CAPÍTULO 13 - BERRADORES E GILDEROY LOCKHART

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O dia seguinte não teve tanto riso quanto o anterior.

Harry e Draco estavam tomando o café da manhã na mesa da Sonserina normalmente, algumas pessoas interrompendo vez ou outra, enquanto Ron e Hermione comiam na mesa da Grifinória.

O correio estava prestes a chegar e Draco esperou pela bronca que levaria de sua tia sobre a situação. Ela provavelmente se sentiria culpada de tê-lo deixado na estação sem checar nada antes, e isso o faria se sentir mal.

Assim que pensou sobre isso, um barulho alto de asas batendo preencheu todo o Salão Principal, as corujas sobrevoando e encontrando os destinatários rapidamente. Edwiges pousou perfeitamente ao lado de Cissy — apelido em homenagem à sua mãe – e soltou as cartas na mesa.

— Obrigado, Edwiges — Harry agradeceu pegando as cartas dela, mas congelou ao ver um envelope vermelho entre as cartas. — Oh, não...

Draco arregalou os olhos, tentando seu máximo para não rir.

— Oh, não, Potter, você precisa abrir antes que ele...

— Não! — Ele exclamou, teimando. — Provavelmente é Sirius, eu...

Um barulho alto os interrompeu. Até o berrador de Harry pareceu parar para ouvir o que o outro havia para dizer.

— ...ROUBAR O CARRO, EU NÃO TERIA ME SURPREENDIDO SE O TIVESSEM EXPULSADO, ESPERE ATÉ EU PÔR AS MÃOS EM VOCÊ. SUPONHO QUE NÃO PAROU PARA PENSAR NO QUE SEU PAI E EU PASSAMOS QUANDO VIMOS QUE O CARRO TINHA DESAPARECIDO! — A voz era a mãe de Ron, e Harry já estava vermelho esperando pelas palavras de Sirius - ou, com sorte, de Remus, que fala mais baixo e mais cuidadosamente. — ...ESTOU ABSOLUTAMENTE DESGOSTOSA! SEU PAI ESTÁ ENFRENTANDO UM INQUÉRITO NO TRABALHO E É TUDO CULPA SUA! E, SE VOCÊ SAIR UM DEDINHO DA LINHA, VAMOS TRAZÊ-LO DIRETO PARA CASA!

E parou. Harry resmungou algo baixinho enquanto Draco ria febrilmente ao seu lado, batendo no próprio joelho. O moreno fechou os olhos e puxou a carta vermelha, abrindo-a de uma vez. Draco tampou os ouvidos, ainda rindo.

— HARRY JAMES POTTER, VOCÊ FICOU COMPLETAMENTE MALUCO? MESMO QUE EU E SEU PAI ESTEJAMOS TERRIVELMENTE ORGULHOSOS... — ele pôde ouvir Remus rosnar um "Sirius Orion Lupin!" — ...VOCÊ NÃO PODE FAZER COISAS DO TIPO! NÃO TROCAMOS SUAS BELAS FRALDAS E TE ALIMENTAMOS QUASE COM UM MERCADO INTEIRO TODO ANO PARA DUMBLEDORE NOS DAR ESSA NOTÍCIA POR CARTAS! PELAS BARBAS DE MERLIM, NÃO FAÇA ALGO DESSE TIPO PORQUE EU QUASE TIVE UM INFARTO EM MEIO A UM PASSEIO COM PRONGS! JAMES, SEI QUE ESTÁ RINDO EM ALGUM LUGAR, MAS OLHA O QUE O SEU FILHO...

E terminou. Harry quase se enfiou debaixo da mesa, escondendo-se entre as outras cartas que havia recebido. Draco ria tanto que estava vermelho e sem ar. Rir dos amigos é essencial.

Aos poucos o Salão Principal esqueceu sobre os berradores e voltou a conversar, enquanto Harry xingava todos os xingamentos que conhecia – e alguns novos, também – e Draco se recuperava da crise de riso que teve.

— Ah, vai dizer que você não tem nenhum berrador? — Harry o cutucou, espalhando as cartas do amigo pela mesa e não encontrando nenhuma da cor vermelha. — Droga.

