Primeiro de setembro.
Harry nunca esteve tão animado.
Sirius estava emotivo e Remus preocupado.- Harry, me prometa que não vai usar sua magia a cada cinco segundos, por favor. Não é bom saberem a extensão dela, iriam te explorar, usar, e Merlin sabe mais o quê - disse Remus, arrumando as vestes do filhote, como chamava-o.
- Tudo bem, Moony, eu juro que vou me controlar - prometeu Harry, com os dedos cruzados escondidos nas costas e um falso olhar inocente. Como marotos, talvez Sirius e Remus deveriam ter notado, mas estavam emocionados demais para isso.
- Vamos sentir sua falta - Sirius estava com lágrimas nos olhos.
- Ah, Pads, eu volto no Natal, você sabe disso - Harry esticou o braço para limpar o rosto do padrinho. Atrás deles, o trem começou a andar. - Oops! Tenho que ir!
- Tchau, filhote! Se cuide! - Gritou Remus enquanto Harry corria para o trem.
- Tchau, papais! - Gritou o garoto de volta.
- Ele... ele nos chamou... - Sirius finalmente deixou as lágrimas rolarem.
- Vamos para casa, vou cuidar de você - Remus sorriu carinhosamente para o marido extremamente emotivo, puxando-o pelos ombros para fora da plataformas nove três quartos.
Dentro do trem, Harry andava procurando um lugar vazio. Sua animação ainda estava ali, mas ele estava um pouco mais calmo agora que estava à caminho de Hogwarts. Achou, finalmente, um vagão vazio, só com um garoto loiro dentro. Puxando seu malão, Harry entrou no compartimento e perguntou se podia sentar-se com o garoto. Ele levantou o olhar e o encarou com aqueles olhos azuis acinzentados.
E então o moreno se lembrou. Era aquele garoto loiro da loja de vestimentas, com aquele rosto perfeitamente alinhado, a boca rosada e os olhos semelhantes a um céu tempestuoso. Ele não conseguia desviar o olhar do garoto, e nem achava que devia. Poderia ficar o dia todo apenas observando seus traços.
- Você... pode... - O loiro sussurrou. - Sim, pode ficar aqui.
Sua voz tirou Harry do transe. Era doce, aveludada, e ele gostaria de ouvir mais vezes aquele som melodioso. Ele piscou, agora envergonhado, mas mantendo a postura.
- Eu sou Draco Malfoy - se apresentou o loiro, estendendo a mão.
- Sou o Harry. Harry Potter - ele estendeu sua mão também e apertou a do outro. Draco fez uma expressão surpresa.
- Uau! Não achei que conheceria você - comentou, surpreso.
- Ah... - Harry se sentou ao lado do novo... colega? Olhou para o malão e ordenou que ele fosse com as outras bagagens. Assim ele fez. Harry voltou seu olhar à Draco novamente. Ele o olhava atentamente. - Então... para que casa você acha que vai?
- Sonserina - respondeu prontamente. - Tenho certeza.
- Meu padrinho diz que é a pior casa.
- Ele era da Grifinória?
- Era - respondeu Harry, rindo. - Como você sabe?
- Grifinorios e Sonserinos não se dão tão bem assim, digamos - disse Draco. - Para que casa você acha que vai?
- Realmente não sei. Acho que vou deixar o chapéu me analisar e escolher por mim - declarou Harry. - Sabe, minha família toda foi da Grifinória. Meus padrinhos, meus avós paternos, meus pais...
Seus pais. Se Draco sabia quem Harry era, por conta da fama, com certeza sabia sobre seus pais. Esperou pelo olhar de pena nos olhos do loiro mas o que encontrou foi, surpreendentemente, compreensão e tristeza.
- Eu também perdi minha mãe quando pequeno. Meu pai era um Comensal idiota, e foi por culpa dele. Isso dói, não é? Quer dizer, saber que poderíamos crescer com o amor dos nossos pais, e tudo isso se foi por conta de alguém que supostamente nos amava - Draco tentava controlar sua voz enquanto falava, mas aos poucos ela ficou trêmula. Deve ser um assunto difícil para ele, pensou Harry, assim como é para mim.
