39 - Boas vindas

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Ana

Marco segue para o restaurante e vou para o apartamento de Liliane. Ela deve estar de mau humor, o final da gravidez não tem sido fácil.

Chego ao seu apartamento, aperto a campainha várias vezes, mas ela não atende. Bato na porta, grito e nada. Começo a me preocupar. Me lembro da chave que ela passou a deixar no vaso de plantas depois que ela e Lucas resolveram morar juntos. Lili disse que Lucas sempre perdia suas chaves. Então, uso como estratégia, confiro e sinto um enorme alívio ao encontrar as chaves bem ali.

Abro a porta e vejo que a sala está vazia.

- Lili! - chamo.

Ouço alguns gemidos vindo do quarto e corro até lá. Encontro minha amiga no chão, sentada apoiada com as costas na parede, sua perna está enrolada com o lençol e está toda molhada, parece ter feito xixi bem ali.

Tento não me desesperar.

Ela fala em lágrimas:

- Ana... nem acredito que você está aqui...

- Lili, o que houve? - pergunto, me abaixando para ajudá-la.

Minha amiga geme em meio à dor.

- Minha bolsa rompeu e eu acabei me escorregando... - ela chora ainda mais. - Acho que torci meu pé, está doendo bastante, não consegui me levantar nem para pedir ajuda.

Não sei o que fazer, preciso respirar fundo e raciocinar. Acho que ela sente uma contração, pois me segura pelo braço e aperta forte. Faz uma seção de exercícios de respiração e, quando passa, sou eu quem respiro fundo e pergunto preocupada:

- Faz quanto tempo?

Ela geme enquanto range os dentes.

- Não sei... Uns vinte... trinta minutos...

Fico assustada. Não entendo de partos, mas acredito que precise ir o mais rápido possível para uma maternidade.

- Preciso levar você para o hospital.

Falo segurando sua mão e passando por trás do meu pescoço para que ela se apoie em mim.

- Ana... Se você não estivesse aqui, o que seria de nós? - fala, passando a mão na barriga um pouco aliviada.

Sorrio.

Neste momento, começo a refletir, no estado emocional em que eu me encontrava, não poderia estar aqui, mas o fato de ter me despertado está relacionado com essa missão de salvar essas duas pessoas que amo tanto, por isso tive aquele sonho com minha mãe, ela queria me alertar.

"Tem pessoas incríveis ao seu redor e que precisam de você!"

Sorrio internamente agradecida, quando me lembro de suas palavras.

Com muita dificuldade, consigo trazer minha amiga até o elevador, me fazendo de sua muleta. Ela geme bastante de dor no pé torcido e, quando sente alguma contração, precisamos parar por um momento.

Deixo Lili no carro e busco suas coisas rapidamente.

- Acho que está tudo aqui - falo, colocando duas bolsas no carro e sua pasta de exames com todos os documentos.

Antes de entrar no carro, tento ligar para Lucas, mas não completa a ligação. Então digito uma mensagem rápida para Marco, aviso sobre o que aconteceu e peço que me encontre no hospital, aproveito e peço que tente falar com Lucas. Me sento no banco do carro e ela me pergunta, ansiosa:

- Falou com Lucas? - pergunta entre uma respiração e outra.

Como não quero deixar ela mais tensa, resolvo mentir:

O INVERNO ME TROUXE VOCÊ Onde histórias criam vida. Descubra agora