Capítulo 31

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No dia seguinte ao casamento da minha mãe, ela e tio Joseph foram para lua de mel em outro estado, John e eu fomos levá-los até a rodoviária para irem até ao aeroporto e de lá fomos para meu novo lar, que já era o lar de John, a cidade praiana.
Na segunda teria que ir até a faculdade nova para fazer a transferência e já iniciaria no restaurante, sem tio Joseph, mas com sua secretária fiel, Jane, que me ajudaria no período de adaptação.
Como já havia conversado com John, conseguimos uma kitnet próxima ao restaurante e a casa de tio Joseph, o que facilitaria o acesso aos lugares, trouxe algumas coisas no carro e amanhã chegará o caminhão de mudança com as outras poucas coisas que tinha. Por enquanto, dormirei no quartinho de John, aliás, tentarei, né? Porque ele com certeza ficará me alisando a noite inteira, meu noivo safado!
Chegamos na cidade praiana e eu estava só o pó, assim como John, que havia vindo dirigindo. Tomamos um banho, comemos algo e ficamos na cama de preguiça, namorando, até adormecermos.
No dia seguinte acordei cedo e John me levou até a faculdade que estudaria, não era a mesma que a dele, mas era próxima. De lá ele foi para a faculdade dele e eu pedi um Uber até o restaurante, depois de resolver a situação da transferência.
Assim que cheguei ao restaurante, dei de cara com uma Lola bem aborrecida ao me ver.

- Bom dia, dona Anne! - disse Lola ao me ver com cara de poucos amigos.

- Bom dia, Lola! Pode me chamar só de Anne, nada de dona. - respondi tentando ser o mais amigável possível.

- Se vai ser minha chefe a partir de agora, devo chamá-la assim, de dona. - respondeu brava e fez sinal para que eu entrasse. - Essa é Jane, a secretária de Joseph. - disse ela ao chegarmos ao segundo andar do restaurante, que era o escritório.

- Olá Jane, prazer em conhecê-la! - falei com sorriso simpático.

- Olá, senhora ou senhorita? - perguntou Jane um pouco sem graça.

- Nem um, nem outro, me chame apenas de Anne. - respondi em tom agradável.

- Venha, essa é sua nova sala. Joseph pediu para por mais uma mesa, cadeira e notebook para você administrar o restaurante. Sente-se, fique a vontade! Vou te mostrar como utilizar o sistema do restaurante e tudo mais. - disse Jane solícita e eu assenti.

Passamos a manhã e a tarde toda mexendo no sistema, analisando relatórios, descobrindo novas movimentações e tudo mais, nem vimos o tempo passar. Quando eu olho pra porta, lá estava aquele par de olhos negros que eu tanto amava, encostado no batente.

- Que susto, amor, nem pra avisar que estava aí! - disse pondo a mão no coração.

- Vocês estavam tão compenetradas nesse notebook, que não quis chamar atenção. - disse John entrando a sala e me dando um selinho.

-  Vou deixá-los a vontade. - disse Jane se retirando da sala e fechando a porta.

- Olha, que se eu não tivesse uma Lola furiosa lá embaixo me colocando pra trabalhar eu te pegava aqui mesmo. - disse John sentando na mesa a minha frente.

- John, aqui não, por favor, sou muito profissional! - disse levantando e me afastando. - Agora vai trabalhar, senão a chata da Lola vai ligar para seu tio e contar que estamos nos pegando em horário de trabalho. - respondi séria enxotando ele dali.

- Tá bem, mas só um beijinho antes, vai? - disse ele vindo em minha direção e me dando aquele beijo de novela.

Me separei abruptamente dele para não evoluir aquele beijo para os finalmentes e abri a porta para ele sair. Olhei para o relógio e vi que faltava pouco tempo para começar a aula na faculdade e eu ainda teria que passar em casa para um banho. Peguei minha bolsa e sai, estranhei ao ver Jane no telefone com os olhos vermelhos, parecia estar chorando.

- Jane, tudo bem? - perguntei assim que sai da sala e a vi daquele jeito.

- Si, sim, Anne, não se preocupe. Problemas pessoais, não vai mais se repetir, me desculpe. - respondeu ela na defensiva.

