Capítulo 15

238 21 0
                                    

Ajudei minha mãe a se arrumar, já que fazia tempo que ela não saia de casa para uma festa, fomos pegar o ônibus e nos encontramos com o resto da família. Hoje Kate estava com a família completa, então seu marido a ajudaria a cuidar dos gêmeos, menos mal! Maya estava um pouco pra baixo, então resolvi sentar ao seu lado, quando vi que minha mãe já havia se acomodado ao lado de Cindy.

- Hei, mal nos falamos ontem! O que houve que você tá com essa carinha, hein? Não deu certo com o boy novo? - perguntei ao nos assentarmos, percebendo seu estado. Tinha pouco tempo que nossa amizade tinha se estreitado, mas já percebia suas alterações de humor.

- Ah, não é ele, coitado. Até tenta me agradar, faz minhas vontades e tudo mais, mas sabe quando seu coração pertence a outro e nada te faz esquecê-lo? - Maya me respondeu fazendo bico.

- Te entendo, mas não concordo. Acho que você tem que se permitir. Deixar pra trás o que passou e se reinventar, aceitar o novo, sabe? - filosofei.

- Sim, mas como? Não sou tão prática assim de virar a página e esquecer o que já li. - me respondeu o óbvio.

- Você tem razão, mas acho que precisa de um tempo só pra você. Que tal hoje dançar, zuar e curtir a noite sem nenhum boymagia? - dei a sugestão porque amor próprio é tudo, né?

- Essa é a ideia, mas você não vai poder fazer o mesmo, né? Jeff já me contou tudinho que tá namorando e você como uma boa cobra nem me contou! - disse Maya revoltada.

- Como ia te contar algo que nem aconteceu ainda. Não tô namorando e sim, curtindo aquele peão delícia! - respondi aos risos.

- Vai com calma pra não terminar desolada que nem eu, hein? - me aconselhou minha bruxinha.

- Sim, pés no chão sempre! - respondi bem segura de mim.

Ao chegarmos já desci do ônibus procurando meu peão e logo o avistei ali por perto, provavelmente me aguardando também. Fui até ele como quem não quer nada.

- Uau, que gata é essa hein?! - disse ao me abraçar. - Só acho que tem coisa demais a mostra nessa gata que fez com que os gatos sarnentos parassem pra admirar a gata que é só minha! - disse mais uma vez possessivo ao me ver com um vestido decotado e curto.

- Meu bem, a gata aqui não tem dono e muito menos medo de olhares de gatos sarnentos. - respondi acabando com sua possessividade.

- Ainda! - disse ele me dando um beijo caliente daqueles, ali no meio do povo.

Fomos interrompidos por um pigarro conhecido e ao olhar pra trás me deparei com minha mãe acompanhada de Maya batendo palminhas, Cindy e Fany, que limpava uma lágrima.

- Dona Anne Forx, que bonito essa cena de novela no meio da praça! Não tem um lugar melhor, com menos plateia, pra namorar, não? - minha mãe dizia revoltada como se estivéssemos transando ali.

- Não estávamos namorando, mãe. Só um beijo. A propósito, esse é John e essa é a minha mãe Cristina, John. - lembrei que o pobre do rapaz estava azul de vergonha atrás de mim.

- Oi, meu filho, desculpa já chegar brigando, é que no meu tempo a gente não beijava assim no meio dos outros não. E tem outra, antes de beijar, namorar, a gente tinha que pedir para os pais e eu só tô te conhecendo depois de já ter beijado e sabe Deus feito o que mais. - mamãe dizia e eu procurava um buraco para enterrar minha cara.

- Mãe, pelo amor de Deus, não estamos namoran... - falava enquanto fui interrompida por John.

- Tudo bem, dona Cristina, então vou fazer do modo correto. - ele pegou a mão da minha mãe, enquanto eu tinha quase uma síncope. - A senhora me concede a mão da sua filha em namoro, por favor? - John faltou pouco ficar de joelhos!

- John, não precisa, sério. Minha mãe é antiquada, mas ela entende o que a gente tem, relaxa. - tentei desfazer aquele mal entendido.

- Olha, John, pra mim isso que você fez te diferenciou dos meninos, o que me faz te ver como um homem, pedindo a mão da minha filha! Mas não posso autorizar um namoro sozinha, tem também o pai dela. - disse minha mãe tornando aquela situação mais constrangedora ainda e eu só queria sair correndo dali como Maya e Fany fizeram quando perceberam o clima estranho que se tornou.

