CAPÍTULO 3 - PROFESSOR SNAPE

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— Ali, olha.

— Onde?

— Ao lado do garoto loiro metido da Sonserina.

— De óculos?

— Você viu a cara dele?

— Você viu a cicatriz?

Os murmúrios acompanhavam Harry a todo momento, e Draco queria azarar cada uma daquelas pessoas, uma por uma. Era uma pena não poder.

Claro, que nenhuma delas sabia como era perder os pais tão cedo e ser escolhido para algo que não quer. Então falar era muito fácil. Respirou fundo para se acalmar e murmurou baixo um xingamento, esquecera de tomar sua poção para controlar a magia.

Tentou focar a mente nas aulas que tiveram naquela semana.

Tinham de estudar o céu da noite pelo telescópio toda quarta-feira à meia-noite e aprender os nomes das diferentes estrelas e os movimentos dos planetas. Três vezes por semana iam para as estufas de plantas atrás do castelo para estudar herbologia, com uma bruxa baixa e gorda chamada Profª Sprout, com quem aprendiam como cuidar de todas as plantas e fungos estranhos e descobriam para que eram usados. Alguns Draco conhecia, outros não.

A matéria mais chata era a de História da Magia, ensinada por um fantasma.

O Prof. Binns era realmente muito velho quando adormeceu diante da lareira na sala dos professores e levantou na manhã seguinte para dar aulas, deixando o corpo para trás.

O Prof. Flitwick, que ensinava Feitiços, era um bruxo miudinho que tinha de subir numa pilha de livros para enxergar por cima da mesa. No começo da primeira aula ele fez a chamada e quando chegou ao nome de Harry soltou um gritinho excitado e caiu da pilha, desaparecendo de vista. Draco revirou os olhos neste momento.

Já a Prof. McGonagall era diferente.

Era a diretora da casa rival da Sonserina, Grifinória, e assustava Draco, mesmo que fosse pouco. Ela era séria e inteligente, e parecia amar dar sermões nos alunos. Passou, logo de cara, a tarefa de transfigurarem um fósforo em agulha. Draco, como todas as vezes antes de usar sua preciosa magia, respirou fundo e pensou no único objetivo ali: transfigurar aquele fósforo em agulha. Não precisava explodir nada.

Harry, ao seu lado, conseguiu na segunda tentativa.
Hermione Granger, da Grifinória, havia conseguido um pouco depois de Harry.

Draco voltou seus olhos para o fósforo e ordenou, sem a varinha, que ele se transformasse em uma agulha. E ele se transformou. Em uma agulha verde e prateada. Ele sorriu. Era um bom sinal estar conseguindo controlar sua magia.

A professora parabenizou os três, sorrindo um pouco mais para Harry por algum motivo, e liberou a classe.

No dia seguinte, tiveram aula de Poções junto da Grifinória.

Snape, como Flitwick, começou a aula fazendo a chamada e também parou no nome de Harry.

— Ah, sim — disse baixinho. — Harry Potter. Nossa nova celebridade.

Draco franziu o cenho. Por que todo mundo não podia simplesmente tratar Harry como um bruxo normal?

— Vocês estão aqui para aprender a ciência sutil e a arte exata do preparo de poções — começou. Falava um pouco acima de um sussurro, mas ninguém ousava falar uma palavra sequer. — Como aqui não fazemos gestos tolos, muitos de vocês podem pensar que isto não é mágica. Não espero que vocês realmente entendam a beleza de um caldeirão cozinhando em fogo lento, com a fumaça a tremeluzir, o delicado poder dos líquidos que fluem pelas veias humanas e enfeitiçam a mente, confundem os sentidos... Posso ensinar-lhes a engarrafar a fama, a cozinhar glória, até a zumbificar, se não forem um bando de cabeças-ocas que geralmente me mandam ensinar.

Mais silêncio seguiu depois de seu discurso. Seus olhos gélidos passaram por Draco e o encararam curiosamente. Ele conhecia seu pai e sua mãe, seu professor de Poções. Eu mesma já falei com ele, a voz de sua tia ressoou em sua mente. Os olhos do professor saíram de Draco e encontraram Harry. O loiro viu a sombra de um sorriso maldoso nascer em seu rosto.

— Potter! — Chamou ele. — O que eu obteria se adicionasse raiz de asfódelo em pó a uma infusão de losna?

— A Poção do Morto-Vivo — respondeu Harry. Hermione Granger abaixou a mão, desapontada. — E também deve-se adicionar presas de cobra amassadas, raízes de valeriana, miolo mole e uma única vagem soporífera.

— 10 pontos para a Sonserina — murmurou Snape. Depois, ele se virou para Draco. O loiro sentiu um incômodo em sua cabeça bem de leve, e mais uma vez a voz se sua tia se fez presente: "Cuidado, Draco. As pessoas podem tentar entrar na sua mente, se chama Legilimência. Podem ver suas memórias e descobrir coisas que são segredos." Algumas imagens e flashbacks de momentos que ele viveu pareceram ser vividas novamente. Draco estremeceu e tentou bloquear sua mente do jeito que sua tia ensinou-lhe. Na mesma hora, o professor sorriu friamente, mas seus olhos brilhavam. — Senhor Malfoy, poderia dizer-nos quais são os ingredientes de uma poção calmante?

Ele sabe. Sua própria mente sussurrou. Uma sensação de angústia e raiva cresceu em seu peito. Ele só conseguia encarar o professor, tremendo.

— Essência de camomila, flor de maracujá, araramboia, fígado de morcego e tentáculo de tentaculas venenosas — respondeu Hermione Granger, a voz firme e a mão levantada. Snape fez uma expressão azeda.

— 10 pontos da Grifinória pela intromissão, senhorita Granger — declarou o professor, ainda com os olhos em Draco. — Estão dispensados.

Harry olhava seu amigo preocupado. A sala já havia saído e ele sequer se mexera.

— Malfoy, vamos, já deu o horário das aulas — chamou Harry, sacudindo-o levemente. — Malfoy?

Draco não conseguia responder. Se o professor sabia, o que isso significava? E se ele contasse a alguém? O que fariam com Draco? Foram anos e anos sem sair de casa, estudando, tomando malditas poções para não explodir a casa, noites em claro pensando como seria se sua mãe ainda estivesse viva... e em menos de 5 minutos tudo isso seria em vão. Lágrimas invadiram os olhos de Draco, mas ele manteve sua máscara.

— Malfoy! — Exclamou Harry. — Draco!

Ele despertou ao ouvir Harry pronunciar seu nome.

— Desculpe. Vamos, eu quero me deitar — pediu, deixando a frase soar como uma ordem propositalmente.

— Mas a aula de Herbologia...

— Danem-se aquelas plantas idiotas — murmurou Draco. — Vamos, por favor.

— Tudo bem — Harry concordou finalmente, seguindo seu amigo para o dormitório deles na Sonserina. Draco se deitou e deixou que sua máscara se desfizesse no silêncio daquele dormitório, e as lágrimas rolaram de seu rosto. Harry não sabia o que fazer. Com cuidado, deitou-se ao lado do loiro e o abraçou. Um pouco mais tarde, os dois dormiram abraçados; um com o coração partido e o outro preocupado.

Os dois EleitosOnde histórias criam vida. Descubra agora