Explicações

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Segunda. Como sempre elas já estavam prontas e saíram do quarto. Olhei o despertador, faltavam cinco minutos para as 8h. Puxei o cobertor mais para cima, de maneira a cobrir a cabeça. Que ódio eu tenho desse colégio. Fechei os olhos esperando mais uns minutos. De seguida levantei me da cama pegando as coisas, saí do quarto indo em direção ao balneário. Tomei um duche, vesti me e lavei os dentes. Saí do balneário voltando ao quarto para deixar as coisas. Desci as escadas, depois fui me arrastando até ao refeitório. Peguei o tabuleiro e fui sentar me. No refeitório só tinham três alunos.

- A tomar o pequeno almoço sempre à mesma hora.- disse sentando se à minha frente.

- E isso incomoda te?- falei comendo o pão.

- De maneira alguma.

- Então deixa de comentar o que eu faço.

- Ok, não precisas de ser agressiva.- olhou para o lado.- Dormiste mal?

- Claro, a tua cara foi a última que eu vi.- justifiquei bebendo de seguida o leite.

- Muito gostas de fazer piadas.- comentou olhando me.- No fim de semana nem sequer foste biblioteca.

- Não te preocupes tenho muito tempo de sobra para ir lá.- fui pousar o tabuleiro e saímos do refeitório.

Fomos para a sala de aula. Lá dentro comecei a falar com a Isabel enquanto que o professor não aparecia. O Afonso como sempre estava ao meu lado, mas ele nem sequer se virava para falar conosco. Depois de uns três ou quatro minutos do toque, o stôr aparece. Virei me para a frente. Coloquei o braço encima da mesa apoiando a cabeça, ia fechando os olhos lentamente. A matéria ia sendo escrita no quadro. O sono começava a pesar me. O Afonso cutucou me, fazendo me acordar. Comecei a passar a matéria para o caderno, mas acabei por deixar a cabeça cair lentamente sobre o caderno. O som do toque fez me sobressaltar.

- Tens mesmo a certeza de que foste à enfermaria?- perguntou com alguma desconfiança.

- Já disse que sim.- disse a bocejar saindo da sala.- Isto não é nada. As aulas é que são aborrecidas, por isso que acabo sempre por dormir.

- Mas ás vezes vemos filmes, e mesmo assim tu acabas por dormir.- mencionou.

- Como tu és chato.- resmunguei, abandonei lhe perto dos cacifos.

Subi as escadas, fui até o meu dormitório. Abri a porta e encontrei a Laura com a sua sombra. Arrumei a cama e acabei por atirar me para cima dela. Entretanto tivemos a segunda aula que passou tranquilamente. Novamente acabei por não passar a matéria do quadro. Fui almoçar com a Rute e a Maria. O Joel e o Gustavo entraram, pegaram os seus tabuleiros e vieram juntar se a nós.

- Então estás melhor Gustavo?- perguntei olhando o.

- Sim, apesar de já ter tido dias melhores.- respondeu encarando o prato com comida.- Obrigado por me teres aberto os olhos.

- Não fiz nada demais.

Continuamos a conversar. O Joel sempre fazia piadas sobre alguns alunos, o que acabava por deixar Maria desconfortável, que ficava sempre a mexer no terço. Já eu e a Rute ficávamos a rir. Por outro lado o Gustavo parecia perdido em pensamentos. Terminamos de comer, saímos do refeitório e separamo nos. Eles foram para o bar enquanto que eu fui procurar o Afonso. Subi as escadas para o piso dos dormitórios. Encontrei o a caminhar apressadamente pelo corredor.

- Afonso.- chamei o, ele virou se de imediato e sorriu.

- A chamar me? O que é que se passa?- ele estranhou, até porque eu nunca o procurava.

- Eu preciso de explicações. Daqui a nada, a época dos testes está a vir e eu nem sequer tenho um único apontamento.- justifiquei olhando para ele.- Aceitas dar me explicações, não é?