- Eu sinto muito - disse Harry, sincero, o coração apertado. - Eu sei o quanto é difícil.
- Eu sei que sabe - sussurrou Draco.
Eles ficaram em silêncio depois dessas palavras. Um silêncio confortante, enquanto apenas se encaravam compreensivamente.O que quebrou o silêncio e os olhares foi o carrinho dos doces que passou por ali em alguns minutos. Draco se levantou e perguntou se Harry queria doces. Potter sorriu e disse que sim. Os dois comeram doces pelo resto do caminho. Não conversaram mais, apenas trocaram doces, olhares e sorrisos.
Em um tempo indefinido, finalmente chegaram em Hogwarts. Um gigante barbudo os recebeu, sorridente, chamando pelos primeiranistas.
O castelo era enorme. Tão bonito que parecia um dos contos de Beedle. Harry ficou boquiaberto olhando cada detalhe da escola. Sua ansiedade martelou em seu peito novamente, pensando nas casas, nas aulas, nos professores... em tudo que poderia acontecer.
Ao seu lado, Draco levou a mão à um bolso nas vestes e pegou um frasco, tomando pelo menos três goles de um líquido azul. Pareceu se aliviar no mesmo momento. Encontrou o olhar de Harry, o observando curioso, e sussurrou um "depois explico".
Eles fizeram uma fila para experimentar o Chapéu Seletor, e Harry esbarrou em uma garota de cabelos cheios. Ela olhou-o muito surpresa, e desviou os olhos rapidamente.
Draco foi primeiro que Harry. A Professora McGonagall, como se apresentara, chamou-o pelo sobrenome, Malfoy, e o Chapéu mal encostou em sua cabeça e já o mandou para a Sonserina. Harry foi chamado um pouco depois, e se sentou ansioso no banquinho.
- Harry Potter... - Sussurrou o Chapéu. - Vejo ótimos feitos vindos de você no futuro. Você tem determinação, sim. Vejo lealdade, muita coragem, talento, astúcia e grandeza... e essa grandeza poderá ser alcançada na Sonserina, mas suas características também são da Grifinória. O que me diz, Harry Potter?
- Escolha por mim - pediu o garoto, os pés inquietos batendo no banquinho em um claro gesto de ansiedade.
- Bom, então é melhor que seja a SONSERINA.
Harry pulou do banquinho sorrindo levemente, a ansiedade indo embora deixando lugar a um frio na barriga. O Salão estava em silêncio, contemplando-o sentar ao lado de Malfoy. Harry entendia-os. Toda a sua família fora Grifinória. Era bom mudar as coisas e ser diferente, não era?
- Bem-vindo à Sonserina, Potter - Draco sorriu para ele.
- Obrigado, Malfoy.
Eles almoçaram tranquilamente, aproveitando do grande banquete que a mesa farta de comida oferecia.
Mais tarde, conheceram o Salão Comunal da Sonserina nas masmorras, o fantasma Barão Sangrento e o Professor Snape, que dirigiu à Harry um olhar frio, que fez sua cicatriz arder. Levou a mão à testa rapidamente, e Draco olhou-o preocupado.
- Ei, você está bem? - Perguntou.
- Sim, eu só... - Sua voz se perdeu. Negou com a cabeça, confuso. - Não é nada.
- Tudo bem.
O resto do dia, aproveitaram o que Hogwarts tinha a oferecer. E, ao final da tarde, Harry recebeu um berrador de Sirius praticamente chorando ao saber que ele entrara na Sonserina. Draco riu tanto que quase caiu no chão, e parecia um pimentão de tão vermelho.
Harry apenas sorriu. Não se importou com o que Sirius disse e nem se sentiu mal por isso.
Ele estava feliz.
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Os dois Eleitos
FanfictionE se a profecia tivesse mudado? E se falasse sobre dois garotos que estavam destinados a salvar o mundo das trevas? Os dois garotos, os dois Eleitos, estão interligados e destinados a atuarem juntos para o resto da vida. Com poderes inimagináveis...