46 - Enfim

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Ana

Dois meses depois...

Depois da nossa última briga, Marco e eu conversamos bastante. Decidimos confiar um no outro e prometi nunca mais esconder nada dele. Ele compreendeu meus medos e não me pressionou com a gravidez tão desejada. Continuo tomando meu anticoncepcional até decidir que é o meu melhor momento. Já retirei a tipóia e estou fazendo muitas sessões de fisioterapias. Felizmente, estou praticamente recuperada.

É feriado, e por isso Marco resolveu tirar uma folga para visitar os pais. Claudio está na churrasqueira, há também alguns parentes, entre eles Bruno e sua família. Estou com Helena, ajudando com um molho especial quando de repente sinto muito mal-estar. Esta é a segunda vez em que não me sinto bem. Conversamos sobre o quanto fiquei enjoada no voo, mas é normal ao viajar de avião, isso não muda.

Helena me encara com um brilho nos olhos.

— Ana, você pode estar grávida novamente! — fala empolgada.

Reviro os olhos, meus sogros, ao contrário de Marco, não param de me pressionar. Da última vez, foi do mesmo jeito, ainda me lembro de como ficaram arrasados quando sofri aquele aborto.

— Não... Já te falei que estou tomando anticoncepcional — falo tentando não ser grossa, afinal Helena é um amorzinho.

Mesmo assim, ela insiste:

— Minha filha, quantas mulheres engravidam tomando remédio?

Neste momento, Marco entra na cozinha.

— Sobre o que estão falando?— ele pergunta curioso.

Tento acenar para minha sogra, mas é inútil, ela despeja de uma só vez e agora Cláudio também acaba de entrar.

— Ana pode estar grávida de novo, meu filho. Isso não é ótimo?

Marco se aproxima, deixando bem claro seu apoio. Já sabe que sua família tem insistido. Ele me envolve com um braço carinhosamente.

— Mamãe...— percebo ele tentar repreender Helena, porém Cláudio o interrompe.

— Minha filha, se for verdade, desta vez vai dar tudo certo, eu sei — Cláudio fala cheio de esperanças.

— Foi apenas um mal-estar, se acalmem. NÃO estou grávida! — falo quase em um grito.

Todos me olham sérios por causa do meu tom.

Respiro fundo, de alguma forma sinto pena deles. Sei que sentem falta de Melissa e que desejam outro neto, e Marco também quer um bebê. Além do mais, sofreram junto comigo quando a gravidez não avançou. Penso que posso estar sendo egoísta em não me esforçar para tentar novamente. Sinto como se estivesse jogando um balde de água fria neles. Ao ver a expressão de todos, sou tomada por um sentimento de culpa e uma angústia desnecessária, tenho até vontade de chorar.

Droga, o que está acontecendo comigo? Não sou assim, tão sensível.

Peço licença e saio de repente. Subo as escadas e não contenho o choro. Chego ao quarto e me sento na cama aos prantos, me sentindo uma idiota por ficar assim. Marco logo chega e, com todo seu carinho, me envolve em um abraço.

— Ana, está tudo bem! Não precisa ficar assim. Eu sei o quanto eles conseguem ser persuasivos.

Deito-me em seu peito e fungo.

— Eu não sei o que está acontecendo comigo, Marco.

Ele afaga meus cabelos um tanto sorridente, fico confusa com sua expressão.

O INVERNO ME TROUXE VOCÊ Onde histórias criam vida. Descubra agora