- Ok.- descemos as escadas para ir aos cacifos.- E eu a pensar que não te preocupavas com os testes, já que estás sempre a dormir.- abriu o cacifo tirando os nossos cadernos e estojos.

- Onde ias com tanta pressa?- mudei de assunto. Ele fechou o cacifo e fomos andando para a biblioteca.

- Ia ter com os meus irmãos.- respondeu depois de algum tempo.

- Cá para mim, tu tramaste alguma.- entramos na biblioteca, sentamos numa mesa vaga.

- Eu não sou como tu Alice.

- Ainda bem que não és. Senão seriamos logo inimigos.

Abrimos os cadernos. Ele começou a explicar me as matérias que eu já tinha em atraso. Á medida que ele explicava, eu ia olhando o seu rosto. Aqueles olhos azuis profundos, que me chamavam a atenção. Ele estava bastante concentrado a explicar me. Havia vezes que eu estava atenta e outras em que me perdia naqueles olhos azuis.

- Pronto. Entendeste?

- Ah? O quê?- perguntei confusa.- Já acabaste?

- Alice, não acredito que não estavas atenta à minha explicação.- disse com um suspiro.

- Não tenho culpa. Esses teus olhos azuis é que são muito chamativos.- defendi me.

- Agora a culpa é dos meus olhos. Eu não posso fazer nada quanto a isso.- olhou para o lado e depois voltou a encarar me.- Vou explicar novamente. Agora por favor presta atenção.

- Vou dar o meu melhor.

Ele recomeçou a explicação. Desta vez eu fiz de tudo para estar atenta. Entretanto a hora passou e voltamos para a sala de aula. Já na sala de aula, eu estava atenta a tudo o que o professor dizia e escrevia no quadro. A aula terminou, então fui para o refeitório lanchar.

O tempo foi passando já fazia três meses que eu estava neste colégio interno. A minha rotina era sempre a mesma. Tivemos a época dos testes. Graças ao Afonso eu consegui tirar positiva em todos. Tinha de admitir que ele era um bom explicador. Tentei juntar a Isabel com ele algumas vezes. Mas ele parecia querer afastar se dela. Então deixei de tentar. Muitas das vezes o Gustavo e o Joel juntavam se a mim e à Rute.

Sábado. Hoje íamos sair, para ir ao bar. Já eram 17h, eu e a Rute tínhamos acabado de tomar banho. Estávamos no balneário a vestir nos. Olhei para o espelho e amarrei o meu cabelo num rabo de cavalo. Voltamos ao quarto e encontramos a Maria a ler.

- Não queres vir conosco Maria?

- Não, obrigada.- respondeu de imediato.

- Alice nem precisavas de fazer essa pergunta. Ela não gosta de frequentar esses lugares.- comentou Rute.- Vamos que eles já devem estar à espera.

Saímos do dormitório. Descemos as escadas apressadas até ao último piso. Continuamos a andar, saímos do edifício. Eles já estavam lá ao fundo com o carro parado em frente ao portão. Fomos andando apressadamente até chegar ao carro. Subimos no carro e colocamos o cinto. O Gustavo começou a conduzir. Íamos a conversar como sempre. Ás vezes eu olhava distraídamente as árvores através da janela. Ia fechando os olhos lentamente, quando novamente vi um vulto. Esfreguei os olhos para acordar. Chegamos ao bar, entramos e fomos sentar nos. Pouco tempo depois, levantei me para ir à casa de banho. Ao passar pelo corredor, escutei uma conversa.

- Vocês têm de ter cuidado.- falou uma voz que impunha respeito.- Não podemos deixar que as pessoas descubram.

- Então o que fazemos Max?- perguntou uma voz masculina que me era familiar.

- Não podemos falar disto agora.- comecei a andar novamente.- Alguém pode ouvir nos.

O ColégioOnde histórias criam vida. Descubra agora