Meu pai adormeceu e eu acabei adormecendo ao seu lado também. Acordei com o médico me chamando.
- Boa noite, senhorita! É filha do Sr. Matheo? - perguntou o médico simpático.
- Sim, sou. Boa noite! - respondi ainda acordando.
- Então, ele deverá fazer uma cirurgia simples de ponte safena, preciso que assine a autorização para enviarmos ao plano e marcarmos, provavelmente para amanhã de manhã. - disse o médico me estendendo uma espécie de contrato.
- Sim, claro. Posso ler e entregar daqui a pouco? - perguntei.
- Com certeza, qualquer coisa estou ali no posto médico. - informou o médico e nos deixou a sós.
Já havia anoitecido, meu pai ainda estava dormindo, com certeza por efeito do remédio. Peguei meu celular pra ver as mensagens antes de ler o tal do contrato. Algumas orientações da minha mãe, Lou perguntando se estava tudo bem e se já tinha sido marcada a cirurgia, mas nenhuma mensagem de resposta de John, o que confesso que me deixou um pouco frustrada, mas segui respondendo as outras pessoas. Quando recebi finalmente uma mensagem de John:
"Eu posso ter o problema que for que nunca te deixarei só. Por favor, abre a porta pra mim que quero compartilhar com você todos os momentos, inclusive os difíceis!"
Não acreditei no que estava lendo e fui conferir a porta pra vê se era verdade. Lá estava ele, lindo, com uma mochila nas costas e um buquê de flores na mão.
- John, o que faz aqui? - perguntei surpresa.
- Ué, sou seu noivo, esqueceu? Tenho que estar contigo em todos os momentos, até nos ruins, por isso aqui estou, ao seu dispor, princesa. - disse divertido fazendo sinal de reverência e eu sorri. - Você vai me deixar parado aqui na porta depois de uma viagem dessa? Não vai me convidar pra entrar? - perguntou John olhando pra dentro do quarto.
- Ah, sim, claro, entra, por favor. - respondi meio atrapalhada.
- Olá, rapaz! Que bom vê-lo! Pelo menos terei a possibilidade de me desculpar com você também antes da morte. - disse papai ao ver John entrar, não havia percebido que ele tinha acordado enquanto estava na porta.
- Papai, por favor, pare com isso... O senhor não vai morrer! Não agora. - chamei atenção dele que dramatizava.
- Sr. Matheo, prazer em vê-lo bem! Se Deus quiser o senhor sairá daqui logo, estou aqui para passar força, não precisa se desculpar por nada, por favor! Foque em sua recuperação! - respondeu John a ele gentilmente.
- Ah rapaz, eu fui tão injusto com você e Anne, que agora estou até com vergonha. São as duas pessoas que desprezei que estão aqui cuidando de mim quando mais preciso. Me perdoem, por favor! Fui tolo e inconsequente. - continuava dramatizando meu pai.
- Por favor, esquece essa história, Sr. Matheo. Estou aqui porque amo sua filha e quero ver o senhor bem, pra ela ficar bem também, ok? Descanse. - disse John o tranquilizando e eu só observava a situação sentada na cama ao lado.
- Pai, muda o disco, já foi, tá perdoado, ok? Agora vamos fazer um lanche, porque depois de 21h o senhor não poderá mais comer, tem que estar de jejum para a cirurgia amanhã de manhã, segundo esse contrato aqui. - mostrei a ele o contrato que o médico havia acabado de deixar e eu estava lendo enquanto ele conversava com John.
Dei o lanche ao meu pai, assinei o contrato e fui entregar ao médico, deixei ele com John conversando amenidades. Quando encontrei ao médico entreguei o papel e aproveitei para perguntar se a cirurgia teria algum risco.
- Sempre tem algum risco, mas muito pequeno, então fica tranquila, que seu pai sairá dessa logo. - disse o médico pondo a mão em meu ombro, para me tranquilizar.
- Se Deus quiser! - dei um meio sorriso e voltei ao quarto.
Encontrei John e meu pai morrendo de rir, com as histórias do meu pai sobre minha infância e de Lou. Entrei no assunto e passamos a noite assim, nos divertindo.
