Quem é

576 43 2
                                    

- Alice é melhor irmos embora.- pediu Joel que também tremia.

- N..não..estás..louco.- gaguejei, já que tremia. Depois respirei fundo e falei: - Nós temos de ver quem é.

- E se morrermos...antes mesmo de vermos?- questinou olhando me com uma expressão cheia de medo.

- Isso não vai acontecer...creio eu.- respondi hesitantemente.

Ainda ouvíamos os galhos e pequenos troncos a serem pisados. Quem quer que fosse que estivesse ali, estava quase a aparecer à nossa frente. Uma figura apareceu, mas não dava para vermos muito bem. Joel agora tremia mais que eu.

- Não aguento mais Alice. Acho que vou...- sem antes terminar de falar, acabou por desmaiar caindo no chão.

- Eu não acredito.- disse olhando o corpo dele no chão. Dei lhe um toque com o sapato a ver se acordava, mas nada. Depois olhei para a frente.- Não me mate, por favor. Eu fui uma boa rapariga. Ainda tenho muito que viver.

- Do que estás a falar, Alice?- perguntou Afonso, agora uma luz minima insidia sobre o seu rosto. Fui ao encontro dele, abraçando lhe aliviada.

- Pensei que fosse alguém que nos queria matar.

- Quem está contigo?

- É o medroso do Joel. Está ali caído no chão.- informei. Fomos até onde ele estava. Afonso agachou se, para ver como ele estava.

- Joel. Joel.- chamou calmamente.

- Afonso, sai daí.- ele afastou se. Coloquei me de joelhos no chão e acerquei a minha boca até à orelha dele.

- O que vais fazer?

- JOEL.- gritei perto da sua orelha. Ele acordou assustado.

- O que é que se passou?

- Parece que desmaiaste.- respondi. Levantei e ele também.

Então nós os três fomos andando para o colégio.

*************
Terça. Estávamos no refeitório a almoçar. Já que estávamos todos reunidos, eu aproveitei para contar lhes o que tinha acontecido na noite anterior. Quando contei lhes da parte do Joel, eles ficaram a gozar com ele.

- Vá já chega. Contei vos isso, mas não era com intenção de estarem a rir se dele.- falei docemente.

- Joel, nunca pensei isso de ti.- Gustavo admitiu rindo na cara dele.

- Isso não tem piada. Queria ver se fossem vocês ali à noite.- ele defendeu se.

Depois do almoço, fui para a biblioteca ver se encontrava o Afonso. Abri a porta e nem sinal dele. Mesmo ele não estando ali, aproveitei para pegar um livro qualquer, para passar o tempo. Entretanto, alguém senta se à minha frente.

- Queria mesmo falar contigo.- olhei para ele.

- E o que é?- perguntou curioso.

- Ontem encontraste alguém ou nem por isso?

- Procurei por todos os lados daquela floresta, mas nem sinal de vida.

- Como é que isso é possível?- disse desapontada.- Com certeza, estava lá alguém.

- Infelizmente, não posso afirmar isso.

Endireitei me nas costas da cadeira, perdendo me em pensamentos. Agora que penso naquele rapaz, talvez quando ele entra cá no colégio, deve passar por aquele portão misterioso. Só pode ser isso.

- Se quiseres posso continuar a procurar.- sugeriu Afonso olhando me.

- Ah, não vale a pena.

- Mas eu não me importo.

- Não é preciso. Iria ser uma perda de tempo.

- Está bem. Tu é que sabes. Se mudares de ideias, já sabes.- levantou se indo embora.

*******************
Quarta. A clareza da janela insidia diretamente nos meus olhos. Virei me para o outro lado da cama, numa tentativa de voltar a dormir. Mas não consegui mais. Elas não deviam abrir logo as cortinas. Começo a achar que fazem de propósito, o que era de se esperar vindo delas. Com muita preguiça, levantei da cama indo para o balneário.

Desci as escadas lentamente. Fui na direção do refeitório e fiquei na fila. Hoje era um dia como outro qualquer. Afinal os dias aqui são sempre a mesma coisa. Peguei no tabuleiro já com o pequeno almoço e fui sentar me. Afonso com os seus irmãos vinham na minha direção. Já próximos à minha mesa, eles sentaram se.

- Uau. Devo dizer que sinto me privilegiada.- o Afonso riu se.

- Ela tem humor não é?- Afonso questionou os irmãos, que não mudaram a sua expressão nem um minuto.

- Afinal estava enganada, quando pensei que hoje era um dia como outro qualquer.- admiti dando um suspiro.- O que querem falar comigo?

- Queremos deixar claro de que não contas a ninguém o nosso segredo. Se é que já não tenhas contado.- informou Beatriz.

- Oh não. O nosso segredo está muito bem guardado.

- O segredo não é teu, é nosso.- disse Henrique lentamente.

- Ok. Não é preciso serem assim. Eu não vos fiz nada.- Henrique e Beatriz levantaram se deixando o refeitório.

- Não te preocupes. Eles depois habituam se contigo.

- Não creio.- neguei de imediato.

Ficamos ali no refeitório a conversar durante um bom tempo. Afonso contava me coisas que eu desconhecia sobre o seu passado, antes de ser vampiro. Às vezes ficava admirada e outras vezes ria. Eu gostava quando ele ficava a falar comigo, era bom.

Fui ter com eles, que estavam no bar. Conversavam sobre uma coisa qualquer, que eu nem dei importância. Sentei no sofá a ver televisão.

- Alice. Há quanto tempo é que não te mimamos.- Rute desabafou, sentando se ao meu lado.- Não sentes falta?

- Nem por isso. Eu estou bem assim.

- Como vão as coisas? Só eu é que sinto que parece que já não conversamos há uma eternidade?

- Por acaso é verdade. Tens andado distante.

- Eu?- com o dedo apontou para ela própria.- Desulpa, mas devo dizer te que quem anda afastada és tu.

- A morte daquela rapariga ainda mexe contigo?- mudei de assunto.

- Tive pena dela. Acho que ninguém merecia um fim assim.

- Rute, todos acabam por morrer. Tu bem sabes disso.

- Ok. Mas só acho que foi inesperado..sei lá. Vamos esquecer isso.

- Por falar nisso, como está a Sandra?

- Está melhor. Vai se aguentando, assim como todos.

- Mas ela era próxima a rapariga?

- Não. Ao menos eu nunca as vi a conversarem. Agora vamos arrumar esse assunto.- disse por fim.- Que tal vermos um filme?

- Ótimo.- respondeu Joel sentando se entre nós.

Já tínhamos jantado. Eles foram subindo as escadas para ir ao dormitório. Eu por outro lado, decidi ir apanhar um pouco de ar. Começava a ficar farta de estar no colégio. Fui para perto da fonte. Como era de esperar, já escurecia. Estava tudo silencioso. Depois senti algo bater me na cabeça, fazendo me cair no chão. Não conseguia ver bem, já começava a perder os sentidos.














O ColégioOnde histórias criam vida. Descubra agora