- Hey, calma! Sabe que pode contar comigo para o que for preciso, ok? - falei e ela assentiu. - Agora preciso ir, primeiro dia na faculdade, indo pra mais um semestre. Deseje-me sorte! - disse e sorri para amenizar o clima.

- Boa sorte, Anne! Até amanhã! - disse Jane com um sorriso de lado.

Antes de ir fui usar o banheiro da recepção do escritório e estava ocupado, Jane me avisou que Lola estava lá, achei estranho, pois tinha banheiro lá embaixo, mas Jane disse que ela prefere usar o banheiro lá de cima. Tudo bem, né? Por que implicar com banheiro? Desci e usei o de lá debaixo. Não quis atrapalhar John, que atendia um casal que tinha acabado de chegar, só soltei um beijo e sai apressada.
Tomei um banho, me arrumei rapidamente e fui para a faculdade, que ficava a algumas quadras dali. Aproveitei para admirar o local durante a caminhada, que era linda toda aquela beira mar e me lembrar dos bons momentos que passei ali com John na primeira vez que fui lá.
Cheguei a faculdade, um pouco tímida, mas as pessoas foram se aproximando e me enturmaram já no primeiro dia e eu me senti muito acolhida pelos colegas de turma e pela professora do dia.
Quando acabou a aula, peguei um ônibus e desci no restaurante, para esperar acabar o expediente de John e irmos juntos para casa. Fiquei sentada lá fora para não atrapalhá-lo. Estava distraída mexendo no celular, quando chega Lola para perturbar. Seu expediente já tinha acabado, mas parece que ela estava me esperando, ô praga!

- Anne, preciso falar com você uma coisa muito séria. - disse Lola carrancuda.

- Sim, sente-se, fique a vontade. - mostrei a cadeira a minha frente e ela sentou.

- Então, como você já sabe, tive uma noite de amor com John. - disse séria e eu soltei uma risada sarcástica.

- Noite de amor ou de enganação? Por que pelo que eu saiba, não rolou nada, além de você ter se aproveitado de uma pessoa completamente bêbada para separá-lo do amor da vida dele, que você sabia que estava chegando. Seu plano até deu certo por um momento, mas a verdade sempre aparece, cobrinha. Nem adianta vim com esse assunto pro meu lado porque eu e John já estamos muito bem resolvidos, vamos casar e sermos felizes, independente da sua inveja. - soltei logo tudo que tava engasgado na minha garganta pra ela.

- Você soube errado sim, gata, pois rolou algo e foi muito intenso. Tanto, que resultou em... - procurou algo em sua bolsa a tira colo e retirou um teste de gravidez. - um filho! Eu e John teremos um filho, fruto daquela nossa noite de amor! - disse com um sorriso debochado, me deixando de queixo caído. - Inclusive, você é a primeira a saber, nem John sabe ainda, quero contar pra ele junto com você, a madrasta do meu filho, né? - continuou Lola me provocando.

- Me dá aqui esse teste. Você só pode tá de brincadeira?! - peguei o teste que ela estendia e conferi: dois pontinhos, positivo. - Esse teste pode não ser seu! - cheguei a essa conclusão óbvia.

- Eu vou fazer a ultrassom em breve e trago pra vocês verem e tirarem a prova. - rebateu Lola.

- Esse filho pode não ser de John. - disse incrédula.

- Mas é! - respondeu Lola sem sair da pose.

- Ok, veremos! - levantei e fui em direção a minha casa.

Não quis esperar mais John, nem ouvir mais as afrontas daquela filha da put#! Me levantei e fui caminhando pra casa pensando na possibilidade daquela informação ser verdade. John me garantiu que não teve nada com ela e agora mais essa!
Estava processando toda essa informação e precisava de um tempo, ou melhor, uma noite sozinha, em paz, para pôr a cabeça no lugar. Entrei na minha kitnet, que já havia chegado as coisas de manhã cedo, pois John recebeu, desliguei meu celular, deitei no colchão puro mesmo e chorei até adormecer.

Da Cidade Para RoçaOnde histórias criam vida. Descubra agora