47 - Visita inesperada, mas desejada

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Ana


Cinco meses...

Desde a descoberta da minha gravidez, precisei me afastar do trabalho. Marco e eu decidimos que eu faria reserva e me cuidaria ao máximo. Então, comecei a trabalhar em home office. A gestação não é de risco, porém achamos melhor assim, principalmente depois que o ultrassom mostrou nossos dois bebês. Quase não descobrimos quando a doutora nos disse que batiam dois corações. Marco não se conteve de emoção, chorou muito, afinal, esperou muito para ser pai novamente e agora teve uma grande surpresa.

Decidimos que ele escolheria o nome da nossa menina. Marco queria algo que remetesse à Melissa, então escolhemos Melina, e é claro que eu não apenas aceitei como amei. Para o nosso menino, escolhi Márcio em homenagem à minha mãe, sinto tanto sua falta, e me recordo do último sonho que tive com ela. Mamãe me disse que viriam mais pessoas para eu amar e cuidar, acho que ela quis dizer sobre meus filhos. Por isso, eu precisei reagir naquele tempo. Era um aviso.

Como estive um tempo em casa, pensei muito sobre as hipóteses de procurar meu pai. Liliane e Marco insistiram que fosse uma boa ideia. Então, pesquisei várias vezes no Google por seu nome: Roberto Cavalcante. Já havia feito isso antes, só não tive coragem de aprofundar. Imprimimos três páginas da internet com os dados de Roberto Cavalcante. Passei vários dias ligando de telefone em telefone tentando encontrar alguma informação. Mas não consegui nada. Alguns números não existem mais, e em outros, não obtiveram sucesso, pois não se trataram do mesmo Roberto que eu procurava, o meu pai. Tenho outra lista de empresas registradas neste nome, mas a maioria já decretou falência, então fica cada vez mais difícil.

Decidi passar no restaurante para almoçar com Marco, no caminho, passo próximo a uma loja de bebê, aviso pelo whatsapp, que vou me atrasar um pouco e explícito o motivo. Marco demonstra surpresa, afinal nunca gostei de fazer compras, e nos últimos tempos tem se tornado minha atividade favorita. Logo não resisto, compro duas roupinhas muito fofas, envio uma foto das duas peças para ele e noto que me demora a responder. Ainda estou na fila fazendo pagamento quando recebo do Marco um emoji de carinha feliz. Mesmo assim, percebo que não está mais na mesma sintonia, teria acontecido algo?

Quando chego ao restaurante, vejo que há um movimento habitual, vários conhecidos me cumprimentam. Gil me atenderá na próxima recepção.

— Olá, como vai à segunda grávida mais linda da cidade? —ele fala em tom gentil.

Está radiante, pois sua filha também está grávida.

— Estou ótimo, e sua filha?

— O bebê vem na próxima semana. Estamos ansiosos.

—Ah! Vai ser um grande rapaz e forte!

Gil sorri.

— E Marco?— perguntas procurando pelo salão. Normalmente, quando venho almoçar, ele me aguarda em uma mesa. Além do mais, Marco me respondeu no whatsapp há mais de trinta minutos.

— Marco está no escritório, apareceu um homem procurando por ele. Já faz um bom tempo que está por lá. Mas escolha uma mesa que vou pedir aos rapazes para que sirvam de um suco enquanto aguardam.

De repente, sinto um frio no peito, algo como uma ansiedade repentina. Não sei por qual motivo, entretanto aguardo na mesa. Olho em meu relógio de pulso várias vezes e mando muitas mensagens para Marco, porém não respondo nenhuma, aliás nem as visualizou. Afinal, quem seria esse homem com quem ele conversa tanto a ponto de me largar plantado aqui?

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