Capítulo 28

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Acabei de arrumar a festinha surpresa de noivado para minha mãe e fui me arrumar. Queria brilhar essa noite, coloquei um vestido preto justo, costas nua e um decote V. Ondulei as pontas do meu cabelo longo e fiz uma make bafônica. Me olhei no espelho e gostei do que vi, uma mulher estonteante em cima de um salto fino e alto. Ouço batidas na porta e peço que entre.

- Ninha, que linda você está! - disse Louise, minha irmã, ao entrar pela porta e por os olhos em mim.

- Oh meu amor, até que enfim chegou! - disse ao abraçá-la e tirei a mala de sua mão para deixá-la mais confortável.

- Sim, foi uma longa viagem, mas graças a Deus chegamos. Bruce está lá fora, vamos lá, mamãe já está chegando! - disse Lou apontando para porta.

- Claro, você nao quer tomar um banho? Por uma roupa mais leve? Tá em casa, cê sabe, né? - disse a ela para deixá-la sentindo-se em casa.

- Já estou pronta, antes de dormir tomo outro banho, senão vou perder a chegada de mamãe e a surpresa. Vamos lá? - disse Lou me abraçando e descemos juntas.

Quando cheguei atrás da casa John já havia chegado e meus primos e tios também já estavam lá. Eram quase cinco horas e mamãe e tio Joseph já deviam estar chegando. Fiquei encostada na porta conversando com minha irmã e meu cunhado e sentindo o olhar de John sobre mim.
Finalmente minha mãe chegou e ao descer do carro, ficou emocionada com nossa presença e a festinha que armamos. Fiquei feliz em vê-la feliz e tio Joseph também, que ficou radiante. Depois de cumprimentarem a todos, tio Joseph bateu com um talher na taça para chamar a atenção de todos, que conversavam aleatoriamente.

- Bom, gostaria da atenção de todos para primeiramente agradecer em meu nome e em nome de Tina a festa linda que prepararam, tenho certeza que fizeram tudo com muito carinho e eu estou muito feliz e grato, de coração. - todos aplaudiram e ele continuou. - E agora, chegou o momento que esperei por quase 25 anos, né Tina? Todos sabem que eu e Tina fomos noivos quando jovens e o mesmo destino que nos separou naquela época, hoje nos uniu novamente. E eu nao poderia estar mais feliz, mais apaixonado e mais encantado com essa mulher que sempre teve meu coração em suas mãos. E hoje é um dos dias mais felizes das nossas vidas, pois estaremos recomeçando nossa história de amor e eu quero saber se você, Cristina Forx, aceita casar-se comigo? - ele ajoelhou-se abrindo a caixinha de alianças e minha mãe o olhava com lágrimas nos olhos.

- Claro que sim, amor. - ela respondeu emocionada e tio Joseph retirou o anel da caixinha e olhou para eu e Louise, que estávamos abraçadas emocionadas como mamãe.

- Meninas, vocês me concedem a mão de sua mãe em casamento? - perguntou a nós duas que assentimos.

- Sr. José e Sra. Laura, mais uma vez, só que dessa vez será para sempre, peço a mão da filha de vocês em casamento. Vocês me concedem? - perguntou aos meus avós que estavam próximos e ambos assentiram.

Tio Joseph pôs o anel de brilhantes no dedo da minha mãe e os dois se beijaram lindamente. Colocamos uma música para eles dançarem juntinhos e os casais se animaram para acompanhá-los. Lou foi dançar com Bruce e eu fiquei ali sozinha com cara de tacho, até que alguém me tirou dos meus devaneios.

- Senhorita Anne, me concede essa dança? - perguntou John com a mão estendida para meu lado.

- Melhor nao, John. Sou um desastre para danças e vou acabar com os seus pés com esse salto. - respondi sincera.

- Por favor, prefiro que acabe com meus pés do que com meu coração. - respondeu ele ainda com a mão estendida.

Fiquei com pena e aceitei seu convite.

- Obrigada por aceitar dançar comigo, meu amor. - John disse ao meu ouvido enquanto nos balançavamos.

- Sem demagogia, John, por favor. - disse fazendo cara de poucos amigos.

- Anne, eu preferiria que você me batesse, me xingasse, acabasse comigo, do que você ficar me tratando desse jeito. Eu já disse pra você que te amo e nao fiz e nem faria nada pra te magoar. Vamos sentar ali, pra eu te contar tudo o que aconteceu, por favor. Você nao precisa nem me responder se quiser, só quero ficar de boa com minha consciência e com você. - implorou ele apontando para um canto e assenti.

- Desembucha! - exclamei quando nos sentamos.

