CAPÍTULO 18 - LEMBRANÇAS E VISÕES

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Draco respirou fundo.

Odiava as memórias que tinha do seu pai. Gostaria de apagar cada um delas de sua mente, mas não podia. Bom, até podia, mas não adiantaria de nada. Afinal, aconteceram da mesma forma. Queria poder voltar no tempo e eliminar os momentos com seu pai. Aí sim, adiantaria.

— Eu não gosto de falar sobre isso. Mas vou, já que esse diário pode ter alguma relação com a Câmara Secreta — Draco disse, vendo a data escrita atrás do diário.

— Você não precisa, se não quiser — Harry puxou Draco para perto, para conversarem mais baixo. Ele parecia inquieto outra vez. Respirou fundo antes de pôr-se a falar: — Sabe, eu venho pensando na Câmara Secreta, as vozes que ouço e as pessoas atacadas. Malfoy, não sei se sou o único que pode ouvir essa voz, mas não posso fazer muito, não há como. Até porque salvar as pessoas não está entre minhas tarefas pendentes. Gosto de ajudar, gosto de fazer o bem, mas nem sempre posso ter o controle de tudo.

— O que quer dizer? — Draco franziu o cenho com a explosão de sinceridade repentina.

— Quero dizer que as coisas estão se virando para mim ultimamente. Para nós. E depois do ano passado, eu realmente não quero voltar a ser o centro das atenções e me envolver em perigos sem sentido — Harry calmamente explicou. — Há professores e diretores responsáveis nessa escola, e não acho certo que corramos perigo se eles são os que deveriam tomar atitudes. Entende o que quero dizer?

— Eu entendo, mas por que pensou isso tão de repente?

— Precisamos ser prudentes. Já fui até mesmo enviado para o escritório de Dumbledore, o que significa que tudo isso já chegou aos ouvidos dele. Acho que... não quero mais me envolver nisso.

Draco o olhou nos olhos antes de assentir, entendendo seu ponto.

— Certo... é mesmo hora de pensarmos direito. Mesmo assim, acho melhor contar sobre esse diário. Você quer ouvir?

Harry deu de ombros.
— Vá em frente, Blondie.

— Faz um tempo... espera, do que você me chamou?

Blondie. Malfoy Blondie — Harry sorriu, a voz um tanto irônica. — Seu apelido.

— Ah não! — Draco protestou, sorrindo involuntariamente. — Você não vai me chamar disso.

— Vou sim! Blondie, Draco Blondie. — Provocou.

— Ah. Irritante. Posso contar ou não posso? — Cruzou os braços, falhando em esconder seu sorriso. Harry riu e assentiu, sabendo que Draco nem percebeu que ele apenas aliviou o clima para que o loirinho se sentisse mais confortável em contar sobre seu passado. — Sabe que meu pai estava em Azkaban, não sabe? Ele saiu quando eu tinha nove anos.

— Como? — Harry franziu o cenho. — Soube que ele saiu, mas não sabia que isso era possível.

Draco riu amargamente.
— Ah, é sim. Ele fez uma troca com o Ministério, se entregasse nomes de vários comensais, deixariam-no sair em liberdade. E foi o que ele fez. Quando soube que ele saiu, minha tia aumentou a proteção em casa, mas houve uma vez que ele me tirou de lá.

"Ela tinha ido ao mercado com a Dora, e sempre evitou me levar por conta dos meus poderes. Tio Ted estava lá para cuidar de mim, mas acabou pegando no sono. Então meu pai apareceu e me levou embora com ele. Foi muito rápido, eu não me lembro bem de todos os detalhes, só que fiquei dois dias com ele até que minha tia conseguisse me resgatar de volta".

— O que ele queria com você?

— Me perguntar sobre a minha mãe. Arrancar as lembranças de mim, de como foi aquela noite, seja com feitiços ou com perguntas. Ele queria saber de tudo, até como minha tia me criava. E carregava esse diário com ele a todo tempo, mas eu não podia tocar, nunca. Graças à Merlin que tudo ficou bem depois que tia Andy me resgatou. Ela ameaçou denunciá-lo ao Ministério mais uma vez se ele tentasse me levar embora novamente.

Os dois EleitosOnde histórias criam vida. Descubra agora