Capítulo 7

367 25 2
                                    

Depois de um bom tempo sentada naquele bendito ônibus "cata corno", finalmente chegamos a tão sonhada faculdade (nunca quis tanto chegar a faculdade como hoje!). Maya foi logo me apresentando aos amigos dela, as salas e a todos os andares do prédio, sim, ela me fez andar por 5 andares e todo mundo me olhando achando que eu era uma roceira que nunca tinha ido a cidade! Só acabamos o "tour" pela faculdade quando ela se deu conta que perderíamos a primeira aula, ela do curso dela e eu do meu.

Estava no segundo período de Administração e ela no terceiro de Pedagogia. Assim que entrei na sala, atrasada, percebi que todos me olhavam, não sei se me julgavam por estar atrasada ou por estar espalhatosa demais para uma universitária. Desprezei os olhares curiosos e sentei lá atrás ao lado de um casal muito simpático, Bia e Chris. Me apresentei a eles no intervalo e de cara já nos demos bem. Eles me contaram que se conheceram na escola e começaram a namorar no ensino médio, achei fofo, meio clichê também.

A aula de "teoria da administração" finalmente acabou e pegamos o ônibus para voltar ao lar. Todos dormiam tranquilamente no ônibus que vagava pela aquela estrada sem luz, menos eu. Meu pensamento vagava naquele peão delícia que me salvou mais cedo, no incidente com a moto. Aquele olhar, aquele jeitinho todo preocupado, enquanto a vaca da minha prima não teve nem reação, eu morreria empacada ali se não fosse ele! Eu precisava saber o nome dele, se ele tem namorada, mas não poderia perguntar a Maya, que do jeito que era escandalosa iria me fazer passar vergonha com o boy, ainda mais que o conhecia pelo que vi o cumprimentando intimamente. Me veio a mente uma brilhante ideia, poderia perguntar ao meu primo Jeff, pois ele com certeza o conhecia e saberia me dizer quem era sem me fazer passar vergonha, porque ele era tímido e recatado, como um simples bicho do mato. Amanhã Jeff não me escapa!

No dia seguinte, acordei mais cedo que o normal, pois sabia que Jeff tirava leite para meu avô todos os dias cedo. Fui até o curral e lá estava ele cumprindo sua missão, só que meu tio estava junto. Fiquei ali conversando coisas banais com ele até meu tio se distanciar. Percebi a brecha e sentei na porteira me aproximando do primo.

- Jeff, a Maya te contou do mico que paguei ontem? - falei rindo para entrar no assunto.

- Que você queria que a moto fizesse parte da cerca? Contou sim. - disse rindo alto e me deixando sem graça.

- Ah, ela não perderia a oportunidade de me humilhar, né? - disse cruzando os braços e fazendo bico. - E ainda ficou parada que nem estátua, sorte que um gat... Digo, garoto, saiu do nada e me salvou! - disse fazendo drama e esperando ele me responder com o nome do menino, mas o besta só deu um risinho. - Jeff, vc sabe quem é esse menino? Queria agradecer, porque na hora fiquei tão nervosa que nem sei se agradeci." - fiquei com as sombrancelhas erguidas aguardando uma resposta.

- Maya me falou que foi John que apareceu lá e te tirou daquela enrascada que você se meteu, foi sorte, porque se dependesse dela você iria morrer por lá!" - disse ele sem olhar pra mim, continuando com sua função, sem notar o meu interesse.

- E ele mora por aqui? Será que encontro com ele ainda para ter a oportunidade de agradecer o que ele fez por mim? - perguntei querendo me fazer de desentendida e saber mais do boy.

- Ah, aqui na roça a gente sempre se esbarra. - Jeff me respondeu sem atender as minhas expectativas e ainda sem entender o meu recado, tonto!!

- Ele tem namorada? - Pronto, entreguei o jogo!

- Uai, mas o moço só te ajudou e tu já tá apaixonada, prima? Tá fácil demais conquistar seu coraçãozinho! - disse ele se levantando e vindo até a mim, na porteira. - Sai dessa, que é furada, viu? Ele é um cafajeste que pega todas nessa roça e depois joga fora, como se as moças fossem descartáveis. Tô puto com ele até hoje pelo que ele faz com a Fany, a nossa prima de segundo grau, filha da Cindy (que era nossa prima legítima, que morava na roça também, mais distante um pouco da casa dos meus avós e eu ainda não tive contato com ela até então). Ele usa e abusa da bichinha quando quer e depois joga fora, como se fosse uma qualquer. E ela é apaixonada nele! Então, se tu já sabes que ele não presta, cai fora enquanto é tempo! - disse abrindo a porteira e me derrubando lá de cima.

- Put# que pari#, Jeff, quer me matar, é? Não esquece que quem você não gosta é ele e não eu! - falei verificando as partes do meu corpo para saber se não tinha quebrado nada.

- Levanta doidinha, do chão não passa, bicha mole! - disse ele me ajudando a levantar e rindo de mim.

Fui para casa meio decepcionada, mal tinha me entusiasmado com um menino que não valia nada! Fui para o quarto e voltei para cama, acabei cochilando. Acordei com um furacão entrando no quarto.

- Levanta, flor do dia! Vamos dar uma saidinha na venda aqui perto para comprar umas coisas para sua mãe fazer o almoço? - Maya, com aquele entusiasmo matinal que me dava nos nervos!

- Sério isso? Porque você tem que acordar todo dia com esse fogo no rabo? - disse com cara de poucos amigos.

- Vai com ela amorzinho, preciso das coisas para fazer o almoço e ela tá com medo de ir sozinha. - disse mamãe aparecendo na porta do quarto.

Levantei, fiz minha higiene novamente, pus uma blusinha amarrada e um shortinho jeans. Fomos até a tal venda, meio que a contragosto da minha parte. Quando ela parou a moto na frente da venda, quem estava lá? Sim, meu peão delícia! E o pior, sem camisa, com o tanquinho liberado e um chapéu, que dava a ele um ar de gostosão do caramba! Me deu até falta de ar, fiquei intacta no bagageiro da moto e minha prima esperando eu descer para ela poder descer também.

- Vambora, tonta! Tá dormindo ainda? - berrou Maya, enquanto eu estava no meu transe, me fazendo envermelhar que nem tomate.

Desci apressadamente e percebi que todos nos olhavam. - Claro, depois do berro que a doida deu, impossível não olharem, né? - pensei. Maya entrou na venda cumprimentando a todos e eu fiquei encostada na moto de longe. 
O peão delícia me encarava como se eu estivesse vestida de ouro e aquilo me fazia arrepiar. Por sorte Maya não percebeu nossa troca de olhares e saiu da venda mexendo com ele, dizendo para cobrir aqueles gominhos lindos que ela não era obrigada a ver aquela gostosura áquela hora da manhã. Eu ri de longe e ele deu um risinho para o meu lado, que meu coração disparou. Eu não posso estar besta a esse ponto de me apaixonar por alguém que nem conheço, né? Pois é, mas acho que estou!

___________________________________________

Olá pessoas lindas! Queria saber se estão curtindo meu livro... Sou nova no wtpd e a opiniao de vocês é muito importante! Votem e comentem, pleaaaase!!!! 🙏😘

Da Cidade Para RoçaOnde histórias criam vida. Descubra agora