Capítulo 8

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A semana passou voando com as idas a faculdade e aprendendo as funções da roça, na marra mesmo, porque jeito eu não tinha nenhum. Fazia vômito ao chegar no chiqueiro, tinha pavor de galinhas, jogava milho e saia correndo, (inclusive quebrei a porta do galinheiro e meu avô quase deu um treco), só passava nos pastos quando as vacas estavam no curral porque tinha medo de alguma me pegar, vai saber pra que serve aqueles chifres, né? Eu que não iria arriscar. Fiquei conhecida como "miss frescurinha" pelos meus primos zoeiros. Até então, quase não saía da casa dos meus avós por medo de bichos e afins.

Era sexta-feira e encontrei com Maya no ônibus para irmos a faculdade.

- Oi miss frescurinha, como está a senhorita? - disse ela debochada ao me ver sentando ao seu lado no ônibus.

- Vou nem te responder pra não dar confiança pra sua gracinha! - disse fazendo bico e revirando os olhos.

- Então, final de semana chegando e temos uma festa pra ir! - disse Maya animada. - de Luc, o filho mais novo de Cindy, nossa prima, irmãozinho da Fany. - Vixi, cheguei estremecer quando ela citou o nome da tal prima que gosta do meu peão delícia (porque já estou o chamando de meu?).

- Ah sim, que bom pra você! - dei um risinho forçado.

- Pra mim, não! Pra nós! - disse ela cruzando seu braço com o meu, em sinal de parceria.

- Ah desculpa, gata, mas não vou deixar minha mãe só com meus avós a noite, pois ela já tem ficado muito sozinha, porque durante a semana tô na faculdade e nossos avós dormem cedo. Vou curtir elazinha um pouco, sei que ainda está sofrendo. - justifiquei.

- Não tem problema, tia Cristina (minha mãe) vai também! - pôs fé a Maya.

- Mamãe não tá nessa vibe, amor. - disse tentando acabar com a insistência dela.

- Minha priminha linda do coração, nem que eu fique de joelhos, mas ela vai, sim! Ah se vai! - disse ela esperançosa.

- Meu Deus, mas porque você quer tanto ir nessa tal festa de criança ainda por cima? Aí tem, né? - perguntei vendo a carinha dela de segundas intenções.

- Tem, pior que tem. - disse fazendo biquinho - Tem meu boymagia, um carinha aí que sou super, hiper, mega a fim. - disse Maya com sorrisinho de lado.

- Quem é o sortudo que ganhou esse coração de ouro? - perguntei debochada.

- Ah, sua boba, é o Will. Ele é meio coroa, mas como diz o ditado "Panela velha é que faz comida boa" - disse brincando e eu caí na risada. - Brincadeira, ele tem seus 35 anos, já foi casado e tem uma filhinha. Morava na cidade, mas a mulher traiu ele e ele voltou para a roça. Não me dá muita bola, porque tá traumatizado, mas tenho fé que ele ainda vai me dar uma chance de fazê-lo feliz! - diz Maya olhando para o nada.

- Ah sim, e ele vai estar na festa e você quer jogar sua isca, né? - presumi.

- Sim, por ele e pela festa também, né? Aniversário de um ano, estilo festa junina, com forró dos bons e a galera do interior, que é fod#! - falou mais alto que o normal chamando atenção dos olhares no ônibus.

- Tá bom, querida, menos, bem menos! - falei baixinho disfarçando. - amanhã de manhã você tenta convencer mamãe, porque eu só vou se ela for e uma pergunta que me veio a mente agora: vamos de que? Visto que lá é distante da casa dos avós e não dá para irmos de moto nós 3? - perguntei convincente.

- Vamos pedir a Jeff para nos levar no Fusca do pai dele uai! - disse Maya animada.

- Tá bom, amanhã veremos isso. - digo encerrando o assunto.

Da Cidade Para RoçaOnde histórias criam vida. Descubra agora