John desceu para comprar algo para a gente comer, visto que acompanhantes não podiam comer a comida do hospital. Ele também não poderia passar a noite no hospital, porque só podia uma pessoa, então alugou um quarto de hotel que ficava ali perto. Comemos e fui levá-lo até lá embaixo para me despedir e aproveitar para conversarmos um pouco a sós, deixei meu pai adormecido e descemos.- John, como veio parar aqui? - perguntei ao sairmos do quarto.
- Perguntei meu tio por telefone, assim que soube por Jane, porque você não atendeu o telefone e nem me comunicou nada, né moça bonita? - disse John me olhando com bico.
- Não quis te preocupar, já tem a preocupação do seu filho, que Lola deve ter te falado ontem, né? - aproveitei para entrar no assunto.
- Não tem filho nenhum, aquela mulher é louca! Não vai dizer que você acreditou no Papinho dela, né? - perguntou John apreensivo.
- John, ela tinha um teste de gravidez. - levantei a hipótese.
- Que era de Jane! Jane está grávida, ela ouviu Jane falar ao telefone que tinha jogado fora, foi lá no lixo da administração e pegou, de tão suja que ela é! - John falou possesso de raiva e me deixou de queixo caído!
- Sério, John? Como soube disso? - perguntei surpresa com a informação.
- Hoje na hora do almoço fui lá no escritório saber de você e Jane me contou o que houve e aproveitou para me contar que Lola teve a cara de pau de oferecer dinheiro a ela por um exame ultrassom dela, porque soube que ela tava grávida, ouvindo conversa dela no telefone e que se ela não fizesse, iria contar a tio Joseph, que iria demiti-la. Vê se pode um negócio desse? - John contava com raiva. - aí ela percebeu que ela estava enganando alguém e como Jane sabia que Lola era cismada comigo, ligou uma coisa a outra e resolveu olhar o lixo do banheiro, que ainda não havia sido trocado, percebeu que faltava um dos testes que ela tinha jogado fora e se ligou que Lola pegou ao usar o banheiro lá de cima. Jane sabia que não podia ser demitida por estar grávida e por isso não teve medo de entregar a mentirada daquela cobra! - John estava irado, dava pra ver nos olhos dele.
- Nossa, John, como ela foi capaz? - perguntei incrédula.
- Ela é capaz de qualquer coisa, louca! Tio Joseph já tinha me avisado que ela cismou uma vez com um rapaz que era cliente e não sossegou enquanto não acabou com o casamento do rapaz, pra depois deixá-lo sozinho e na merda. Ele só não a mandou embora na época, porque não se envolvia na vida pessoal dos empregados, mas soube de tudo e mandou eu tomar cuidado com ela, que é boa funcionária, mas má como pessoa! - me contou John, enquanto eu ainda estava de boca aberta com toda aquela informação.
- John, me perdoa, por favor! Eu acreditei nela e fiquei possessa de ódio, porque achei que você tinha mentido pra mim, amor! - o abracei com os olhos cheios de lágrimas.
- Claro que perdoo, linda, não foi culpa sua. Tá tudo bem! - disse John me abraçando e acariciando meu cabelo.
- Agora eu preciso ir para o hotel, porque tá ficando tarde e eu não sei andar por aqui, foi sua mãe que reservou pra mim. Assim que soube do seu pai por Jane, falei com tio Joseph, que estava voltando de lua de mel com sua mãe e me disse que poderia vim ficar com você, afinal, tô cheio de horas extras na casa, né? E sua mãe me disse onde era aqui o hospital e disse que eu não poderia dormir aqui, então alugaria um quarto pra mim nesse hotel que vou agora. - explicou John.
- Claro amor, vai lá, é no final da rua, pertinho. Amanhã te espero cedo pra me fazer companhia durante a cirurgia do meu pai.
- Com certeza, é na alegria e na tristeza, na saúde e na doença! - John disse e eu sorri. Nos despedimos e ele foi, me deixando com o coração quentinho.
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Da Cidade Para Roça
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