O plano

724 68 0
                                    

Caminhei, descendo as escadas à procura da Laura. Elas vinham atrás de mim preocupadas com o que eu pudesse fazer. Mas eu não iria fazer nada demais. Passei pelo Afonso dando lhe o toque, ele assentiu. Perguntei a uns alunos pela Laura, eles disseram que ela estava lá fora. Chamei o Joel para juntar se a nós, ele veio todo animado. Os irmãos do Afonso observavam me desconfiados. Saí indo para o pátio, caminhei aproximando me da fonte onde elas estavam.

- Laura.- disse sarcasticamente.

- O que queres? Já não te chegou a acusação que me fizeste?- falou com desdém.

- Não, na verdade eu não me contento com coisas mínimas. Se tu me conhecesses saberias.

- Porque não me deixas em paz?

- Tu é que não me deixas ter paz. Desde o momento em que eu vim para cá que tu me chateias. E eu começo a ficar farta disso.

- Mas afinal o que é que tu queres?

- Confessa logo Laura. Todos aqui já te conhecem menos o Gustavo.- meteu se Joel.

- Ela não fez nada. A Laura andou a manhã toda comigo.- defendeu a Joana.

- Cala te Joana. Tu só és a sombra da Laura. E que eu saiba as sombras não falam.- disse Rute, eles começaram a rir.

- Laura o que te custa dizer a verdade? Diz vais ver que ficas mais aliviada, embora eu duvide.- falou Isabel.

- Cala te, tu não sabes de nada.- Laura olhou para a Isabel.- Tu não vales nada, por isso não te metas.

- Vamos lá acabar com isso. Confessa só aqui entre nós Laura, foste tu ou não?- ela não respondeu.- Aqui não há Gustavo, por isso podes falar. Só estou eu, o Joel, a Rute, a Isabel, a Sandra e a Joana. Não há segredos entre nós. Aliás nós já nos conhecemos muito bem.

- Tudo bem, se queres ouvir a verdade, aqui a tens. Fui eu quem vos denunciou ao diretor. Fui logo de manhã contar lhe o que sabia. Contente?- finalmente Laura acabava de confessar o que tinha feito.

- Quase. Falta mais uma coisa.

- Laura como é que foste capaz? Eu acreditei em ti. Eles tinham razão, tu és uma hipócrita.- Gustavo apareceu detrás da fonte seguido do Afonso que sorriu me.

- Parece que o teu plano correu bem.- elogiou Rute abraçando me.- Devias ter aparecido há mais tempo na minha vida.

- Não Gustavo, eu posso explicar.- Laura tentava falar.

- Não, eu não quero ouvir mais nada que venha de ti.- Gustavo começou a caminhar.

- Já viste o que fizeste?- perguntou olhando me.

- Enganaste foste tu que provocaste isto. Tu é que tiveste coragem de denunciar o teu namorado.- respondi aproximando me dela.

- Isso não vai ficar assim.

- Eu sei que não. Por isso é que ainda falta fazer isto.- empurrei lhe para dentro da fonte.- Agora quase que estamos quites.

- Maldita, vais pagá las.- Joana ajudou lhe a sair da fonte.

- Adorei o que tu fizeste.- elogiou Joel orgulhoso.

- Eu acho é que foste um pouco longe demais.- falou Sandra.

- Pessoas como a Laura não têm limites.- avisei, entramos dentro do edifício e fomos para o bar.

A Maria estava com os rapazes que jogavam sempre xadrez. Nós nos sentamos no sofá, depois o Joel levantou se para ir ver o Gustavo. Ficamos a ver televisão o resto da tarde, até que a Laura aparece.

- Então já me denunciaste ao diretor?- perguntei lhe sem tirar os olhos da TV.

- Não. Tu estragaste o meu namoro.

- Está bem, eu fiz isto fiz aquilo, não interessa. Não me venhas aqui lamentar te. Já te disse que a culpa disso tudo foi tua. Queres que eu diga mais o quê?

- Tu não vales nada.- saiu do bar.

- Para ser sincera ela está a dar me pena.- falou Isabel.

- Depois do que ela vos fez? Vocês é que sabem.- continuei a prestar atenção ao filme.

Depois deu a hora do jantar. Jantamos todas juntas. Estávamos a conversar sobre muitas coisas. Entretanto acabamos de comer e fomos pousar os tabuleiros. Voltamos ao bar. O Afonso aproximou se de mim, enquanto que a Isabel nos observava.

- Acho que exageraste no plano.- deu a sua opinião.- Nem sequer era preciso empurrares lhe para a fonte.

- Afonso, o que tu achas ou deixas de achar não me interessa.

- O que é que se passa? Estás agressiva.- quis saber.

- Estou com sono, vou dormir.

- Já? Mas ainda é cedo.- falou Rute.

- Sinto me cansada.- levantei do sofá, ele veio atrás de mim. Subi as escadas apressadamente para o terceiro piso.

- Alice? Alice, vamos falar.- pediu. Como eu não ia parar, ele agarrou me no braço fazendo me ver a sua cara.- Diz me o que se passa?

- Não se passa nada. Eu estou ótima.- respondi, olhei para a sua mão que ainda segurava o meu braço, então ele reparou.

- Desculpa.- disse tirando a mão.- Mas parece que tu estás esquisita.

- Eu não vos entendo.- comentei olhando nos seus olhos.- A Laura é uma pessoa terrível, que só despreza toda a gente. É uma pessoa que quer sempre ficar por cima e se for preciso passa por cima de tudo e de todos.- disse o que pensava.- Mas depois basta uma pessoa tramar alguma coisa contra ela, que vocês ficam todos cheios de pena.

- Isso não é verdade.

- Poupa me Afonso. Ainda há pouco a Isabel tinha dito que estava com pena dela. E depois vieste tu a dizer me que eu tinha exagerado.- olhei para o chão.- Vocês não deviam ser tão bonzinhos.

- Alice, há coisas sobre mim que tu desconheces.- confessou.- Talvez se eu te contasse, tu irias odiar me.

- Talvez sim, talvez não. Quem sabe.- disse com um sorriso.- Mas vendo te assim por fora tu pareces uma boa pessoa. Eu acho que até poderia confiar em ti.

- Não queres saber coisas sobre mim?

- Só se tu quiseres contar. Por mim tanto faz.- ele ficou em silêncio a olhar para o chão.- Boa noite.- continuei a andar e entrei no dormitório.

O ColégioOnde histórias criam vida. Descubra agora