Sábado. Acabamos de ver um filme. Como já estava na hora do jantar, decidimos sair do bar. Fomos em direção ao refeitório. Quando chegamos ainda tinha fila. Peguei no prato pondo em cima do tabuleiro. Fomos sentar nos na mesa habitual.
- Afinal sempre vamos ou não?- Gustavo questionou sem ter certeza.
- Por mim, não há problema.- respondeu Rute serena.
- Então nós vamos.- Joel disse com um enorme sorriso. Eles continuaram a conversar.
Revirei os olhos com aquela conversa. Mas assim que o fiz pareceu me vê lo passar em frente à porta do refeitório. Levantei desajeitadamente deixando a cadeira cair no chão, fazendo com que todos olhassem para mim. Saí do refeitório em direção ao vulto. Mas não vi nada.
- Menina Alice, passa se algo?- perguntou o Sr Armando chamando a minha atenção.
- É...não.- dei lhe as costas para voltar ao refeitório, mas parei voltando me para ele.- Por acaso, não viu um rapaz passar por aqui?
- Não. Antes da menina chegar, não passou ninguém por aqui.
- Tem a certeza?
- Absoluta, Alice.- respondeu com a voz firme.- Se tivesse passado alguém, com toda a certeza eu teria visto.
- Obrigada.- agradeci, dei meia volta para ir ao refeitório. Entrei lá quase a rastejar. Sentei na cadeira que havia deixado cair e alguém pegou para pôr no lugar.
- Então Alice?- Isabel pareceu preocupada.
- Não foi nada. Pensei ter visto alguém.- esclareci, continuamos a comer.
Acabamos de jantar. Já estávamos dentro do carro prontos para ir rumo à discoteca. Ainda fiquei a pensar se teria visto bem ou mal. Deve ter sido imaginação minha. Desde o dia em que contei lhe que existem vampiros que ele não apareceu mais. Ás vezes até dá me um aperto no peito, quando sinto que ele não está por perto. Ele vai voltar a aparecer, eu sei que sim. Para além disso ele disse que não me iria abandonar.
Eles estacionaram os carros. Tínhamos acabado de chegar ao tal local. Perto da porta de entrada, havia dois seguranças fortes, um em cada lado. Eles estavam de fato e óculos escuros. Eles passaram pelos seguranças, enquanto que eu ainda os observava com atenção. Eles estavam ali parados como se fossem estátuas.
- Ei amigo.- cumprimentei o segurança do lado esquerdo. Ele não reagiu.- Que trabalho fixe. Que tal vocês darem me umas dicas, para eu conseguir ser segurança? Quanto é que vocês ganham? Vocês gostam desse trabalho? É isto que fazem mais especificamente?
- Alice, estás aqui. Vamos embora.- Rute agarrou me a mão e antes de irmos falou.- Peço desculpa pelo incómodo que ela vos causou.- e puxou me lá para dentro, sem eu ter tempo de despedir me dos novos amigos.
Já dentro da discoteca, era uma confusão para mim. Era um espaço enorme com muitas luzes a piscarem, o que me causava uma certa confusão nos olhos. A música bombava nos meus ouvidos, num som bem alto. Cá dentro fazia um calor horrível. Neste momento a Rute já tinha largado a minha mão, logo senti me perdida no meio daquelas pessoas todas. Todos estavam contentes, com as bebidas nas mãos. Tentei andar para encontrar um canto, mas algumas pessoas dificultavam a minha passagem. Depois de um tempo, consegui sentar me numa mesa que estava vazia. As luzes ainda faziam me alguma confusão. Por um certo momento tive vontade de sair dali, mas não dava até porque seria matar me passar novamente por aquela população toda. Olhava para as pessoas ao meu redor que quase se esfregavam para dançar. Isto é horrível.
- Só é horrível se não estiveres a divertir te.- reconheci a voz grossa que falou atrás de mim.- O que fazes aqui? Eu já disse que não devias andar por aí à noite.
- Porquê? Eu estou farta que me digas o que devo ou não fazer.- virei me para ele a gritar, para que me ouvisse.
- Só digo isso para o teu bem.
- Não, isso é mentira. Tu não te importas comigo.- ele pegou me no pulso arrastando me dali para fora, empurrando as pessoas que estavam no seu caminho.
Já estávamos fora da discoteca. Ele largou o meu pulso, então aproveitei para massajar lhe, uma vez que ele tinha me agarrado com força. Ficamos uns bons minutos a olhar nos sem dizer uma única palavra. Desviei os meus olhos dos dele, olhando para os meus dedos. Sentia me nervosa, o que não era natural. Até porque eu fico sempre tranquila com as pessoas.
- Eu não sei porque....- ele interrompeu me olhando me nos olhos.
- Esquece isso. Eu sei que não querias dizer aquilo.- ficamos novamente em silêncio, a contemplar a vista que estava à nossa frente.
- Quando pensas dizer me o teu nome?- lembrei lhe, porque desde o primeiro dia que nos vimos que eu ainda não sabia. Ele riu discretamente.- Estou suja outra vez é?
- Não.
- Porque não me dizes o teu nome?- insisti olhando para ele. Nesse exato momento, muitas pessoas saíram da discoteca aos berros em correria. Algumas até choravam. Os seguranças que há uma hora atrás pareciam estátuas, moveram se lá para dentro.- O que é que se passa?- ia para lá, mas ele agarrou me.
- Não te posso deixar entrar.
- Larga me. A Rute e os outros estão lá dentro.- falei tentando soltar me.- Eu tenho de ir.
- Eles sabem se cuidar. Tens de ficar aqui.
- Não posso. Larga me, tu não me conheces.- disse olhando para ele. Como ele não iria largar, dei lhe uma joelhada entre as pernas fazendo o cair no chão.- Idiota.- fui a correr indo contra as pessoas que ainda saíam.
Entrei na discoteca. Agora estava totalmente diferente. As luzes já não piscavam, já estavam normais. A música também tinha sido desligada. Olhei ao meu redor o espaço que agora estava completamente vazio, à exceção de uma pessoa que estava deitada no chão. Avancei até ela e afastei me sobressaltada sentando no chão, vendo aquele corpo que jorrava sangue. Na discoteca havia uma rapariga morta. Fiquei a afastar me, acabei por ir contra alguma coisa. Quando olhei para trás vi um dos seguranças, dei um grito de pânico. Senti alguém agarrar me por trás tapando me a boca. Tentei soltar me, mas era em vão. A pessoa tirou me da discoteca.
- Estás maluca. Eu bem te disse que não podias entrar.- ele disse soltando me.
- Meu deus, onde está a Rute e os outros?- falei em pânico olhando para ele.- Quantas pessoas estão mortas ali?
- Isso não interessa. Vamos embora.- ele puxou me o pulso.
- Não posso. E os outros?- disse soltando me da sua mão.
- Esquece os outros, eles sabem se cuidar.
- Mas...- interrompeu me mais uma vez.
- Tu estás cansada, por isso tens de dormir. Dorme.- comecei a ficar sonolenta e acabei por cair no sono.
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O Colégio
UpířiApós um acidente trágico, Alice vai para um colégio interno. No colégio, conhece Rute, uma rapariga simpática que faz logo amizade com ela. E também conhece Afonso e os seus irmãos, Beatriz e Henrique, que logo à primeira vista parecem não simpatiza...