Capítulo 6

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Dispensei todos eles para dormir, pois no dia seguinte começaria minha nova faculdade e teria que preparar tudo.

Antes de Maya ir embora me propôs me ensinar a andar de moto, já que na roça fica tudo distante, eu teria como pegar as motos deles emprestada (ou comprar uma com o dinheiro do meu "querido" pai) quando precisasse sair para comprar ou resolver algo. Aceitei de imediato, visto que adoro andar de moto e sentir o frescor do vento em meu rosto e cabelos ao ar. 

- Tudo bem, amanhã cedo tô aqui, linda, te esperando para nossa primeira aula! - disse ela animada.

- Espero que não seja tão cedo assim. Pode ser depois das dez? - respondo cansada.

- Pode preguiçosa! Até amanhã! Beijos - ela diz se despedindo.

No dia seguinte, conforme combinado, estava ela e os meninos lá dez horas em ponto. Eu, como sempre, estava dormindo ainda. Ela me acorda aos gritos:

- Vamos preguicinha! Levanta desse berço! - gritava Maya puxando meu cobertor.

- Quem é esse furacão que acorda a bela adormecida com gritos gente? - digo assustada, sem ainda abrir os olhos.

- A sua prima favorita, linda e motoqueira - responde Maya convencida

- Ok, já vou, me espera lá fora, por favor! - ordeno aborrecida, aliás, quem acorda feliz? Eu com certeza não sou esse tipo de pessoa e ainda me irrito com gente feliz ao acordar.

Tomo meu café e depois vou até ela que está encostada em sua moto.

- Vamos? - pergunto já animada.

- Sobe aí que vou te levar até a associação que de lá até a cooperativa de leite é asfaltado e dá pra você andar melhor do que aqui no barro. - me explica Maya.

A obedeci e fomos até lá em silêncio. Chegando lá ela desce da moto e pede para que eu suba. Começa a me ensinar o que é e onde fica cada item, só esquece de me mostrar o freio. Eu crente que o freio é que nem de bicicleta solto o "freio" do lado esquerdo que ela segurava, (que na verdade é a embreagem) e acelero. Só sei que fui parar com a moto no meio da cerca de madeira, que divide a cooperativa do asfalto.

Minha prima não sabia se ria ou chorava, nem eu.

Olhei pra cara dela desesperada e ela fica intacta no mesmo lugar me olhando apavorada. 

Eis que de repente sai da cooperativa um rapaz com olhos cor de mel, cabelo meio bagunçado, corpo definido e lindo!! Eu não sabia se o admirava ou se pedia ajuda. 

- Ei, colega, pode me ajudar aqui por favor? Acho que tô presa. - grito chamando sua atenção.

- Tudo bem, mas o que houve? Você está machucada? Espera, deixa que eu te tiro daí! - vem em minha direção mexendo na cerca até quebrar uma parte e me desvencilhar dali.

- Puxa, muito obrigada! Não sei o que seria de mim sem você! - digo meio que por impulso e o vejo corar.

- Que nada, estou às suas ordens! - disse ainda corado.

Vejo minha prima se aproximar e abraça-lo enquanto me limpo de graxa.

- Hum, então eles se conhecem - penso.

- Vamos até ali ver com a enfermeira se você se machucou. - sugere minha prima preocupada, visto que na associação há um postinho de saúde.

- Ah não, está tudo bem! Prometo pagar pelo estrago da moto! - digo sem graça pra minha prima que ri e me faz um sinal que não tem importância.

- O que vale é você estar bem. - disse me abraçando.

Quando fui procurar o rapaz já tinha ido. Fiquei sem graça de perguntar a minha prima quem era e ela me deixar mais sem graça ainda o chamando pra me apresentar, porque ela é doida demais.

Ela tentou ligar a moto e conseguiu, somente subi na garupa e voltamos pra casa.

- Amanhã a gente tenta de novo - disse ela esperançosa. 

- Quer rir mais de mim, né safada? - pergunto batendo em seu braço.

- Porque não, né? - me responde rindo.

Fomos para casa dos meus avós e ficamos conversando até a hora de irmos pegar o ônibus para a faculdade. Estava um pouco desanimada por ter que fazer novas amizades, encontrar novos crushs, enfim... A única coisa boa era ter área no celular pra matar as saudades das minhas amigas e o povo da cidade grande. Maya foi pra casa se arrumar e eu pus uma calça jeans, uma blusa rosa e meus acessórios, por mais que não queria chamar muito a atenção no primeiro dia, não tinha jeito, estava espalhafatosa demais, mas fui assim mesmo, se for para me conhecerem, que seja do meu jeitinho. Pegamos o ônibus e sentei ao lado de Maya, rumo a uma nova realidade!

Da Cidade Para RoçaOnde histórias criam vida. Descubra agora