender o que estava acontecendo.

O Cicatriz ergueu a sobrancelha pra mim e depois olhou pro escroto. _ Ele é irmão do Christopher, o escroto disse. Ele ainda avaliou se explicava ou não o que fazíamos ali, mas acabou cedendo.

- Ah tá, o cicatriz começou.. Há uns meses atrás, seu irmão Christopher cancelou um contrato milionário que encheu os bolsos dele e deixou boas pessoas na miséria, eu e meu irmão somos uns poucos deles. Para manter aquele contrato ativo tivemos que fazer coisas ilícitas, vamos assim dizer, e achamos que merecemos uma recompensa por isso. Por isso quando ficamos sabendo que Christopher que ficou com o valor da rescisão do contrato decidimos pegar nossa parte de volta. Mas o tal do Chris é inalcançável, cheio de seguranças o tempo todo. Vigiamos um pouco a esposa gostosa dele, mas é a mesma coisa, sempre com seguranças. 

- Meu irmão se infiltrou na empresa dele, como motorista, tentando uma brecha para pegar Chris, mas era quase impossível. Até que o olhar dele se desviou pra loirinha aqui. Ela não tem segurança algum, e por incrível que pareça, conhece mais do financeiro do que o próprio Chris, que doido varrido deixa sua melhor funcionária assim? Agora bastava saber se ela sabia do contrato. Meu irmão Sérgio aqui começou a acompanhar a loirinha diariamente tentando se aproximar dela. Infelizmente ele se deixou levar pelos encantos dela, neh maninho! - Sérgio, de longe olhou para Marina e lhe deu um sorriso malicioso.

- Enfim, hoje mais cedo, quando Chris entregou vários documentos para a loirinha tirar cópias tivemos certeza de que ela sabia de tudo do contrato e então sabíamos que ela era nossa porta para pegarmos o dinheiro que queremos. Então loirinha - Ele se virou para Mary que estava parada na frente dele sem abrir a boca - Queremos nossa parte do contrato e você vai nos dar. 1 milhão de reais. - Mary olhou fixamente nos olhos dele, tinha raiva dele, eu podia sentir isso e respondeu debochada.

- Me desculpe, esqueci meu talão de cheques em casa.

Ouvi um estralo alto, algumas gotas de sangue espirraram no chão perto de mim. Ele esbofeteou Mary, filho da puta!!! 

- NÃO FAZ ISSO!! Gritei apavorado.

Mary levantou a cabeça e continuou olhando  pra ele, suas lágrimas desciam, acho que de dor e raiva, mas ela continuou firme. Havia um corte enorme em sua boca e a marca dos dedos dele em seu rosto.  Eu fazia tanta força pra me soltar daquelas algemas que meus braços queimavam de dor.

O cicatriz deu uma volta no corpo de Mary e continuou.

- Dá pra entender porque meu irmão gostou de você. Bonita, inteligente, corajosa.. Deixa eu achar mais coisas boas em você. Então ele retira um canivete do bolso e corta a blusa de Marina, deixando ela somente de sutiã. Era uma peça de renda clarinha, linda! Desejei a manhã toda ver aquilo e agora só queria ver ela vestida. Senti seu rosto corar, ela estava realmente sendo humilhada por ele.

Ele passou a mão em um dos seios de Mary e apertou com força, meu estômago embrulhou na hora. Marina deu um passo pra trás, cuspiu na cara dele.

- Não me toque seu nojento. Ela ergueu a mão para dar um tapa nele, ele agarrou firme seu braço, serrou seu punho direito. 

- DESGRAÇADO.. Mas não deu nem tempo de reação, ele deu um soco tão forte no rosto de Mary que ela caiu no chão desacordada, perto dos meus pés. Seu cabelo loiro tampava seu rosto e eu não consegui ver o estrago causado. 

Ele passou por mim, sorriu e nos deixou ali sozinhos. INFERNO!




Um amor de DelegadoOnde histórias criam vida. Descubra agora