35 - Indo atrás

361 43 4
                                    

Marco

Depois que Ana me deixou destroçado no estacionamento, demorei para colocar a cabeça no lugar. Então, tomei uma decisão, não vou me afundar novamente na escuridão em que estive um dia. Não vou deixar Priscila destruir minha vida novamente.

Respiro fundo e volto para o hospital a fim de ter notícias de minha mãe. Ignoro a presença da minha tia, Margoh, pois minha vontade é de vomitar toda minha raiva, sobre como ela interferiu no meu casamento e toda sua parcela de culpa por nunca ter dado certo minha relação com sua filha. Ao invés de aconselhar Priscila a ser uma mãe melhor para Melissa, e não alimentar suas paranoias de que eu a traia o tempo todo, minha tia sempre lhe apoiava, sem nem ao menos disfarçar o quanto desprezava nosso relacionamento e desejava que sua filha tivesse se casado com alguém que pudesse dar a ela a vida que Priscila desejava.

Meu pai me abraça preocupado e me guia direto para o quarto de minha mãe. Vejo seu rosto corado e me sinto satisfeito. Felizmente, está bem, há um médico no quarto, é bem jovem e parece muito competente. Percebo que está assinando sua alta, fico aliviado, pelo menos uma notícia boa. O médico nos dá mais algumas instruções para que mamãe faça repouso e não tenha fortes emoções, ouvimos atentamente e depois ele sai nos deixando a sós.

Enquanto ajudo minha mãe a se levantar, não para de perguntar sobre o estado de Priscila. Dona Helena tem um coração enorme, é quase impossível ela não se preocupar com a doida. Papai conta que Priscila também está bem, ela apenas tomou alguns remédios que a deixaram inconsciente, mas que fizeram uma lavagem estomacal e logo terá alta. De certa forma, me sinto aliviado com isso também, afinal, não desejo o mal dela.

Deixamos o hospital com mamãe, e acompanho meus pais. Papai me dá uma carona até o apartamento de Ana, estou ansioso para chegar em casa e conversar com ela. Farei até o impossível para que ela me escute.

No caminho, minha mãe pergunta sobre a discussão no hospital. Bufo ao saber que lhe fizeram fofocas. Certamente, Margoh foi lhe envenenar, mesmo sabendo que minha mãe não podia sofrer mais com fortes emoções. Fico aliviado quando minha mãe fica do meu lado, ela e papai me conhecem bem e sabem que eu não faria mal à Ana, nunca lhe trairia, além do mais, sabem o quanto me decepcionei com Priscila, e que ela não me interessa de forma alguma. Mamãe fica irritada com o comportamento de Priscila, sempre soube o quanto ela é manipuladora, mas concorda que desta vez passou dos limites. Mamãe reafirma que o motivo de Priscila estar tão desesperada é porque está prestes a perder a guarda do filho por ser uma mãe irresponsável como sempre foi.

Meus pais me deixam em casa e vão para o hotel onde estão hospedados. Certamente estão exaustos e temos muito trabalho para amanhã, no segundo dia do FontanniDuo.

Fico na porta do prédio de Ana. Respiro fundo, criando coragem para encarar a situação, não tenho como fugir deste pesadelo. Entro no apartamento de Ana, muito ansioso. Percebo logo que tudo está como deixamos, entro em seu quarto, mas ela não se encontra, vasculho por toda parte, mas ela não está. Fico inquieto, não imagino onde esteja, já é tarde para ficar na rua. E, pelo que percebi, Ana não voltou para casa.

Ligo para Ana e seu telefone está desligado. Depois, entro em contato com Lili, mas Ana também não está com ela, e sei que sua amiga não é cúmplice, pois parece muito preocupada.

Passam horas e ainda não tenho notícias de Ana. Já peguei no telefone milhões de vezes e confesso que minha vontade é de jogar ele na parede por ser tão inútil nesse momento. Caminho de um lado para o outro, estou exausto, já é madrugada e luto contra o sono, afinal, foi um dia longo com a inauguração do restaurante. Me sento a fim de me acalmar, passo as mãos pelo rosto e bufo, tentando imaginar novamente onde ela possa estar. Me jogo no encosto do sofá e esfrego meus olhos que estão ardendo. Bocejo uma, duas vezes e nem percebo que meus olhos estão fechando... acabo cochilando ali mesmo no sofá.

O INVERNO ME TROUXE VOCÊ Onde histórias criam vida. Descubra agora