BÔNUS - Uma noite de Natal e promessas

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6 anos antes.

Era véspera de Natal e Harry estava animado. Corria pela casa desde que amanheceu, com Sirius atrás dele em sua forma animaga, contagiado pela alegria do afilhado.

Naquele ano, no aniversário do pequeno garoto, ele desejou um bom natal e ano novo ao soprar as 6 velinhas de seu bolo, e esperava que seus desejos se realizassem. Ele queria presentes, amor e comida. Mas, acima de tudo, brincar e aproveitar com seus padrinhos era o que mais ansiava.

O relógio apitou quando era exatamente dez da noite. Harry fez um bico adorável quando Remus chegou para o levar para cama.

— Mas... eu quero esperar os presentes! A coruja natalina vai trazer, não vai? — Sua voz infantil perguntou de forma manhosa.

— Vai sim, filhote, porém, só quando todos estiverem dormindo. Os presentes são surpresa da coruja — ele explicou calmamente, arrumando Harry na cama, reforçando as cobertas pelo frio que fazia nesta época do ano ser maior do que o normal.

— E se eu tiver pesadelo, Moony? — Harry sussurrou amedrontado. — Tive um monte. Não quero mais.

— Olhe para o Moony, filhote — Remus pediu. — Se você tiver qualquer pesadelo, Sirius e eu vamos estar aqui por você. Ok?

— Ok — Harry assentiu, abraçando-o antes de se embrulhar nas cobertas. Agora se sentia mais sonolento, quentinho, então dormiria rápido para sonhar seus sonhos infantis ou com sua mãe gritando por ele. Era sempre um ou outro.

— Boa noite, Hazz.

Remus se levantou e Harry não respondeu, respirando mais calmamente. Antes de cair no sono, o homem o ouviu sussurrar:

— Boa noite, papai.

Remus foi se deitar com um sorriso no rosto.

— Ele dormiu? — Sirius o perguntou assim que os dois se enfiaram nas cobertas.

— Sim — afirmou, abraçando o marido para se esquentarem, antes de mostrar o sorriso e lágrimas nos olhos.

— O quê? Por que está chorando, Moony?

— Ele me chamou de papai — respondeu, secando os olhos com a costa da mão.

— Por que ele nunca me chamou assim — Sirius resmungou emburrado, fazendo Remus rir. — Sei que está emocionado por causa do James. Está tudo bem, sabe disso, não sabe? Harry está bem. Ele estaria orgulhoso de nós dois.

— Eu tenho orgulho de nós dois também — Remus segredou. — Sei que pra você é mais difícil, você e James não se desgrudavam nem para dormir.

— Nem pra tomar banho — comentou Sirius.

— Não quero saber disso — Remus o cortou, divertido — E como eu dizia, tenho orgulho pois estamos dando nosso máximo pra deixar James e Lily orgulhosos.

— E para Harry crescer uma criança feliz — Sirius confirmou. Os dois sorriam. — É o desejo de Natal, esse ano? Termos orgulho de nós mesmos e dar orgulho aos que amamos?

— É o desejo de Natal desse ano — Remus concordou.

— Sabe...

— Tenho medo dos seus "sabe", Six.

— Eu só estava pensando em um presente. Está frio, sabe? A lareira está desligada, estamos você e eu aqui...

— Sirius. Existem feitiços de aquecimento.

— Cale a boca, seu estragador de clima — Six murmurou, puxando Remus pela gola do pijama.

— Não faz isso — O tom de voz dele adquiriu um rouco que arrepiou o outro. — Harry está tendo pesadelos, a qualquer momento...

— Moomy? Dadfoot? — Um tom de voz infantil desesperado soou abafado pela porta fechada.

Sirius fingiu chorar, e Remus deu de ombros dizendo que avisara. Os dois foram juntos checar Harry.

— Minha mãe — A criança chorou. — M-Mamãe...

— Venha aqui — Sirius o pegou no colo. — Quem é o orgulho do padrinho?

Harry piscou em meio as lágrimas.

— Eu sou?

— É sim. Veio nos chamar assim como Moony mandou, não foi?

— Sim, Pads — ele assentiu.

— Quer contar o pesadelo, filhote?

— Mamãe gritava. Ela falava pro papai mandar um sinal e carta pra ela, perguntou se ele 'tava bem. Mas ele não respondia, Moony! Ele sumiu e ela gritou de novo, e eu fiquei sozinho com a luz verde — Harry explicou, triste, chorando novamente.

Sirius o apertou no abraço.

— Posso prometer uma coisa, Harry?

— Pode, Padfoot.

— Vamos sempre te mandar cartas. Se você precisar, onde estiver, vamos te responder e te ajudar não importa o que aconteça.

Harry parecia inseguro.

— Mesmo se tiver luz verde? Moços maus?

— Mesmo se tiver monstros e criaturas ruins — Remus confirmou. — Vamos sempre te proteger. Vamos sempre ficar juntos.

— 'Tá bom — Harry assentiu, mais calmo, se pendurando em Sirius. — Pode esperar os presentes agora? Posso mandar um pra mamãe?

— Vamos mandar flores pra ela. Lírios. Amanhã cedinho, ok? Ela vai ficar feliz — Sirius sorriu para o menor, os olhos cheios de lágrimas contrastando com seu sorriso.

— Sim! E uma carta bonita pro papai James.

— Então vamos dormir para acordar já com os presentes e surpresas, tudo bem? — Remus desviou o assunto cuidadosamente.

— Posso dormir com vocês? — Hazz pediu baixinho.

— Pode. Vem.

Os três dormiram juntos, Harry quentinho e já feliz no dia seguinte, o pesadelo esquecido quando abriu os presentes.

Aquela foi uma das muitas noites de Natal que passaram juntos. Cada uma delas carregava uma promessa diferente, porém sempre com uma importância única. Conforme crescia, Harry se esquecia de coisas de seu passado e tinha menos pesadelos, até se esquecer de praticamente tudo. Remus e Sirius faziam questão de o lembrar apenas do amor que Lily e James tinham por ele. E que isso nunca mudaria.

Não importa quantos Natais passem.

Os dois EleitosOnde histórias criam vida. Descubra agora