— Não tem berrador, mas provavelmente há alguma bronca... — o loiro limpou algumas lágrimas que foram pelo tempo que riu e pegou a carta assinada pela sua tia. — Oh, aqui está.

"Draco,

Estou muito desapontada. Parte da culpa é minha por ter te deixado sem checar se tudo estava seguro. Dumbledore me explicou a situação e tenho certeza que você está com alguma detenção ou um castigo. Não vou brigar com você, dessa vez, só por favor tome mais cuidado. Você poderia ter tido um acesso de magia em meio ao estresse e isso machucaria seus amigos também. Tome sua poção direitinho e não faça mais nada do tipo, eu imploro.
Se cuide e sem mais bagunças, certo?
Amo você,

- Andromeda Tonks."

Draco respirou fundo encarando a carta, sabendo que sua tia estava certa. Fez uma nota mental de escrever para ela se desculpando mais tarde. Harry tentou disfarçar, mas o loiro sabia que ele havia lido a carta também.

Ainda meio traumatizado pelo berrador, Harry foi para a primeira aula com Draco o seguindo.

Gilderoy Lockhart.

Draco já ouvira sobre ele em algum momento, só não conseguia se lembrar quando e onde.

— Bom dia, alunos! — Ele cumprimentou a sala, arrumando os cabelos. — Antes de começarmos a aula, podemos ter uma rápida conversa, Harry Potter?

Harry franziu o cenho. Draco olhou o professor desconfiado.

— Claro, professor — concordou com uma pitada de sarcasmo. O professor seguiu para fora da sala. Harry sussurrou para Draco: — Lance o Abaffiato e preste atenção.

Draco assentiu enquanto Harry seguia Lockhart, sussurrando o feitiço para que ninguém além dele ouvisse a conversa dos dois. E funcionou.

O professor dizia algo sobre Harry estar querendo ir para a primeira página do jornal novamente e estar concorrendo com ele. Draco franziu o cenho e tirou o feitiço, irritado. Eles quase foram expulsos e esse professor se preocupava com matérias de jornais?!

Respirando fundo, voltou a se focar nos rabiscos que estava fazendo no pergaminho enquanto Harry voltava, vermelho, mas com a expressão serena.

Ao se sentar ao lado de Draco, ele falou entredentes:

— Eu juro que estive perto de estupefa-lo.

— Se você o fizer, eu jogo o feitiço de memória e ele nunca lembrará quem foi — Draco respondeu sem encara-lo. Harry sorriu.

— Combinado, então.

A aula se seguiu enquanto o professor Lockhart fazia as perguntas mais idiotas que Draco já ouvira na vida.

1. Qual é a cor favorita de Gilderoy Lockhart?
2. Qual é a ambição secreta de Gilderoy Lockhart?
3. Qual é, na sua opinião, a maior realização de Gilderoy Lockhart até o momento?

— Eu juro, juro mesmo — Draco sussurrou para Harry. — Eu vou matar esse professor antes do fim do ano.

— Não contarei à ninguém e ajudarei a esconder o corpo — o moreno resmungou de volta.

Os testes duraram o resto da aula de Defesa Contra as Artes das Trevas até que o professor recolheu os testes e deu 10 pontos para a Grifinória pelo desempenho de Hermione.

Quando saíram da sala, Draco e Harry se seguraram para que não rissem dela.

— Certo, o que foi aquilo? — Ron questionou a colega de casa, tão irritado quanto Draco e Harry.

— Eu só... — a garota corou. — Sei bastante sobre ele.

— Ele nem deveria ser um professor — Draco disse, arrumando as vestes.

— Não diga algo assim — Hermione parecia ofendida. — O Professor Lockhart tem muitas qualidades e é muito talentoso!

— Como se ele já tivesse enfrentado Voldemort ou coisa do tipo — Harry falou calmamente, batendo na mão de Draco em um high-five quando ele levantou-a. Depois fez o mesmo com Ron. Hermione bufou e saiu pisando forte, irritada.

— Ótimo, temos uma fanática de Gilderoy Lockhart por aqui — Ron suspirou.

— Que Merlim nos livre disso — Os três riram.

Os dois EleitosOnde histórias criam vida. Descubra agora