11 - Atraídos

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Ana

São cinco da tarde, hoje Marco e eu realizamos uma boa faxina na casa, estou exausta, ainda não sei como ele me convenceu. Mas confesso que valeu a pena, meu apartamento está um brilho! Dona Márcia iria me encher de elogios se visse minha casa assim, ou não, minha mãe sempre procura motivos para me criticar. Desde a segunda não nos falamos, ela não me enviou nem se quer uma mensagem. Também não dei o braço a torcer, saber que ela está com aquele maldito me incomoda.

Respiro fundo e decido focar na noite de hoje, falta muito pouco, estou ansiosa para ver a cara de Nicolas e sua noivinha ao me verem chegar com o meu "namorado". Por falar nisso, Marco foi entregar as marmitas sozinho, precisei passar no salão para cortar o cabelo, estava me incomodando, aproveitei e fiz uma escova modelada, adorei o resultado. Coloco meu vestido novo e termino minha maquiagem, na verdade, esse nunca foi meu forte, passo um blush, um rímel que deixa meus cílios com mais volume, passo uma sombra escura e parto para a parte mais difícil: delineado! Bufo, frustrada antecipadamente. Essa missão é quase impossível. Então, me lembro de ter visto na internet alguns vídeos ensinando a fazer delineado utilizando vários instrumentos que temos em casa, e um deles é fita adesiva. Tenho uma ponta de esperança, então pego a fita na gaveta da cômoda, corto um pedacinho e coloco em minha pálpebra. Me sinto engraçada fazendo isso. Inicio minha missão, bem lentamente, faço o delineado e... Comemore quando terminar! Esta é a primeira vez em que acerto um delineado.

Dou pulinhos de alegria e faço o mesmo do outro lado.

Termino a maquiagem e ainda fico por um tempo observando meu vestido na cama, isso foi obra de Liliane, ela me obrigou a comprar um vestido tão curto e decorado, apesar das mangas longas.

Ouço o som da porta da sala se fechando, certamente Marco chegou. Apresso e me visto. Estou preocupada, não sei o que ele irá vestir, temi que ele não gostasse que eu lhe comprasse uma roupa. Então, separei algumas das doações que haviam sobrado, aquelas que Lili conseguiu de doação no ano passado, na redação.

Visto meu vestido e vou para a sala.

Assim que entro, percebo que um par de olhos claros me analisa da cabeça aos pés. Ele está paralisado, me observando.

Assim que o vejo, penso em resolver a situação das roupas.

- Marco, eu... - paro de falar quando olho várias sacolas em sua mão.

Minha expressão é de completa surpresa. Trata-se de sacolas daquela marca de roupas masculinas famosa. Pergunto mil vezes sobre com qual dinheiro ele comprou isso, e várias outras coisas desde que chegou aqui. Não entendo e ele também nunca se explica, isso está me matando. Prometi que não faria perguntas, e preciso cumprir. Mas e se...? Devo deixar para lá!

Ele nota que não paro de olhar as sacolas. E que tenho várias dúvidas. Marco está um tanto constrangido com essa situação.

- Eu precisava de roupas novas, ou você acha que eu deveria aparecer na festa com as roupas que seus próprios amigos lhe doaram?

Levando em conta que eu nem tinha pensado nisso, fico aliviada de ele ter pensado, seria bem estranho esta situação. Mesmo assim, não me convence totalmente.

Não me contenho e falo:

- Bom, mas... Nesta loja é tudo muito caro. - Tento escolher as palavras certas para não pressioná-lo.

Marco inclina a cabeça, muito perdido, parece não saber o que dizer. Ele está tenso, abaixa a cabeça, nervoso. Sinto como se ele quisesse despejar toda a verdade aqui e agora, meu coração se acelera, mas sei que não vai ser tão simples assim, tem algo que o impede.

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