Os dias foram passando se arrastando e eu não aguentava mais de saudades do meu amor. Mesmo nos falando todos os dias, até quando estava na roça, não era a mesma coisa. Queria estar perto, sentar no colo, abraçar, beijar e sentir seu cheiro de perfume amadeirado. Sentia um vazio todos os dias quando desligava o telefone e sabia que não o veria tão cedo.
John estava animado com a faculdade de medicina veterinária e estava correndo contra o tempo, pois entrou no meio do período e teve que pôr tudo em dia para alcançar os colegas. Já estava enturmado com os colegas de turma e estudava boa parte do dia, a noite ia trabalhar e estava com a aparência de cansado constantemente, me deixando com muita peninha delezinho. Aos finais de semana estava trabalhando direto, fazendo hora extra pra poder vim me visitar o mais breve possível, visto que recebi meu salário e não consegui ir visitá-lo, pois já estava comprometido com as contas. Ser uma chefe de família não estava sendo fácil pra mim, mesmo minha mãe vendendo bolos com a minha vó na roça, ainda estava me virando nos 30 para pagar todas as contas minhas e da minha mãe. Essa mania de rico tinha que sair de mim, pois agora não me pertencia mais.
Não aguentava mais de saudades do meu príncipe e não via a hora de encontrá-lo. Fui trabalhar numa sexta-feira comum, bem desanimada, mas meu chefe me deu uma ótima notícia!- Anne, hoje vou fechar o escritório mais cedo, pois vou viajar com meus filhos e só retorno segunda. Não vou deixar a chave com você, não porque não confio em você, mas porque tem dinheiro e muitos papéis importantes guardados aqui. Tenho medo da minha ex aparecer querendo se fazer de doida e me assaltar. - justificou Martin ao me dar a melhor notícia que podia ouvir naquele dia.
- Então hoje vamos sair mais cedo e amanhã não temos que vir? - perguntei com sorriso contido.
- Só você, pois a loja vai funcionar normalmente, as meninas tem a chave. - informou Martin.
- Ah sim, então acho que vou tentar ir visitar meu namorado, fazer uma surpresa. (Se eu conseguir dinheiro, pensei.) - falei com Martin.
- Na praia, né? - assenti. - Se quiser, na hora do almoço traz suas malas que te deixo na rodoviária quando sairmos.
- Ah quero sim, mas vou fazer uma ligação pra saber de será possível ir mesmo. - disse me retirando da sala com meu celular.
Liguei primeiro para minha mãe para saber se ela teria dinheiro para passar o final de semana, pois teria que utilizar o dinheiro que iria dar a ela da semana e ela disse que eu poderia ir tranquila que ela se virava. Ela sempre teve dificuldade em aceitar dinheiro meu, mas nunca a deixei sem um tostão, então não era dessa vez que a deixaria, mas ela me garantiu que não teria problema, então fiquei mais tranquila.
Liguei também para Joseph, o tio de John, para ele me ajudar com a surpresa. John havia me dado uma cópia da chave, quando fomos lá, mas queria a ajuda de tio Joseph para chegar lá, endereço e telefone de táxi e ele me ajudou com a maior boa vontade, deixei bem claro que era surpresa e ele ficou até empolgado.
Com tudo certo, lembrei de mandar uma mensagem a John dizendo que não poderia fazer chamada de vídeo com ele no mesmo horário de sempre, pois estaria no ônibus ou na rodoviária e ele descobriria e como era surpresa, disse a ele que trabalharia até mais tarde.
Estava tão empolgada que não conseguia conter meu sorriso. Quando chegou a hora do almoço, corri pra casa para arrumar as malas. Desmarquei o almoço com Chloe e Lisa, dizendo que não estava me sentindo bem, pois Chloe do jeito que era, iria contar ao irmão que eu estava indo pra lá, então preferi não contar a ela também. Avisei só a minha mãe e a Maya, pois não poderia ir a faculdade e ela ficaria preocupada em não me ver no ônibus.
Cheguei com as malas do meu almoço e Lisa ainda não havia voltado do almoço, só a nojenta da Clair estava na loja e ficou me observando com curiosidade. Não dei nenhuma palavra, subi ao escritório normalmente e continuei trabalhando até o meu chefe encerrar o expediente para ir viajar, mas antes me deixou na rodoviária, conforme combinado.
Quando cheguei no guichê a moça me informou que só teria ônibus para lá às 21 horas e ainda eram 16h30. Fiquei frustrada, mas não podia gastar mais dinheiro com táxi para casa, para depois retornar, então fiquei por ali mesmo com as moedas contadas para fazer um lanche até a hora do ônibus. Evitei ao máximo usar o celular para não acabar com a bateria e não ter como chamar o táxi que tio Joseph havia me enviado o contato. Desliguei os dados móveis que conectava a internet e fiquei ali na rodoviária, encostei a cabeça na cadeira e acabei tirando um cochilo, estava exausta da correria da semana.
Acordei e olhei o relógio, ainda faltava uma hora para o ônibus, então fui fazer um lanche. O tempo até que ajudou e passou rapidinho e finalmente chegou o ônibus. Estava tão animada que mal consegui dormir, foram 4 horas de viagem com o coração palpitando e a mente ligada ao meu amor.
Finalmente cheguei por volta de 1 hora da manhã e pedi um taxi até a casa de John, pela hora, ele já devia ter chegado ou estaria chegando. Quando cheguei abri o portão com a cópia da chave que tinha e fui até o quartinho dele. Senti um perfume estranho no caminho, mas imaginei que viesse da casa de tio Joseph, só que quando abri a porta do quartinho, percebi que estava aberta com a chave do lado de fora e achei muito estranho, mas continuei entrando. Até que vi a pior cena da minha vida, que quebrou meu coração, lágrimas encharcaram meu rosto na mesma hora e uma fúria subiu a minha cabeça, me tirando de mim. Eu estava a beira de um colapso e vocês nem imaginam o motivo...
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Da Cidade Para Roça
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