- Mãe, para, já deu, tá? Isso já tá virando um circo! John, não se preocupe, eu não sou da realeza e você não precisa pedir minha mão pra ninguém, já sou maior de idade. - surtei de uma vez com os dois, pois já não sabia mais onde enfiar minha cara.

- Não, Anne, eu faço questão de falar com seu pai também como dona Cristina sugeriu, se você ainda não percebeu, o que sua mãe já viu, eu quero mesmo namorar com você, você não quer? - John  me perguntou e me olhava como se eu estivesse vestida de ouro.

- Bom, eu vou deixar vocês a sós para decidirem se querem isso mesmo. Se quiser, John, você pode ir com a gente no jantar de casamento da minha outra filha, a Louise. O pai dela estará lá e vocês conversam. Ah e não precisa me chamar de dona, nem senhora, me chame de Cris ou Tina, seremos família, não é mesmo? - piscou o olho e virou as costas me deixando atordoada.

- Sei que tá cedo e você não leva a sério esse negócio de namoro, quer ir com calma, mas eu tô doido por você e não posso nem pensar em ver você com outro cara! Namora comigo? - desembuchou John de vez e eu fiquei em choque.

- Sim, nós podemos namorar, mas sem essa de pedir minha mão, pelo amor! Se você quiser ir com a gente no jantar da minha irmã de casamento está convidado, mas não pra falar com meu pai, porque isso é coisa da idade da pedra! - exclamei me sentindo aliviada.

Ficamos ali abraçados e se curtindo um tempo, até eu ver Fany nos observando de longe com carinha de poucos amigos. Fui até lá falar com ela, pois não queria que ficasse um clima estranho entre família.

- Fany minha linda, não quero que fique tristinha comigo por estar com sua paixão. Não foi proposital, eu juro! Aconteceu e estamos nos conhecendo melhor, mas eu quero de coração que você fique bem! - fui sincera com ela, apesar de ter apenas 14 anos, sei que tem sentimentos e na adolescência tudo se aflora.

- Prima, relaxa, eu tô triste porque gosto dele, mas vai passar! - Fany respondeu secando cabisbaixa e eu a abracei.

- Meu amor, ainda vão aparecer muitos outros caras aos seus pés e você vai escolher a dedo e tenho certeza que será muito feliz! - beijei o topo de sua cabeça e mudei o assunto ao ver Cindy, mãe dela, se aproximar.

Voltei para os braços do meu peão delícia, que conversava com sua irmã e seu cunhado, eu acho, pois estava abraçado com ela.

- Não sei se vocês foram apresentadas ontem, porque não estava em condições, mas caso não tenham sido... Anne, essa é minha irmã Chloe e essa é Anne, minha namorada. - John dizia com sorriso de orelha a orelha. - e esse é meu cunhado Ben. - apontou para o rapaz que acompanhava a irmã.

- Já nos falamos ontem, só que não fomos devidamente apresentadas. Prazer viu, cunhadinha? - Chloe disse isso e me abraçou.

- Prazer é todo meu! - respondi corada.

- Aliás, assim como tive que pedir sua mão hoje, dona Anne, você também deveria pedir minha mão a minha irmã mais nova, na ausência dos meus pais nesse momento! - John me alfinetou me fazendo morrer de vergonha.

- Que história é essa de pedir mão, gente? Voltamos ao tempo do ronca? - a irmã dele disse em meio a risadas.

- Pois é, coisas da minha mãe que veio diretamente do tempo dos dinossauros e seu irmão caiu direitinho! - disse para irmã dele morrendo de rir também.

- Oxi, agora a culpa é minha de fazer a vontade da minha sogra? Agora ela me vê até com outros olhos, como homem, que nem ela disse! - John tentava se defender de nossos deboches e rimos muito com essa história.

A noite foi assim tranquila e serena com meu peão delícia e família. Terminamos a noite com minha família, junto com Chloe e Ben, lanchando em uma barraca e rindo das histórias da minha mãe de quando era nova. Estava sentindo uma sensação de lar inexplicável e isso era tão bom!!

Da Cidade Para RoçaOnde histórias criam vida. Descubra agora