45 - Amor que cura dores

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Ana

Saio da sala de Nicolas ainda um pouco surpresa com a nossa conversa e por seu amadurecimento. Então, sei que ele não se tornará mais um problema entre mim e Marco. Passo rapidinho na sala de minha amiga e lhe conto sobre nossa conversa. Lili fica tão surpreendida quanto eu. Depois da nossa conversa, ela me mostra um vídeo da pequena Lígia que já está ficando de pé. Juntas, rimos e babamos da fofura que ela é. Depois, minha amiga insiste que eu devo ir atrás do meu marido e acertar as coisas. Por mais que eu saiba que Lili tenha razão, sinto insegurança, pois nossa briga da noite anterior foi feia e as lembranças de Marco, completamente apagado de bêbado, não foi nada bom de se ver. Minha amiga me dá um forte abraço. Não sei o que seria de mim sem ela. Nos conhecemos há pouco mais de cinco anos, e Liliane tem se tornado como uma irmã.

— Tudo irá se resolver, basta ter paciência. Vocês se amam, e o amor sempre vence! — Lili fala em meu ouvido enquanto me abraça. 

Me surpreendo ao ouvir minha amiga dizer algo desse tipo. A maternidade amoleceu seu coração de pedra. 

— Liliane, é você mesma?— falo em tom de brincadeira e recebo um leve tapinha no braço ainda bom.

Saio da redação e peço um carro pelo aplicativo novamente. Saber que por um bom tempo não irei dirigir me deixa chateada, mas felizmente temos novas plataformas de mobilidade ao nosso favor. Enquanto o carro se aproxima do restaurante, meu coração bate forte. Não sei como Marco irá me receber, tenho medo de terminarmos brigando novamente. Então, saio do carro bastante tensa. Logo na porta, vejo Gil, é admirável como ele se recuperou do vício e hoje tem uma outra vida, além de ter se tornado um grande amigo.

— Bom dia, Ana. — Ele cumprimenta gentilmente enquanto despacha um motorista de entregas. Hoje é dia de doações, por isso, tanta agitação.

Sorrio cordialmente.

— Bom dia, Gil.

— Soube do seu acidente, como você está?

— Ah, sim. Ainda sinto dor, mas estou tomando os medicamentos.

— Imagino, uma vez eu também me machuquei no mesmo lugar, é uma dor terrível.

Ele conta sua experiência, confesso que quase não o escuto, minha ansiedade está toda concentrada em conversar com Marco. Espero educadamente Gil terminar de falar e vou logo perguntando.

— Gil, preciso conversar com meu marido, ele está na cozinha?

Gil me encara confuso.

— E... Que... Marco passou muito mal, hoje. Há pouco foi para casa.

É inevitável que eu fique preocupada.

— Como assim, o que ele tem...?

Percebo Gil ficar surpreso pelo fato de eu não saber nada sobre Marco.

— Ah, Ana... A bebedeira dele de ontem não fez bem... Eu avisei... sabe que tive experiência, ele misturou de tudo...

Gil fala meneando a cabeça.

Me sinto constrangida por saber que tenho culpa disso. Respiro fundo e peço novamente carro, desta vez vou direto para casa.

— Obrigada, Gil. 

O INVERNO ME TROUXE VOCÊ Onde histórias criam vida. Descubra agora