13 - Só hoje

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 Ana

Jota quest - Só Hoje

Hoje eu preciso te encontrar de qualquer jeito

Nem que seja só pra te levar pra casa

Depois de um dia normal

Olhar teus olhos de promessas fáceis

E te beijar a boca de um jeito que te faça rir... E te faça rir.

Hoje eu preciso te abraçar

Sentir teu cheiro de roupa limpa

Pra esquecer os meus anseios e dormir em paz

Hoje eu preciso ouvir qualquer palavra tua

Qualquer frase exagerada que me faça sentir alegria, em estar vivo.

Hoje eu preciso tomar um café, ouvindo você suspirar

Me dizendo que eu sou causador da tua insônia

Que eu faço tudo errado sempre, sempre ...

Hoje preciso de você

Com qualquer humor

Com qualquer sorriso

Hoje só tua presença

Vai me deixar feliz

Só hoje 

Desligo o som do meu carro. Ainda sinto meu coração apertado, os olhos de Marco cheios de mágoa não saem da minha mente. Depois do showzinho de Nicolas, Marco saiu. Lili me contou que, assim que eu subi a escada para ir ao banheiro de cima, Marco foi atrás, acredito que o barulho que eu e Nicolas ouvimos tenha sido ele. Certamente nos viu, supostamente aos amassos, eu e Nicolas.

A sensação de partir o coração de alguém não é nada agradável.

Percorri várias ruas à procura dele. Já é quase meia-noite, viro a esquina da Av. Doutor Hortengas, para minha sorte, vejo Gil, ele anda um pouco sem coordenação, certamente também bebeu além da conta. Encosto o carro ao seu lado.

— Gil! — chamo desesperada pela janela.

Ele me olha, tentando me reconhecer.

— Olá... Moça, amiga do cozinheiro...

— Gil, estou procurando por Marco. Você o viu por aqui?

— Adoro o purê que ele faz... Até pedi a receita... 

—... Gil, eu preciso saber onde ele está — minha voz sai em tom de súplica.

— Olha, moça... Ele nunca dorme na rua... Aquele carinha é cheio de frescuras... Certamente foi para algum abrigo...

Bufo, vejo que não vou ter sucesso.

— Os albergues fecham às dez. Nesse horário, ele estava comigo — falo praticamente sozinha, o homem está rodopiando um poste de ferro.

Ele está tão bêbado que cai. Mas noto que ele não se machucou.

— Obrigada...

Olho para a direção e saio frustrada.

Continuo minha procura, mas vejo que é inútil, percorri todas as ruas desde a casa de Nicolas até aqui e não encontrei Marco em lugar algum. Sigo de volta para meu apartamento e ignoro todas as ligações perdidas de Lili, certamente minha amiga está preocupada. Então, desligo meu celular.

De repente, tudo perdeu a graça para mim, não paro de pensar em Marco e como ele deve estar se sentindo mal, e ainda por cima nas ruas com esse frio.

Estaciono na garagem do meu prédio e fecho as portas, entro no elevador e fecho os botões do meu sobretudo, parece que a temperatura caiu consideravelmente. Enquanto subo, observo o vazio das paredes frias, me sinto muito mal, um nó na garganta tampa minha respiração, quero chorar, gritar sobre o quanto eu ferrei com tudo mais uma vez.

O INVERNO ME TROUXE VOCÊ Onde histórias criam vida. Descubra agora