08 - Entrando no jogo

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Acordo cedo e saio bem devagar para não acordar meu hóspede. Encontro Lili logo na entrada do café, hoje decidimos pedir uma mesa, temos muita coisa para conversar. Ela parece ansiosa, na verdade, sempre fica, por isso tenho certeza de que há algum interesse de sua parte pelo rapaz atendente. Faz tempo que rola uma química entre eles. Seu término com Bruno foi doloroso, ela quase nunca fala sobre o que houve entre eles. Mas sei que Lili ainda não superou tudo, e acredita naquela famosa frase que diz " que todos os homens são iguais e não prestam".

Rapidamente começo a compreender o motivo de sua aflição, mesmo que Lili tente disfarçar, sei que toda essa inquietação é porque já fizemos nossos pedidos e o rapaz que nos atende todos os dias ainda não apareceu.

Falo:

— Por que será que aquele rapaz que sempre nos atendeu não está aqui, logo hoje vamos pedir uma mesa?

Ela disfarça enquanto abre seu computador.

— Quem não está?

Minha amiga é péssima em sua atuação, mesmo assim entro em seu jogo.

— O rapaz, atendente.

Ela dá de ombros.

— Ah, nem percebi — ela fala enquanto nos sentamos.

Enquanto bebemos nosso café, fico boquiaberta quando ele surge de repente, está bem vestido ainda por detrás do balcão, usa uma roupa social impecável diferente dos uniformes dos demais, e em seu terno tem um broche com seu nome escrito, Lucas Albuquerque, e logo abaixo as palavras  "Gerente". Então entendo o motivo pelo qual ele não nos atendeu no balcão, o affair da minha amiga foi promovido a gerente.

Ele percebe nossa presença após orientar uma atendente, seus olhos seguem em nossa direção, somente agora ele nos vê. Lili ignora, mas sei que se animou ao menos um pouquinho.

Cochicho surpresa:

— Ele agora é o gerente!

Minha amiga me olha por cima dos óculos de leitura.

— Que bom, para ele — responde como se fosse algo insignificante.

Mas quando o novo gerente vem em nossa direção, ela fica apreensiva.

— Bom dia, garotas! — ele fala sorrindo.

Lili não consegue disfarçar o quanto fica mexida ao ver ele tão bem vestido.

Os dois trocam aquele olhar de todos os dias.

Ele dispara a falar de forma gentil:

— Bom, fui promovido a gerente, e como sempre vejo vocês por aqui. Decidi fazer um agrado aos clientes fiéis do café.

Então, acena para um atendente que surge com dois cappuccinos e um cupcake. Como eu imaginava, minha amiga recebe o bolinho.

— Obrigada, adoro o café de vocês e esse cappuccino é divino!— falo já experimentando minha bebida.

Divirto-me ao ver Lili tão tímida diante do rapaz. Eles trocam olhares tão intensos, só não vou embora porque ela logo o ignora novamente, focando no notebook.

O INVERNO ME TROUXE VOCÊ Onde histórias criam vida. Descubra agora