- Então, aquele dia que você estava indo pra lá me fazer uma surpresa, Chloe havia me dito que nao estava bem. Liguei para seu trabalho, a moça disse que você saiu de mala e cuia para passear com Martin, que você sabe que odeio. Você mentiu pra mim, mentiu pra minha irmã, o que queria que eu pensasse? Fiquei transtornado! Acabou cedo o expediente e bebi todas, daquelas mais pesadas mesmo e como nao tenho costume de beber fiquei bebado e Lola aproveitou a oportunidade para criar aquela situação, porque ela sabia que você viria, já que tio Joseph havia pedido a ela que fechasse o restaurante cedo e ela realmente era a fim de mim, como você já havia me dito, mas eu nunca dei ideia a ela, eu juro. Eu me lembrei do que houve aquela noite e tenho certeza que não fizemos nada! Eu estava mal por você e jamais faria algo para machucá-la, mesmo achando que tinha sido traído. - John disse com lágrimas nos olhos, mas sentia que estava faltando algo nessa história toda.

- John, nao sei por que, mas nao consigo confiar em você. Eu vi vocês dois nus na cama. Eu menti pra te fazer uma surpresa, Martin só me deu uma carona e eu já te falei que nao temos nada e nem vamos ter. Você tinha que ter confiado em mim, nao numa pessoa que nem conhece! De verdade, John, eu gosto muito de você e gostaria de te perdoar, mas nao é tão fácil assim, entende? Meu coração tá muito magoado. - fui sincera.

- Anne, eu te entendo, mas quero e preciso muito do seu perdão. Eu te amo demais e não vejo minha vida sem você. Se você quiser eu volto pra roça, a tirar leite de vaca, abandono faculdade, trabalho, tudo, por você, meu amor. - disse ele acariciando minha mão e deixando uma lágrima teimosa cair.

- Não, eu não quero isso. John, é seu sonho, você precisa seguir até o fim. Não quero que abra mão de nada por mim, por favor. - disse a ele tentando acalmá-lo.

- Então, vamos comigo? Eu não vejo sentido da minha vida sem você. Eu quis ir pra lá fazer faculdade e trabalhar pra provar a seu pai que eu a mereço e vou até o fim por você. Não tem sentido se você não estiver comigo. Vamos? Eu peço ao meu tio que você trabalhe na administração do restaurante, pois ele deve se afastar pra ficar mais perto da sua mãe e vai precisar de uma mãozinha, né? E lá tem várias faculdades, alguma com certeza tem seu curso e você pode pedir transferência. - disse John cheio de expectativas.

- John, calma! Eu vou pensar, ok? Vamos amadurecer essa ideia. Com seu tio próximo a minha mãe eu posso até fazer planos para me distanciar um pouco, mas preciso conversar com ela, vê o que ela acha e também por a minha cabeça no lugar em relação a nós dois. Vai ser uma espécie de casamento e eu não sei se tô preparada. - respondi pensativa.

- Tenho certeza que vou ser o homem mais feliz do mundo e vou fazer de tudo pra que você seja a mulher mais feliz do mundo e nunca mais te decepcionar. Sempre conversar antes de tomar qualquer decisão e te agradar em tudo. Eu te amo demais, linda, você é a mulher da minha vida! Tudo que eu mais quero é viver ao seu lado até ficarmos velhinhos! - disse John acariciando meu rosto me dando vontade de beijá-lo, mas parece que estava todo mundo vigiando a gente então não me senti a vontade.

- É impressão minha ou estão todos disfarçando e olhando para nós? - perguntei depois de dar uma olhada ao redor.

- Vamos fugir? Quero te levar a um lugar especial. - assenti e fomos até a moto de John.

Já sabia onde ele me levaria, a cachoeira onde ele me pediu em namoro e onde foi nossa primeira vez e nada melhor que aquele ambiente para nossa reconciliação, né?
Chegamos lá, estava sentindo frio por estar de vestido justo e pelado, John percebeu e pôs seu casaco sob meus ombros, agradeci e ele me abraçou me esquentando mais um pouco.

- Meu amor, minha vida, volta pra mim? Eu não sou nada sem você! - ele disse em meu ouvido me deixando arrepiada.

- Volto. Uma segunda e última chance, hein? Não a desperdice, nem me subestime! - respondi o fazendo sorrir e me pegar no colo de animação.

Cravei minhas pernas em sua cintura e nos beijamos, como na primeira vez. Estávamos tão sedentos um do outro que em pouco tempo já estávamos sem ar e sem roupa. Fizemos amor de uma maneira que nunca fizemos antes, cheios de tesão e saudades. Queríamos entrar um dentro do outro, de tão intensos que estávamos, mas estava tão bom que eu não queria que acabasse nunca.

Da Cidade Para RoçaOnde histórias criam vida. Descubra agora