Acordei com uma baita dor nas costas e ao abrir os olhos percebi o motivo: havia dormido sentada no sofá com Maya em meu colo passando mal, por conta da paçoca e a alergia ao amendoim. A deixei ali repousando por efeito do antialérgico e fui fazer minha higiene. Quando cheguei na cozinha tinham dois mini furacões correndo pela cozinha e deixando minha mãe e minha avó loucas, enquanto a mãe deles, minha prima Kate, estava sentada a mesa tomando café. Os pequenos Noah e Tom faziam a festa na casa dos meus avós, pois lá não tinha regras, podiam fazer de tudo! Cheguei em meio aquela confusão e dei bom dia a todos com meu péssimo humor matinal.
- Bom dia flor do dia! Estava esperando as belas adormecidas acordarem! - exclamou Kate.
- Eu tô quebrada, passei a noite sentada no sofá com sua irmã toda ferrada por causa de uma paçoca que enfiei na boca dela com o intuito de ajudar, é claro! - respondi tudo de uma vez só deixando Kate confusa.
- Nossa, vocês tem o que na cabeça? Miojo ao invés de cérebro? - perguntou Kate com a boca cheia.
- Eu não, mas sua irmã tenho certeza que sim. - me referi a Maya.
- Então gata, vamos animar esse domingão? Tá com a cara péssima! Credo! - disse Kate debochando de mim. - Tem uma festinha para crianças na associação, vamos comigo para poder levar meus anjinhos? Não consigo tomar conta desses vendavais sozinha. - exclamou Kate.
- Nossa, que animação, hein? Festa de criança pra vigiar dois Mini tsunamis! - falei baixo o suficiente pra ela ouvir e fazer bico pra mim.
- Ah, não seja má, vá com ela e ajude a gastar as energias desses dois anjinhos, meu amor! - Mamãe se meteu na conversa e eu tenho certeza que já estava cansada de vigiar os gêmeos.
- Tá bom, é que horas? - fui convencida por livre e espontânea pressão.
- 14h, vou lá arrumar os gatinhos e já passo aqui pra te buscar, ok? - levantou Kate animada.
Passei o resto da manhã ajudando com as tarefas domésticas e vigiando uma Maya baqueada por remédios e uma noite em claro "reinando". Depois do almoço me arrumei, pus um macaquinho fresquinho, pois o dia estava bem quente e criei coragem pra enfrentar meus "furacõeszinhos" tarde a dentro com a calmaria de Kate.
Ela foi me buscar no horário combinado e ao chegar na associação, avistei de longe o bonitão encostado na porta da cooperativa, mas mudei o olhar para não dar confiança, mesmo que por dentro queria dar confiança e tudo mais (Deus que me perdoe!)
Estávamos eu e Kate aproveitando o clima de festa infantil e os gêmeos brincando por perto. Enquanto conversávamos coisas banais, senti falta de um dos irmãos.- Kate, cadê o Noah? - perguntei a ela já olhando para os lados e procurando.
- O Noah tá aqui - disse ela apontando para o lado e mostrando um dos gêmeos brincando sentado com outra criança, que não era seu irmão. - Não estou vendo o Tom! - respondeu ela procurando também, mas na maior calma, enquanto eu já estava tendo um mini infarto.
- Ai meu Deus, mulher, seu filho some e você tá nessa calma toda? Vamos procurar por ele, pega o Noah e... - sou interrompida por uma Kate parecendo estar habituada com a situação.
- Anne, calma, respira! Ele deve ter ido a cooperativa atrás do pai dele - disse Kate apontando para onde o marido trabalhava, a cooperativa. - Vê lá pra mim, por favor, não quero sair da sombra com Noah, porque senão perderemos o lugar! - me pediu ela fazendo cara de boazinha.
- Tá, né? Mas se ele não tiver lá eu vou chamar a polícia! - respondi esbaforida e preocupada.
Fui caminhando até a cooperativa e entrei procurando o pequeno, quando chego próximo a porteira ouço a vozinha de criança conversando com alguém.
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Da Cidade Para Roça
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