Enfermaria

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- O que estás aqui a fazer?

- Credo, queres matar me.- virei me para ela.- O que é? Já não posso estar mais aqui? Por acaso este pátio pertence te?

- Não.- respondeu secamente.- Mas tu não pertences a este colégio.

- Isso sei eu querida. Até porque eu não sou do teu nível. Ás vezes dá me a impressão que este colégio, aceita qualquer pessoa que não tem importância.

- Ficas a saber que eu sou muito mais importante que tu.

- A sério?- dei um riso sarcástico.- Pois, eu vejo que a única pessoa que te dá importância é a Joana, e mesmo assim não sei se ela se importa muito contigo.

- Cala te que tu não sabes nada. Eu ainda vou descobrir a tua história. Eu já reparei que tu nunca falas sobre a tua vida.- falou confiante.- Vais ver, ainda vou descobrir como é que era a tua vida antes de vires para aqui.

- Digo te já que não há nada para descubrires. E mesmo que descubras algo, eu acabo contigo antes que contes algo.

- Estou p....- ouvimos um ruído vindo das árvores, tal como eu tinha ouvido antes. Olhamos as duas alarmadas para onde tinha vindo o ruído.- O que foi isto?- Laura aproximou se de mim.- É por isso que odeio este colégio. Isto aqui é horrível no meio da floresta.

- Calma. Deve ter sido algum esquilo.- tentei tranquilizá la, depois reparei que ela estava muito próxima de mim.- Ok, agora podes afastar te.

- Não sei como consegues ficar aqui sozinha.- comentou afastando se indo em direção ao edifício.

Também ia entrar no edifício quando oiço novamente o ruído. Estava nervosa, mas caminhei lentamente em direção onde tinha vindo o ruído. Respirei fundo e entrei por entre as árvores. Olhei ao redor, mas não vi ninguém. Senti uma mão firme no meu ombro que me fez arrepiar. Virei me mas não havia ninguém. Devo estar a ficar maluca, pensei. Andei rapidamente até entrar no edifício. O Afonso agarrou os meus braços travando me.

- O que é que se passa? Parece que viste algum fantasma.- comentou vendo a minha expressão no rosto.

- Não vi nada.

- Estás bem Alice?- perguntou preocupado.

- Estou...estou..- sentia me a transpirar, acabei por desmaiar, mas o Afonso pegou me antes que eu caísse no chão.

******

Levantei as pálpebras lentamente. Havia uma luz forte que quase parecia estar estampada na minha cara, fazia me impressão. Por isso pisquei muitas vezes os olhos para ver se me habituava. Olhei ao meu redor, parecia que estava numa sala. Vi um armário em que lá dentro continha muitos frascos que me pareceram medicamentos. Tinha também uma secretária com um monte de papéis. Uma senhora com uma bata branca, apareceu à minha frente.

- Sentes te melhor Alice?- perguntou a mulher de bata.

- Quem é você? E como sabe o meu nome?

- Eu sou a enfermeira do colégio. E finalmente conheço a nova aluna.- comentou dando um sorriso simpático.

- Por acaso fez me algo?

- Calma, que eu não te injetei nada.- tentou tranquilizar me.- O Afonso trouxe te aqui e simplesmente deitou te. Tenho a dizer te que tu estás muito quente, por isso coloquei te o termómetro. E tu estás com 39° quase a chegar aos 40°.

- Eu estou ótima.- falei levantando me, mas senti uma tontura.

- Tens de tomar estes comprimidos.- ela foi ao armário, abriu tirando uma caixa de comprimidos. Voltou para dar me.- Podes tomar um agora, tens aqui água.- apontou para o lado, onde tinha uma cómoda.- Espero que melhores. Vou chamar o Afonso para levar te ao quarto. Por hoje ficas na cama e não sais de lá. Pedes alguém que te leve o jantar.- disse saindo e encostando a porta.

Levantei com algum esforço, ainda sentia me tonta. Toquei na minha testa parecia que queimava. Caminhei um pouco, ia cair para o lado, mas alguém agarrou me.

- Por acaso és surda?- perguntou a pessoa que me segurava.- Acho que dá para ver que sim.- ele colocou me novamente na cama.

- Tu outra vez.- mencionei tentando ver a sua cara mais uma vez, mas aquela luz forte não me deixava.- Vais desaparecer novamente?

- Toma o comprimido.

- Eu já tomei.

- Até podes enganar a enfermeira, mas a mim não.- percorreu as suas mãos pelo meu corpo.

- O que estás a fazer?

- Estou à procura disto.- tirou o comprimido do meu bolso detrás da calça.- Dizias algo em relação a isto? Toma já.- estendeu me o comprimido.

- Se pensas que vou tomar....- ele empurrou o comprimido para a minha boca juntamente com a água, forçando me a engolir.

- Pronto já tomaste.- falou largando me.

- Seu idiota, és um bruto.- reclamei querendo bater lhe, mas estava fraca.

- Descansa.- empurrou me para trás deitando me, colocou a sua mão que estava gelada na minha testa que ardia.

- Tão bom.- ele ia tirar a mão, mas eu agarrei.- Deixa mais um pouco, por favor.- fechei os olhos e quando abri vi o Afonso com a enfermeira.- Onde ele está?

- Quem?- perguntou Afonso confuso.- Anda vou levar te.- pegou me no colo.

- Adeus Alice, as melhoras.- saímos da enfermaria, ele começou a caminhar.

- Estava um rapaz comigo na enfermaria.

- Quando entramos, só estavas lá tu. Isso deve ser a febre a falar mais alto.- subiu as escadas e foi em direção ao meu dormitório.

- Não é nada. Eu tenho certeza do que vi.

- Como queiras.- abriu a porta e deitou me na cama.- Queres que depois te traga o jantar?

- Não é preciso.

- Vou pedir então à Rute que te traga. As melhoras.- saiu do quarto.

Despi me e vesti o pijama. Coloquei me debaixo dos cobertores, cobrindo me de imediato. Tenho a certeza de que aquilo não foi um sonho. Parecia que ainda sentia a sua mão na minha testa. Fiquei assustada quando ele passou as mãos pelo meu corpo. Cobri a minha cara. Definitivamente estava maluca. Alguém entrou no quarto.

- Alice, já estás na cama.- falou Isabel surpreendida.- Que eu saiba ainda é muito cedo.

- É que eu estou morta. Por isso disseram me para ficar deitada.

- Ok, não entendi nada do que disseste.- disse a rir, aproximou tirando me os cobertores da cara. A sua mão tocou me na testa sem querer.- O que é isso Alice? A tua testa está a queimar.- ela preocupou se.- Já foste à enfermaria?

- Já. E ela disse me o que eu tinha te dito.

- O quê? Que estás morta?- perguntou sem entender.

- Não.- respondi a rir.- Que tinha de ficar na cama.

- Ah, ok. Mas tem cuidado. É que a tua testa está mesmo muito quente.- abriram a porta bruscamente.

- Alice, o Afonso contou me. Eu vim o mais depressa possível.- informou Rute alarmada, pegando me na mão.- Por favor, fica comigo.

- Rute, eu não vou morrer...quer dizer...acho eu.- esclareci a rir.

- Isso não tem piada.

- Vocês fazem uma tempestade num copo de água.

- Não é para menos Alice. Tu és a nossa amiga.- Isabel agarrou me na outra mão apertando a.

- Ah, isto até parece um velório.- disse dando um suspiro longo.

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