30 - E se ele for?

402 42 10
                                    

Ana

Confiro pela terceira vez se está tudo certo. Marco já deve estar chegando.

Na volta para casa, depois de ter ajudado minha amiga, passei em um restaurante e comprei algumas coisas, acabei de arrumar a mesa e tomei um banho rápido. Depois da nossa quase conversa ao telefone, confesso que fiquei um tanto insegura, então resolvi organizar esse jantar para que nossa conversa seja o mais tranquila possível.

Sou uma mistura de sentimentos, saudades e insegurança.

Respiro fundo, tentando conter o meu nervosismo e ouço barulho de chaves na porta, meu coração bate mais rápido, me sinto feito uma adolescente. Tento me conter e... Logo ele surge à porta, tão lindo como sempre, seus cabelos estão bem penteados e ele usa aquela jaqueta preta que o deixa atraente. Tenho vontade de beijá-lo até perder o fôlego. Quando seus olhos encontram os meus, ambos estamos ansiosos, talvez aguardando alguma iniciativa, e mesmo que eu não quisesse me jogar em seus braços, meu corpo não me obedece. Quando noto, já estou com o meu corpo colado ao seu. Marco me recebe, envolvendo seus braços em mim, me aperta forte, como se sentisse mais do que saudades, como se quisesse provar a todo custo que deseja estar assim, comigo.

- Meu amor, que saudades! - ele fala e sinto meu corpo se levantar levemente do chão, e na sequência um giro.

Ele tem um delicioso cheiro amadeirado, respiro fundo e inalo novamente sua fragrância. Quando penso que ele irá me soltar, Marco me aperta mais forte. Por algum motivo, sinto uma leve angústia, meu sexto sentido não mente, tem algo estranho. Me preparo para ouvir ele dizer a qualquer momento que vai embora. Este pensamento me perturba e logo também o aperto forte por um longo tempo. Ouço sua respiração rápida. Lentamente nos soltamos, ele se aproxima e me beija. Como senti falta de sua barba roçando em meu rosto, de sua boca quente e úmida, e da forma que sua mão aperta minha cintura contra seu corpo enquanto me beija. Fecho os olhos e saboreio sua boca.

Gemo.

- Marco... Senti tanto...sua falta!

Ele empurra sua mala com os pés e fecha a porta ainda me beijando.

- Ana... O que vou fazer? Não consigo mais ficar nenhum minuto sem você...

Ele fala, me abraçando novamente e apertado. Aquela angústia volta a me atormentar. Acredito que Marco vai embora, agora tenho certeza.

Contenho a angústia que sinto.

- Você cozinhou?- ele fala observando a comida na mesa. - Estou faminto!

Não entendo a mudança brusca de assunto. Em um instante, ele está em meus braços, declarando que não conseguirá ficar longe e agora... Sente fome?

Mesmo assim, lhe respondo:

- Ah, sim... Quer dizer... não...eu não cozinhei...apenas comprei comida para a gente... - falo quase gaguejando.

- Parece delicioso!

Ainda estou confusa, temerosa, aguardando que ele fale logo, assim acaba o meu sofrimento. Se ele tiver que ir, não poderei fazer nada, apenas terei o meu coração partido mais uma vez.

- Como foi a viagem, sua família, a venda da casa, a pescaria...?

Noto que ele fica um pouco tenso. Será que irá me dizer agora? Que seus pais o convenceram a ficar por lá, certamente está com dificuldades em me contar.

O INVERNO ME TROUXE VOCÊ Onde histórias criam vida. Descubra agora