CAPÍTULO 23 - CONVERSAS E MEMÓRIAS

2.8K 425 513
                                    

Draco Malfoy só não revirou os olhos pela quarta vez naquele dia pois havia tomado outra dose da poção calmante.

A bagunça de cartas em sua cama o deixava entediado e preguiçoso para sequer fazer um feitiço que as arrumasse. Encarou a si mesmo no espelho, os cabelos loiro platinados estavam terrivelmente bagunçados, os olhos azuis acizentados estavam opacos e cansados e suas vestes estavam amassadas. Seus 14 anos recém completados pareciam nada perante ao cansaço que sentia. A cada ano, sua magia aumentava um pouco mais, o que resultava em uma necessidade de um autocontrole absurdo.

Aliás, nos últimos dias, seu núcleo mágico só se acalmava com três doses de poção. No entanto, ele começou a ter efeitos colaterais. Noites em claro, humor desregulado, tonturas e má disposição. As vezes não queria ver ninguém. Por medo. Sua magia o assustava desde incidentes em Hogwarts no terceiro ano, e se machucasse mais alguém, Draco não se perdoaria. Ele já não se perdoava, na verdade.

Ele estava um caos.

— Bom dia, priminho querido — Tonks entrou no seu quarto de repente, sorridente como sempre e comendo um pão com alguma de suas misturas malucas, como geleia e creme de chocolate. — Epa, você se sente bem, Potter?

Draco fez uma careta.

— Por que me chamou de Potter?

— Oras, você vive na casa do Harry Potter, não me surpreende se tornar-se um em breve — ela deu de ombros. — Está acabado, hein? Vem que a prima te ajuda a se arrumar. Mas tem que ser agora, não tenho muito tempo, não.

— Dora, hoje você está de folga.

— E eu não disse que não estava! Mas tenho muita coisa pra fazer. Tipo desenhar e cantar. Vem logo.

Revirando os olhos, Draco foi até ela. Amava sua prima, só não dizia isso o tempo todo.

— Vai para a casa do Sirius hoje? — Ela perguntou enquanto se encarava no espelho e escolhia a cor do cabelo e dos olhos.

— Não. Vou com Ron dessa vez.

— Hm, problemas no paraíso? Como vai seu relacionamento com Harry?

— Q-Que relacionamento?! — Ele arregalou os olhos, pulando para longe da prima como se ela fosse algum comensal da morte. Nymphadora riu.

— Amizade, Dray. Que relacionamento achou que eu estava falando? Esses adolescentes... Aqui, roxo ou verde? — Apontou para seu cabelo.

— Roxo — ele respondeu, azedo.

— Ah, Draco, quer me contar o que está tanto pensando nessa cabecinha pensante? — Ela apontou para a cama, indicando que ele se sentasse. Depois que o fez, ela se dirigiu ao armário do primo para escolher uma roupa para ele. — Em todos esses anos nessa industria vital, só te vi com o cabelo bagunçado três vezes. Na primeira, foi aquele dia horrível que o Lucius acabou te levando. Na segunda, aquele elfo roubou as cartas dos seus amigos. Essa é terceira. Então qual o conflito da vez?

— Não sei — ele admitiu. — As coisas estão mudando, eu acho. Desde o ano passado vem sendo assim. Daquilo que te contei.

— A amortentia, certo?

— Sim. Ficou um pouco estranho. E Harry só fala da garota que quer convidar para sair em Hogsmeade. Estou perto de azarar os dois — suspirou. Dora riu e jogou — Mas não espero outra coisa, Dora. Eu... sou estranho, ainda me acho estranho.

Os dois EleitosOnde histórias criam vida. Descubra agora