09 - Em busca da verdade

485 67 41
                                    

Ana.

Estaciono meu carro no estacionamento da empresa. Em seguida, vejo o carro de Lili parar bem ao meu lado. Pela forma brusca com que ela freia, sei que está irritada, hoje não deve estar nos seus melhores dias.

Descemos juntas. Ela se aproxima e nos cumprimentamos.

— Tudo bem? — Vou logo perguntando.

Ela coloca seus óculos escuros e sorri meio falso.

— Ótimo! Nada que um café no Majestic não resolva.

Ela sugere o café da rua Dourados, não compreendo, pois ela odeia o café de lá. Desde que abriu o Café Mix, nunca fomos em outro.

— Lili — a chamo, indo atrás dela — Já tomei café.

Ela para no mesmo instante e me analisa por cima dos óculos.

— Como assim? Você não faz café em casa —  sem perceber, estou sorrindo ao me lembrar da mesa impecável que Marco havia feito. — Marco preparou nosso café hoje.

Ela continua me olhando.

— Marco? Quem é Marco, Ana?

— Meu hóspede, Lili! Hoje ele me falou como se chama, Marco Fontanni.

— Então quer dizer que você não vai ao Majestic comigo?

Noto que seu mau-humor aumentou depois que falei sobre meu café da manhã. Poderia jurar que ela está com ciúmes.

— Foi apenas uma gentileza, Lili. Ontem, quando cheguei em meu apartamento, parecia que eu estava em outro lugar, ele limpou a casa toda. Fez o jantar e acabou caindo em febre à noite. Certamente por todo esforço que fez. Além de que ele saiu por algumas horas, faz algo misterioso na rua. Seja lá o que for, se esforçou muito. Passei a noite lhe monitorando, por causa da febre. Em agradecimento, fez o nosso café da manhã.

Quando termino, ela me olha como se nada que eu tivesse dito tivesse importância e sai andando novamente.

— Pode deixar, eu vou sozinha. — Minha amiga fala com excesso de arrogância.

Merda! O que está acontecendo com ela hoje?

Vou atrás.

— O que você tem, hoje?

Lili continua andando.

— Nada, já disse, estou ótima.

Bufo.

— Então por que você quer ir tomar café há três quarteirões daqui em um lugar que odeia, sendo que a cafeteria que amamos é do outro lado da rua?

— Não vou lá nunca mais.

Eu lhe seguro pelo braço para exigir uma explicação lógica.

— Pelo amor de Deus, Lili, o que houve?

Ela finalmente parece baixar a guarda. Respira fundo e me conta.

— Ontem, o Lucas me encontrou no Facebook — ela fala, cheia de dramas, como se isso fosse o fim do mundo.

Ela para e me encara séria.

O INVERNO ME TROUXE VOCÊ Onde histórias criam vida. Descubra agora