Escadas abaixo

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Um vulto estava parado lá fora em frente ao portão do colégio. Na rua chovia torrencialmente, como se hoje não tivesse feito sol. Não conseguia mover me, parecia que as minhas pernas tinham ficado presas ao chão. Olhei novamente o vulto através da janela, que continuava parado. As luzes ainda piscavam. Analisei o extenso corredor, quando olhei novamente pela janela, ele estava mesmo em frente, recuei sobressaltada caindo no chão. De momento as luzes apagaram se, eu quase que chegava a tremer de medo. Fechei os olhos com força à espera que isso acabasse. Passado uns minutos, abri os olhos e as luzes estavam acesas, já não piscavam. Levantei indo até a janela, o vulto parecia que nem sequer tinha se movido. Quem quer que fosse também não entraria no colégio. Num impulso comecei a correr, as luzes novamente piscavam. Ia na direção das escadas, quando acabei por tropeçar, caindo por elas abaixo. Comecei a ficar desesperada, não conseguia mexer me. Devia ter um corte na testa, já que sentia sangue a escorrer me pela cara. Fechei os olhos, e esperei um tempo. Já me sentia um pouco melhor. Levantei com dificuldade e fui na direção da porta. Abri um pouco e consegui avistar o vulto. Decidi abrir lhe toda, tentei correr para chegar até o portão. Virei me para ver se vinha alguém atrás e quando voltei a olhar para frente, tinha desaparecido. Sentia o meu corpo cheio de dores. A chuva caía fortemente sobre mim, começou a dar trovoadas. A minha cabeça também me doía, comecei a ver tudo à minha volta andar à roda. Caí no chão, apesar de não ver nitidamente, consegui ver alguém aproximar se. Senti que estava sendo carregada nos braços de alguém.

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Domingo. Acordei com uma luz forte em frente à minha cara. Olhei ao redor a sala branca que eu já conhecia. Estava novamente na enfermaria. Ainda sentia a minha cabeça doer. Não só a cabeça mas também o corpo. A enfermeira aproximou se de mim vendo que já tinha acordado. E sentou se na cadeira ao lado.

- Olá Alice.- cumprimentou docemente.- Vamos conversar um pouco, ok?

- Ok.- respondi secamente.

- Sentes te melhor?- começou pela pergunta simples.

- Não, eu estou toda dorida. Dói me tudo, dos pés à cabeça.

- Também não era para menos. Como chegaste aqui?

- Não faço ideia.

- Talvez tenha sido algum amigo teu.- sugeriu e olhou o bloco que tinha nas mãos.

- É, pode ter sido isso.- concordei pensativa.

- Como é que te magoaste?

- Eu ontem acordei com sede, então decidi ir ao refeitório beber água, mas acabei por tropeçar nas escadas.

- Céus.- ela levou a mão à boca, em desespero.- Aquelas escadas são perigosas Alice. Tu tiveste sorte em não teres partido nada.

- Tem mesmo a certeza? É que não sei.

- Quando eu cheguei aqui, tu estavas inconsciente. Já te fiz os curativos todos, também não precisaste de pontos.

- Ainda bem.- falei aliviada.

- Acho que não tenho mais perguntas. Vou deixar te descansar. Se sentires mais dores, tomas esses remédios que estão aqui.- apontou para os remédios e saiu.

Senti vontade de levantar me, mas quando coloquei os pés no chão senti que ia cair, já que eles pareciam moles. Fechei os olhos na tentativa de descansar como ela tinha aconselhado. De repente comecei a sentir frio. Abri os olhos e vi a janela aberta, que por sinal antes não estava. Levantei com dificuldades caminhando até a janela, ia fechá la quando uma mão forte agarra o meu pulso.

- AAAAAHHHHHH.- ele tapou me a boca.

- Shiuu, importaste de estar calada.- ordenou, eu assenti então ele tirou a mão.

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